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Os Jesuítas
Pe. Manuel da Nóbrega
Pe. Manuel da Nóbrega abençoa Pe. Anchieta

Companhia de Jesus ou Sociedade de Jesus (jesuítas)

"Fundada por Santo Inácio de Loyola, que com dez companheiros, reunidos inicialmente em Roma, em 1539, uma instituição religiosa da qual foi eleito superior em 1541. Tratava-se de uma sociedade missionária que se colocava à disposição do papa, ao qual os professos se ligavam por um voto especial de obediência. A partir de 1547, Inácio adotou também o ministério de ensino, tornado indispensável pela Reforma católica. A Companhia cresceu depressa, alcançando, em 1626, 15 mil membros - padres coadjutores e irmãos -, distribuídos em 35 províncias, e 23 mil em  1749."

"Com o primeiro governador-geral vieram para o Brasil os primeiros jesuítas: os padres Manuel da Nóbrega, Leonardo Nunes, Antônio Pires, Aspicuela Navarro, Vicente Rodrigues e Diogo Jácome. Nóbrega, que viera à frente dos demais, tornou-se Provincial com a fundação da província jesuítica brasileira, em 1553. Apesar de não ter sido a primeira ordem a aqui se instalar (aos franciscanos coube também no Brasil essa precedência, veja também Ordens Religiosas), tomou-se a mais importante e a que maior influência teve na vida colonial brasileira.

Os propósitos confessionais das ordens religiosas que se dirigiam às terras descobertas eram impregnados de ambições políticas. Em nome de intenções piedosas compunha-se a luta pela restauração do poder político da Igreja de Roma, abalado pela Reforma. Trazer os povos das novas terras para o seio da Igreja Católica; impedir nelas a penetração das seitas "heréticas", dando-lhes combate e lançando as bases da Igreja romana; e mantendo a vigilância sobre os colonos de forma a que não se desgarrassem dos preceitos católicos, tais eram as funções outorgadas às ordens religiosas, particularmente à Companhia de Jesus.

Para os jesuítas tanto tinha importância a conversão das almas quanto a utilização econômica daquela mão-de-obra disponível; ao passo que aos colonos não interessava mais que a exploração da força de trabalho indígena, sem que se interpusesse a isso o empecilho da catequização. O que propunham os jesuítas na verdade, ao mesmo tempo em que visavam realizar aqueles objetivos político-religiosos, era uma forma "mais racional" de colonização em confronto com uma atitude puramente predatória dos colonos."

Educação:

"A importância da Companhia de Jesus para a cultura colonial foi no campo da educação. Os primeiros colégios fundados no Brasil foram os de São Vicente, por Leonardo Nunes, e o de Salvador, por Nóbrega. Logo, acompanhando a expansão dos trabalhos de catequese (entre 1548 e 1604 cerca de 28 expedições de missionários foram enviadas à colônia], uma vasta rede de colégios espraiou-se pelo nosso litoral: São Paulo (1554), Rio de Janeiro (1568), Olinda (1576), Ilhéus (1604), Recife (1655), São Luís, Paraíba, Santos, Belém, Alcântara (1716), Vigia (1731), Paranaguá (1738), Desterro (1750), "Nas aldeias, vilas e cidades, as escolas intitulavam-se 'de ler, escrever, e contar'; e nos colégios, o mestre ora se chamava 'Alphabetarius' (1615), ora 'Ludi-Magister' (mestre-escola), e umas vezes se dizia 'Escola de Rudimentos', outras 'Escola Elementar'. Estava aberta durante cinco horas diárias, repartidas em duas partes iguais, metade de manhã, metade de tarde."

