Terra Brasileira
Brasil Folclórico
folclore
modus Transporte
artesanato culinária
literatura Contos lendas mitos
música danças religiosidade tipos ofícios contatos
Loja


 Religião
 Religiosidade no Brasil
 Ordens Religiosas
 Os Jesuítas
 Catolicismo
 -Igreja Católica               Apostólica Romana
 -Concílios e Sínodos
 -Hierarquia na Igreja           Católica
 -Os Sacramentos
 -Ano Litúrgico
 -Natal
 -Ciclo da Páscoa
 -A Missa
 -A Bíblia
 -O Terço
 -As Orações
 -Os Anjos
 -Os Santos Populares
 Protestantismo
 Religiões Afro-brasileiras
 Igrejas
 Ecumenismo


 
Igreja Católica Apostólica Romana
Basílica de São Pedro
Basílica de São Pedro

Igreja Católica Apostólica Romana, reunião dos homens ligados entre si pela mesma fé na divindade de Jesus Cristo e que reconhecem a autoridade da Igreja fundada por Ele, tendo na sua direção o papa, bispo de Roma, considerado o vigário e o sucessor de Cristo sobre a Terra, e os outros bispos como pastores dos crentes.

A Igreja cristã nasceu de fato em Pentecostes, quando os apóstolos e os discípulos de Jesus se propuseram a converter ao cristianismo os judeus de Jerusalém; na verdade, durante vários anos, os chefes da Igreja hesitaram entre a formação de uma comunidade judaico-cristã e uma comunidade nova, aberta aos não-judeus.
Após a ruptura com o judaísmo oficial (c. 40), os apóstolos decidiram que os pagãos poderiam entrar para a comunidade cristã sem estarem obrigados aos preceitos rituais do judaísmo. Esta orientação decisiva teve como autor e promotor principal Paulo de Tarso, ele próprio judeu convertido, que, ao longo de suas viagens missionárias (entre 45 e 48), implantou ou firmou o cristianismo no mundo oriental e helênico e mesmo em Roma, onde Pedro, considerado como chefe da Igreja, foi martirizado em c. 64.
Cada vez mais enraizada no Império Romano, apesar das perseguições, a Igreja cristã, a partir do século III, principalmente, ultrapassou bastante as fronteiras desse Império. Permaneceu, porém, ainda socialmente urbana, o que explica em parte sua organização muito hierarquizada, à romana, sendo o bispo o personagem central em cada cidade. Entretanto, concílios regionais asseguraram as ligações orgânicas e a unidade doutrinal, arbitrada pelo bispo de Roma, cujo primado parece ter sido aceito desde muito cedo. O desenvolvimento doutrinário. fundado sobre o ensinamento de Jesus e na tradição, foi assegurado por uma reflexão comum e pela intervenção dos doutores ou padres da Igreja Como Agostinho, no Ocidente, ou João Crisóstomo, no Oriente.

A conversão de Constantino I e o triunfo oficial do cristianismo pelo Édito de Milão (313) permitiram que a Igreja cristã desabrochasse: protegida pelo Império, passou a inspirar cada vez mais profundamente a legislação, mas os imperadores cristãos imiscuíam-se em sua administração e até em suas disputas doutrinárias. A "paz da Igreja" favoreceu a expansão do cristianismo no campo, com a multiplicação das paróquias rurais, das dioceses, de províncias eclesiásticas e patriarcados. Enquanto os concílios elaboravam uma disciplina sacramental e um corpo doutrinário cada vez mais preciso e vasto, a liturgia se organizava em torno da missa e do ciclo anual de festas.
principalmente as festas da Virgem. O monaquismo, surgido muito cedo no Oriente., desenvolveu-se rapidamente no Ocidente.

