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Ofícios e Técnicas
Alguns tipos de ofícios são característico de um período da história do Brasil e, portanto, alguns desapareceram, assim como a técnica de fabricação de alguns produtos desapareceram ou foram substituídos por outras mais modernas.
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Provavelmente o primeiro ofício praticado no Brasil, logo depois que os portugueses aqui chegaram, foi o do lenhador, ao derrubar a primeira árvore, não para fazer lenha, mas para preparar a madeira para construir a cruz da primeira missa no sul da Bahia. Portanto, nesta sequência, tivemos os carregadores e os carpinteiros, além do ofício de religioso.

O pau-brasil foi o primeiro produto de exportação do novo território colonial de Portugal, pertencendo ao primeiro ciclo econômico da história do Brasil, se bem que ainda não era Brasil, mas considerado uma extensão de Portugal.
Lenhadores
Lenhadores - Rugendas
No século XVI vieram de Portugal os primeiros homens de ofícios: ferreiros, sapateiros, alfaiates, peleteiros (preparadores e vendedores de pele), pedreiros, ourives, moedeiros, tanoeiros (faz ou conserta cubas, tinas, barris, etc.), que da escassez de mão-de-obra especializada, tornaram-se uma verdadeira aristocracia técnica impondo respeito à uma sociedade recém saída da simplicidade rural.

Na orla dos engenhos de açúcar cresce uma população de brancos e mestiços livres devotados a cultivos secundários e tarefas mais humildes. Essa população era constituída, na zona rural, por famílias de granjeiros e de parceiros, dedicados a lavouras comerciais, como o tabaco, ou de subsistência; os primeiros para consumo interno e exportação; os últimos para serem levados semanalmente às feiras.

A medida que a empresa colonial ganhava corpo, que à indústria da extração de madeiras vinha somar-se a do açúcar, logo sobrepujando-a em importância, começou a ressaltar à apreciação coletiva, sobretudo nas capitanias do norte, a inadaptabilidade da mão-de-obra indígena para vários misteres. Mais, assim, é a agroindústria que reclama e incrementa a vinda para o Brasil dos africanos, máquinas de trabalho afeitas a toda sorte de esforço e cuja excelência como escravos já se comprovara na colonização portuguesa das ilhas do Atlântico.

Só a partir do alvará de 29 de março de 1559, dirigido ao capitão da ilha de São Tomé e ordenando que, a vista de certidão passada pelo governador do Brasil, cada senhor de engenho pudesse resgatar até 120 escravos do Congo, pagando apenas um terço dos direitos, que começa a ser menor a penúria de braços africanos na colônia.
Assim, ainda por um longo período, e mesmo nas capitanias do norte, a mão-de-obra indígena continuará participando, ativamente, da exploração colonial. Em 1587, Gabriel Soares atribuía à Bahia uma população de 2 mil europeus, 4 mil negros e 6 mil indígenas. E o Conde de Linhares, ainda em 1607, pretendia introduzir nas suas fazendas da Bahia e Ilhéus “500 a 600 índígenas potiguares... no caso de ser da vontade deles”.


Meio século depois da descoberta do ouro, a região das Minas já era a mais populosa e a mais rica da colônia. A atividade mineradora propiciou a criação de uma ampla camada intermediária entre cidadãos ricos e os pobres trabalhadores das lavras. Eram artífices e músicos, muitos deles mulatos e negros, que conseguiam alcançar um padrão de vida razoável e desligar-se das tarefas de subsistência para só se dedicarem a suas especialidades.

Passadas as décadas de maior recesso (1790 a 1840), surgem e se expandem novas formas de produção agro-exportadoras com o surgimento do cultivo do algodão e do tabaco e mais tarde o café, dando início a um lento processo de reaglutinação das populações caipiras em bases econômicas mercantis.

Em 1816, Jean-Baptiste Debret chegou ao Rio de Janeiro, para atender aos milhares de nobres, funcionários e diplomatas vindos com a corte de D. João VI. Integrante da missão francesa contratada para fundar na sede do reino uma escola de artes, ciências e ofícios, registrou em minúcias o cotidiano de pobres e ricos de todas as etnias e descreveu os diversos ofícios da época.

O fumo, desenvolvido paralelamente à lavoura canavieira, servia como valor de troca na Àfrica e era também exportado para a Europa. Seu principal centro produtor foi a capitania da Bahia.

O cacau, de início coletado como droga do sertão, passou a ser produzido na época de Pombal. Licores, chocolates e manteiga eram resultantes do seu aproveitamento. Os principais cacauais localizavam-se na Bahia.

O sal, ligado à pecuária e extraído nas margens do rio São Francisco e no litoral, do Maranhão ao Rio de Janeiro, começou a ofrer restrições na sua produção a partir de 1665. Ele fazia concorrência com a produção de Setúbal, Figueira e Alverca, regiões salineiras portuguesas. A Coroa chega ao monopólio real sobre o extrativismo, provocando reações dos colonos - como o Motim do Maneta, na Bahia, no início do século XVIII.