A organização do ensino jesuítico baseava-se no Ratio Studiorum, que, ao mesmo tempo em que era um estatuto e o nome de seu sistema de ensino, estabelecia o currículo, a orientação e a administração. O currículo dividia-se em duas seções distintas (inferiores e superiores), chamadas classes, de onde derivou a denominação "clássico" a tudo o que dissesse respeito à cultura de autores greco-latinos. As classes inferiores, com duração de 6 anos, compunham-se de Retórica, Humanidades, Gramática. Já as superiores, com duração de 3 anos, compreendiam os estudos gerais de Filosofia, para a época, abrangendo Lógica, Moral, Física, Metafísica e Matemática. Tanto num grau como no outro todo estudo era vazado no Latim e Grego e no Vernáculo. O sentido desse ensino Fernando de Azevedo descreveu-o bem: "Ensino destinado a formar uma cultura básica, livre e desinteressada, sem preocupações profissionais, e igual, uniforme em toda a extensão do território... A cultura "brasileira", que por ele se formou e se difundiu nas elites coloniais, não podia evidentemente ser chamada "nacional" senão no sentido quantitativo da palavra, pois ela tendia a espalhar sobre o conjunto do território e sobre todo o povo o seu colorido europeu: cultura importada em bloco do Ocidente, internacionalista de tendência, inspirada por uma ideologia religiosa, católica, e a cuja base residiam as humanidades latinas e os comentários das obras de Aristóteles, solicitadas num sentido cristão. Tratando-se de uma cultura neutra do ponto de vista nacional (mesmo português), estreitamente ligada à cultura européia, na Idade Média,. . .-é certo que essa mesma neutralidade (se nos colocarmos no ponto de vista qualitativo) nos impede de ver, nessa cultura, nas suas origens e nos seus produtos, uma cultura especificamente brasileira, uma cultura nacional ainda em formação."

O ensino jesuítico, tanto em Portugal quanto no Brasil, era público e gratuito. A Companhia tinha mesmo como dever o cumprimento do voto de pobreza, que foi reafirmado por uma determinação oficial de 1556, proibindo aos padres acrescentar qualquer forma de poder material ao religioso. No Brasil, porém, dado não haver um amparo direto da Coroa, como acontecia em Portugal, impôs-se a necessidade de encontrar fontes de recursos para a manutenção de suas instituições. Já o Padre Manuel da Nóbrega utilizara-se deste pretexto perante o delegado da Companhia no Brasil, Luís da Grã, a fim de permitir o estabelecimento de propriedades territoriais, inclusive com a utilização do braço escravo, em contradição com o voto de pobreza. Isso não se restringiu à Companhia de Jesus; o interesse pela propriedade, escravos e bens materiais foi comum às outras ordens religiosas que para cá vieram. Tal fato não deixou de preocupar a Coroa. Neste sentido foi que D. Sebastião, a fim de melhorar a situação, instituiu, em 1564, uma taxa especial para a Companhia, a redízima, descontada sobre todos os dízimos e direitos da Coroa. Mesmo assim, isso não era suficiente para arcar com as despesas, sustentadas, sem dúvida, através das fontes próprias de subsistência: as missões, verdadeiras empresas agro-extrativas da Companhia, os colégios ou suas próprias propriedades particulares."

"Cabia também à Companhia de Jesus na colônia a vigilância sobre seus habitantes, de forma a mantê-los dentro dos estritos preceitos da religião católica, controlando os seus modos de vida e suas crenças, tanto combatendo as práticas tidas por pecaminosas como a penetração das seitas heréticas. Já no final do século XVI os jesuítas se ressentiam da liberalidade dos costumes demonstrada pelos colonos, que respiravam com alívio, uma vez longe da Inquisição, de seus atos de fé e queimadeiros. A presença estrangeira no Brasil de protestantes, como ingleses, holandeses e franceses, e mais concretamente, a tentativa de Villegaignon de fundar uma colônia no Rio de Janeiro com franceses calvinistas, tornava real a ameaça ao monolitismo católico que se pretendia assegurar na terra. Tais fatos levavam os inacianos a reclamar com insistência, junto à Companhia, a vinda de um Visitador do Santo Ofício que cuidasse da grave situação. No Brasil não se chegou à fundação de tribunais inquisitoriais permanentes. A Coroa limitava-se a enviar comissários especiais para a realização de processos por causa de fé. Estes funcionários viajavam para os lugares onde eram exigidos e eram conhecidos como "Visitadores".