As invasões bárbaras, sobretudo as do século V, fizeram da Igreja, face às ruínas do Império Romano, a guardiã da civilização; posteriormente, a conversão dos bárbaros ao cristianismo, dando-lhes acesso à antiga civilização romana, preparou pouco a pouco a formação de um império cristão, efêmero porém brilhante, sob Carlos Magno (800-814), que, como fizeram os merovíngios e como fariam os carolíngios, se apoiava sobre os papas, os bispos locais e sobre os monges celtas para lutar contra a volta aos costumes pagãos. A expansão cristã no norte da Europa acompanhou esta retomada de pulso; no entanto. a derrota política dos carolíngios, a partir do final do século IX, favoreceu o desmembramento do império cristão. Distinguiram-se três blocos, de forma cada vez mais acentuada: a leste, o Império Bizantino, cujo afastamento de Roma culminou no Cisma (século XI ); a oeste, o mundo latino. que o feudalismo decompôs em todos os planos; ao sul, os países submetidos ao Islã, e que se afastaram, seja definitivamente (África, Oriente Médio ), seja por longo tempo (Espanha), da vida da comunidade cristã.

No mundo latino, o embargo dos laicos sobre a Igreja atingiu até mesmo Roma, onde. nos séculos X e XI, os papas eram feitos e desfeitos pelos feudos. Uma reforma profunda se anunciou sob Nicolau II, que fixou a eleição dos papas pelos cardeais (1059), e se ampliou nos séculos XII e XIII.
Os papas reformadores, principalmente Gregório VII (1073-1085), Alexandre III (1159-1181) e Inocêncio III (1198-1216), elaboraram ao mesmo tempo uma doutrina teocrática que se chocava com o cesaropapismo dos imperadores romano-germânicos; dai surgiram lutas encarniçadas que culminaram com a querela sobre as Investiduras (1075-1122) e a luta do Sacerdócio e do Império (1154-1250). Entretanto, no âmbito pontifical, desenvolveram-se as grandes forças da cristandade: reforma monástica (Cluny, Cíteaux ), rede paroquial, febre da construção de igrejas (românica e depois gótica), cruzadas na Terra Santa e na Espanha, luta contra as heresias. Pouco a pouco, a
Igreja animou toda a vida social.

Nos séculos XII e XIII, as ordens mendicantes (franciscanos e dominicanos ) adequaram seu apostolado missionário e popular ao despertar econômico da Europa e ao ressurgimento das cidades, enquanto o direito canônico tornou-se uma verdadeira ciência eclesiástica. Mas o fim do feudalismo e o nascimento de jovens nações cristãs (França, Inglaterra, etc.) provocaram um regalismo que se chocou com a teocracia pontifícia, ilustrada pela luta entre Filipe, o Belo, e Bonifácio VIII (1294-1303). A instalação do papado em Avignon (1309-1376) e o grande Cisma do Ocidente (1378-1417), que assistiu ao enfrentamento de três papas num determinado momento, desconsideraram um papado freqüentemente voltado para ocupações temporais e desgastado pela burocracia e fiscalização. Enquanto os reis se tornavam cada vez mais os verdadeiros chefes de Igrejas nacionais, concílios gerais - principalmente o de Constança (1414-1418) - puseram em questão o primado papal. O sistema beneficial, novamente em uso, deu lugar a um clero que vivia de rendas, em geral dispensado das tarefas pastorais; a escolástica, que tornou São Tomás de Aquino famoso (1225-1274), afundou-se no procedimento de tal forma que se multiplicaram os movimentos reformistas heterodoxos, simultaneamente nas ordens religiosas (os franciscanos entre outros) e na Igreja (Wicliffe, Hus). As guerras, como a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), contribuíram para o abastardamento do sentido evangélico.

Nos séculos XV e XVI, desenvolveu-se uma forte corrente de reforma: inicialmente a Reforma protestante, surgida do humanismo próprio da Renascença e de uma necessidade intensa, conforme  Lutero (m. 1546), Calvino (m. 1564) e Zwinglio (m. 1531), de uma religião mais interior; e, mais tarde, a Reforma católica, ou Contra-Reforma, que se manifestou com força nas decisões dogmáticas e pastorais do Concílio de Trento (1545-1563) e encontrou, em alguns papas, principalmente Pio IV (1559-1565) e São Pio V (1566-1572), defensores obstinados. Em sua
liturgia, pela renovação da piedade popular, pelo cuidado dispensado à disciplina eclesiástica, pela reforma profunda do clericato (seminários), pela multiplicação das congregações e pela espiritualidade visando a uma vida mística ativa, a Igreja Romana conseguiu sair da decadência e
assumir uma imagem moderna. O esforço interno de renovação provocou um élan missionário que acompanhou a fundação dos impérios coloniais europeus.