A pesca da baleia desenvolveu-se nos séculos XVII e XVIII. Do cetáceo se extraía o óleo para iluminação, o alimento, a massa para construções (misturada com cal) e objetos de preparo artesanal. De início a atividade era de estanco, mas a diminuição dos animais em mares brasileiros - determinada pela ação de baleeiros ingleses e estadunidenses nas ilhas Malvinas - leva a abolição do monopólio real, em 1801.

Originário da América, o algodão já era utilizado e fiado pelos indígenas antes da chegada dos brancos. Na colônia, era trabalhado grosseiramente em fiações domésticas, normalmente para fazer tecidos destinados não ao comércio regular mas ao uso em vestimentas de escravos. É somente quando se toma mercadoria de grande importância no mercado internacional que o algodão começa a aparecer, tomando-se mesmo uma das principais riquezas da colônia. A partir de 1760, o crescimento de suas vendas torna-se muito rápido.

O algodão teve o Maranhão e o Grão-Pará com área de cultivo mais antiga. Com ele eram feitos tecidos, apesar da proibição metropolitana, e em alguns casos os seus novelos serviam como moedas. Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Vicente e Goiás foram áreas onde seu plantio ocorreu. A partir da segunda metade do século XVIII houve uma grande expansão da produção algodoeira, especialmente maranhense. Grande compradora de algodão - matéria-prima importante na Revolução Industrial, a Inglaterra deixou, a partir da Guerra da Independência dos Estados Unidos, de se abastecer com produtos das fazendas do Sul daquele país, passandoa comprar o gênero brasileiro para alimentar suas fábricas têxteis.

Além do fechamento dos portos brasileiros para embarcações estrangeiras, em 1785, D. Maria I, "a Louca", baixou um alvará proibindo, inclusive, a existência de manufaturas de toda espécie no território colonial. A rainha ordenava a extinção de todas as fábricas, manufaturas e teares, “excetuando-se tão somente aqueles teares e manufaturas em que tecem fazendas grossas de algodão que servem para o uso dos negros e para enfardar e empacotar fazendas e para outros ministérios semelhantes”.

O Brasil é o país mais fértil e abundante do mundo, em frutos e produção da terra. Os seus habitantes têm, por meio da cultura, não só tudo quanto lhes é necessário para o sustento da vida, mas ainda muitos artigos importantíssimos para fazerem, como fazem, um excelente comércio e navegação. Ora, se a essas incontáveis vantagens reunirem as da indústria e das artes para o vestuário, luxo e outras comodidades, ficarão os mesmos habitantes totalmente independentes da Metrópole”.

Além do alvará, muitas outras medidas restricionistas foram adotadas nas últimas décadas do século XVIII, tentando preservar o sistema monopolista às vésperas de sua crise definitiva. Além da proibição do fabrico de açúcar no Maranhão em 1761, da ordem para desmontar os engenhos de Minas Gerais, de regulamentos que chegavam a exigir o fim da criação de muares, e de outras restrições confusas e nunca adotadas na prática, chegou-se a ordenar que as pessoas muito ricas se mudassem para o Reino.

Com a fuga da corte portuguesa para o Brasil a situação muda: Em 28 de janeiro de 1808, estando ainda em terras da Bahia, o príncipe regente D. João assinava uma carta régia que viria a modificar radicalmente a situação político-econômica do Brasil: tratava-se do famoso decreto de "Abertura dos Portos Brasileiros às Nações Amigas", que punha um ponto final a três séculos de pacto colonial e monopólio lusitano. Iniciava-se o processo de independência política do Brasil, mas, como reverso da medalha, principiava, ao mesmo tempo, a sua dependência econômica em relação à Grã-Bretanha.

A primeira conseqüência evidente da carta régia de abertura dos portos foi, sem dúvida alguma, o estímulo às atividades ligadas ao comércio de importação e exportação. O número de navios entrados em portos brasileiros aumentou enormemente. Em outros portos, além do Rio de Janeiro, houve também um razoável crescimento das atividades, apesar de não ser tão significativo como no caso da sede do governo.
A pauta de importações do Brasil, após 1808, era basicamente a seguinte: destacavam-se, antes de tudo, panos e ferragens inglesas e, além disso, bacalhau, azeite, vinho, sal, manteiga, farinha de trigo, vinagre, biscoitos (gêneros importados de Portugal); ferro, cobre, zinco, chumbo, tecidos de lã, linho e algodão, porcelanas e louças, armas, calçados (importados da Inglaterra); móveis, jóias, perfumaria, licores, velas de cera, medicamentos, pinturas e gravuras (importados da França); papel, cerveja, vidro, genebra (da Holanda); relógios, pianos, espingardas (da Áustria); brinquedos e objetos de latão (Alemanha); cereais, azeite de baleia, alcatrão, velas de espermacete, potassa, breu, tábuas, couros, móveis grosseiros (Estados Unidos); pimenta, ouro em pó, marfim e ébano (Moçambique); azeite-de-dendê, enxofre, goma-arábica (Angola); chá, seda, musselina, canela, cânfora (Macau).
Em troca exportávamos, naquela época, principalmente açúcar e algodão, além de café, tabaco, couros de boi, cachaça, melado, cacau, arroz, baunilha, anil, carne-seca, graxa, sebos, chifres, pau-brasil, ipecacuanha e algumas madeiras de lei.