Histórico:
No Brasil, a Companhia teve os seus primeiros membros chegados à Bahia em 1549, em número de seis, sendo um deles o padre Manuel da Nóbrega. Desde logo, exerceriam intensa atividade de irradiação, chegando, na metade do século, até Santa Catarina e Rio Grande do Norte. A província brasileira dos jesuítas foi criada em 1553. Por onde passaram, construíram igrejas, criaram missões para a catequese dos indígenas e fundaram colégios. Na Bahia, foram fundados casas, igreja e o colégio dos Meninos de Jesus, com órfãos vindos de Lisboa, órfãos da terra e os filhos dos gentios, passando depois à Confraria dos Órfãos e elevado a colégio canônico em 1556. Sérias
desavenças surgiram entre os religiosos e o bispo D. Pedro Fernandes Sardinha, contrário ao respeito que os jesuítas manifestavam, em princípio, aos hábitos indígenas. O Colégio da Bahia teve inauguração oficial em 1590-1591 e nele foram ministrados os primeiros graus acadêmicos do país - em Artes (1575) e mestre em Artes (1578).

No caminho para o sul, os jesuítas já se encontravam em São Vicente (1549), de onde iam também à vila de Santos. Em 1554, o colégio lá existente, com os filhos dos indígenas do campo, foi mudado por Nóbrega para a povoação de Piratininga, dedicado ao apóstolo São Paulo, berço da cidade de São Paulo. Esse colégio se manteve graças ao esforço e dedicação principalmente do padre José de Anchieta, que aí viveu durante anos. Os jesuítas passaram pelo Rio de Janeiro em 1552-1553, onde se fixaram com a edificação da cidade (1565), com casa e igreja evocando São Sebastião. Dirigiram aldeias de índios, colaboraram na tomada do forte de Coligny dos franceses
e, posteriormente, na sua expulsão definitiva e obtiveram o Armistício de Iperoig com a Confederação dos Tamoios, através da participação de Nóbrega e de Anchieta. Em Porto Seguro, fundaram igreja em 1551 e missões volantes, atingindo também, no mesmo ano, o Espírito Santo, onde fizeram um colégio, igreja e trabalhos em várias aldeias. Em ltanhaém (1561), destacou se o trabalho de Anchieta. Estariam em Iguape e Cananéia em 1601-1605.
No caminho para o norte, chegaram a Pernambuco em 1550, recebendo uma ermida e construindo nova igreja (1562). Fixaram residência em Olinda.

Do séc. XVII até a expulsão. O período foi marcado pela consolidação dos trabalhos desenvolvidos no sul e o avanço pelo norte até a Amazônia. Os padres empenharam-se na luta contra a escravidão dos índios, favorecida pelas leis vacilantes de Portugal. e conseguiram bons resultados, ajudados pela influência do padre Antônio Vieira sobre D. João VI. No conflito dos paulistas com os jesuítas, que resultou na expulsão dos religiosos de São Paulo, com sua posterior reintegração, houve implicações de membros das demais ordens religiosas. Em 1754, a companhia foi dividida em duas províncias: Norte (Bahia) e Sul (Rio de Janeiro), além da vice-província do
Pará-Maranhão.

A perseguição contra os jesuítas foi movida pelo marquês de Pombal - Sebastião José de carvalho e MeIo - e o motivo originário, ao que consta, foi dissimular o fracasso do Tratado de Madri (1750). O primeiro ato revelador da perseguição foram as Instruções públicas e secretas (1751), que tinham por objetivo tirar aos eclesiásticos o domínio
temporal das aldeias e o regime vigente para os seus bens. Nomeou-se um visitador apostólico para reformar a Companhia do Brasil e proibiu-se o comércio aos jesuítas. A lei de 3 de setembro de 1759 expulsou-os de Portugal e seus domínios, e os religiosos foram exilados, seus bens sequestrados e nenhuma pessoa, a não ser por ordem régia, podia ter com eles correspondência.
Em 1814, Pio VII oficializou o restabelecimento universal da Companhia de Jesus. A restauração em nosso país se iniciou em 1841, com a vinda dos jesuítas expulsos da Argentina, da Áustria e de Roma. Os jesuítas portugueses, expulsos de sua pátria, viriam em 1910. 

Além do trabalho no campo da educação, os jesuítas continuaram dando assistência às congregações marianas, aos círculos operários, ao apostolado da oração e à cruzada eucarística."


Brasil História - Texto e Consulta: 1 Colônia / Antonio Mendes Jr., Luiz Roncari e Ricardo Maranhão - São Paulo: Editora Brasiliense, 1979
Grande Enciclopédia Larousse Cultural - São Paulo: Editora Nova Cultural, 1988

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