Face ao mundo da filosofia racionalista, deísta e anticlerical, que emergiu com vigor no século XVIII, a Igreja Romana encontrava-se doutrinariamente muito despreparada, devido aos abusos que subsistiam no corpo eclesial e à pouca influência de um papado voltado sobretudo para os próprios interesses temporais na Itália. Disso se aproveitaram o jansenismo, o galicanismo, o febronianismo para questionar sua autoridade e até mesmo sua razão de ser.

A Revolução Francesa obrigou a Igreja Romana a uma interiorização que seria reforçada pelo desmoronamento do Antigo Regime, na França (1789-1792), e depois, progressivamente, no resto da Europa. Mas, o que perdeu em poder temporal (em 1870, os italianos, fazendo de Roma sua capital, destruíram os Estados Pontificais), a Igreja ganhou em influência espiritual, sendo o século XIX o século das missões, das congregações de toda espécie, da santidade multiforme: a pessoa do papa, sobretudo a partir de Pio IX (1846-1878), tornou-se objeto de uma veneração que muitas vezes se transformava em culto. Mas as pessoas da Igreja não viram que a civilização contemporânea. marcada pela industrialização, urbanização, pauperização operária, também foi marcada pelo laicismo, o positivismo, o cientificismo, o socialismo. Convencida de possuir a verdade, a Igreja Romana permaneceu longo tempo em posições defensivas: o Syllabus de Pio IX (1864) e o espírito do Concílio Vaticano I constituíram formas extremas da rejeição dos "erros" modernos.

Leão XIII (1878-1903) favoreceu o ressurgimento dos estudos tomistas e bíblicos. Pio XII (1922-1939) reorganizou a Academia Pontifícia de Ciências (1936); Pio XII (1939-1958) aceitou o controle de natalidade pelos métodos naturais (1951). Os católicos tomaram consciência da

necessidade de aliar uma fé viva na Igreja e uma vida cristã autêntica a uma diversidade cada vez maior de tomadas de posição e de engajamentos políticos e sociais, bem como a um ecumenismo enriquecedor. Nisso eram encorajados pelos próprios papas. que dispensavam, face às ideologias (fascismo, nazismo, comunismo), ensinamentos bastante desenvolvidos. Um deslocamento do eixo vital do catolicismo foi observado a partir do início dos tempos contemporâneos: enquanto. graças às numerosas missões estrangeiras, muitas Igrejas nasciam e se desenvolviam fora da Europa, com clero autóctone cada vez maior, nos países de catolicismo antigo o indiferentismo religioso, a ascensão de ideologias anticlericais e a dificuldade por parte da Igreja em influenciar um sistema social injusto (denunciado pela grande encíclica de Leão XIII, Rerum novarum, 1891 ) fizeram com que, após a I Guerra Mundial, a Igreja Romana parecesse ter perdido sua posição de árbitro nos
conflitos políticos e ideológicos.

Após a II Guerra Mundial, a Igreja se defrontou com novos problemas: uma transformação
fundamental da civilização; a expansão do comunismo estatal na Europa e do islamismo na África e no Oriente Médio; a formação de novas ditaduras. Adotou, então, novos métodos: universalização acentuada da hierarquia eclesiástica; constituição acelerada de cleros nativos, independentes da metrópole; renovação da catequese, da pastoral, da vida litúrgica. O Concilio Vaticano II (1962-1965), convocado por João XXIII (m. 1963) e prosseguido por Paulo VI (m. 1978), foi um acontecimento fundamental na história da Igreja Católica, que tentou, assim, adaptar sua mensagem à grande crise da civilização do fim do século XX; ao mesmo tempo, através de um ecumenismo ativo, ela juntava seus esforços aos de outras Igrejas e até mesmo de outras religiões. A partir de Paulo VI, e sobretudo com João Paulo II, papa em 1978, os soberanos pontífices. rompendo uma
velha tradição, viajam pelo mundo, levando assim em conta o deslocamento das forças católicas para outros continentes, principalmente para a África e a América Latina.

Fonte: Grande Enciclopédia Larousse Cultural - São Paulo: Editora Nova Cultural, 1988

Deixe seu comentário:
Religiosidade
Deixe seu comentário:
Correio eletrônico Facebook
Livro de visitas Twitter