Mas não apenas o comércio exterior foi afetado. Também o comércio interno desenvolveu-se, inclusive com a visível presença de mercadores estrangeiros (principalmente ingleses) estabelecendo-se nas cidades mais importantes.
A viajante inglesa Maria Graham, que esteve no Brasil na época, descreve a presença dos comerciantes estrangeiros no Rio de Janeiro: "Fui à terra fazer compras com Glennie. Há muitas casas inglesas, tais como seleiros e armazéns, não diferentes do que chamamos na Inglaterra um armazém italiano, de secos e molhados; mas, em geral, os ingleses aqui vendem suas mercadorias em grosso a retalhistas nativos ou franceses. Os últimos têm muitas lojas de fazendas, armarinho e modistas. Quanto a alfaiates, penso que há mais ingleses que franceses, mas poucos de uns e de outros. Há padarias de ambas as nações e abundantes tavernas inglesas, cujas insígnias com a bandeira da União, leões vermelhos, marinheiros alegres, e tabuletas inglesas competem com as de Greenwich ou Depford. Os ourives vivem todos numa rua chamada, por causa deles, Rua dos Ourives e suas mercadorias estão expostas em quadros suspensos de cada lado da porta ou da janela da loja, à moda de dois séculos passados. A manufatura de suas correntes, cruzes, botões e outros ornamentos é curiosa e o preço do trabalho, calculado sobre o peso do metal, moderado. As ruas estão repletas de mercadorias inglesas. A cada porta as palavras 'Superfino, de Londres' saltam aos olhos: algodão estampado, panos largos, louça de barro, mas, acima de tudo, ferragens de Birmingham, podem-se obter um pouco mais caro do que em nossa terra nas lojas da China. Mas qualquer cousa comprada a retalho numa loja inglesa ou francesa é, geralmente falando, muito caro."
A descrição empreendida por Maria Graham pode ser, em menor escala, transposta para outras cidades como Recife, Salvador, Fortaleza ou São Luís do Maranhão. "A tal ponto chegou a penetração dos negociantes ingleses ... que o corpo de comércio da Bahia dirigiu uma representação ao Príncipe Regente, sobre o assunto, advertindo-o dos malefícios que causavam aos comerciantes nacionais (brasileiros e portugueses) e dos perigos que representavam."

Com a mineração, no século XVIII, o gado muar, do Rio Grande do Sul, tornou-se o meio básico de transporte interno e o charque passou a alimentar toda a escravaria das áreas de produção para exportação, principalmente as produtoras de açúcar e café.
As primeiras charqueadas foram implantadas em Pelotas por volta de 1780. A preparação da carne pela salga e o aproveitamento do couro reorganizaram a atividade criatória na região, voltando-a para a industrialização da carne e dos couros para exportação e organizando as "estâncias" como empresas. Entretanto, sua organização em base escravocrata incapacitava-a para concorrer com os saladeros do Prata, estruturados em termos capitalistas sobre o trabalho assalariado. Desse modo, a produção sulina só pôde competir com os concorrentes estrangeiros nos períodos excepcionais em que as lutas internas no Prata ou as disputas da Cisplatina provocaram a desorganização da exportação dos "saladeros". Foram as dissensões que envolveram essa região nas primeiras décadas do século XIX, desde 1801, que favoreceram sobremaneira as charqueadas do Rio Grande do Sul.
Porém, quando a produção platina se reorganizava, decaíam as possibilidades de concorrência da produção rio-grandense, diminuindo seus lucros.


As primeiras fábricas surgiram, no Brasil, nas décadas iniciais do século XIX. Eram estabelecimentos de pequeno porte e tiveram, em geral, vida efêmera. Somente a partir de 1870 começaram a aumentar, em número e em importância, num processo que se intensificaria entre os anos 1885-1895.


Fontes: Pau-Brasil / Eduardo Bueno... [et al.], - São Paulo: Axis Mundi, 2002
Casa Grande e Senzala / Gilberto Freyre. - São Paulo: Circulo do Livro S.A. 
O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil / Darcy Ribeiro. - São Paulo: Companhia das Letras, 1995 
Brasil História - Texto e Consulta: 1 Colônia / Antonio Mendes Jr., Luiz Roncari e Ricardo Maranhão - São Paulo: Editora Brasiliense, 1979
A época colonial, v. 2: Administração, economia, sociedade / por Aziz N. Ab'Saber … [et al.] ; introdução geral de Sérgio Buarque de Holanda, 10ª ed. - Rio de Janeiro ; Bertrand do Brasil, 2003 - (História Geral da Civilização Brasileira; t. 2; v 2)
Cultura e opulência do Brasil / André João Antonil. - 3.ed. - Belo Horizonte : Ed. Itatiaia ; São Paulo : Ed. da Universidade de São Paulo, 1982
História da Sociedade Brasileira / Francisco Alencar, Lúcia Carpi Ramalho, Marcus Vinicius Toledo Ribeiro. - 14º ed. - Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1996



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