Terra Brasileira
Brasil Folclórico
folclore
modus Transporte
artesanato culinária
literatura Contos lendas mitos
música danças religiosidade tipos ofícios contatos
Loja



 Religião
 Religiosidade no Brasil
 Ordens Religiosas
 Os Jesuítas
 Catolicismo
 Protestantismo
 Religiões  Afro-brasileiras
 -Candomblé
 -Macumba
 -Quimbanda
 -Tambor de Mina
 -Umbanda
 -Os Orixás
 -Outras Entidades
 Igrejas
 Ecumenismo


Religiões de Origens Afro-brasileiras
Com a vinda dos africanos escravizados para o Brasil, dos princípios do século XVI aos meados do XIX, vieram também suas crenças e deuses, que tiveram que ser camuflados para preservá-os da imposição da religião católica, chamado sincretismo.

“Alguns senhores permitiam que os negros dançassem e cantassem aos sábados, domingos ou dias de festas. Já nas cidades, os batuques e canjerês eram proibidos. Temia-se que os agrupamentos de escravos degenerassem em movimentos subversivos. As únicas festas autorizadas eram as de cunho cristão: a de Nossa Senhora do Rosário, padroeira dos pretos, as congadas e outras do mesmo gênero.



Religiões Africanas
Candomblé - Foto de Flávio Ciro
Sincretismo
Sincretismo: altar com imagens de santos católicos,
deuses indianos, orixás, etc.
O cristianismo, entretanto, não passava de uma capa exterior a recobrir tradições e práticas africanas. Nas zonas rurais prevaleciam o culto doméstico, as práticas familiares. O senhor puxava a reza ajudado pelos escravos. O negro aprendia as preces cujo sentido lhe escapava, repetindo-as mecanicamente. A aceitação do cristianismo era, em geral, puramente exterior. O escravo assistia à missa e adorava ao mesmo tempo a Xangô e Ogum. Confundiam-se na prática as tradições africanas e cristãs.

A intromissão de elementos culurais africanos no catolicismo possibilitou a sua preservação sob uma aparência cristã. Só raramente conseguiram os negros manter intactas suas tradições. Isso só foi possível nos núcleos urbanos, onde eles se agrupavam em confrarias. Os maometanos foram os que mais resistiram à penetração do cristianismo. Concentraram-se, na sua grande maioria, no Nordeste, onde chegaram a manter alguns templos. Mas as condições que a escravidão criava impossibilitavam a obediência às prescrições do culto, e mesmo os cultos idôneos sofreram um processo de sincretismo acentuado.”.
Noutros casos, por contágio e pressão social, rapidamente se impregnou o escravo negro, no Brasil, da religião dominante. Aproximou-se por intermédio dela da cultura do senhor; dos seu padrões de moralidade. Alguns tornaram-se tão bons cristãos quanto os senhores; capazes de transmitir às crianças brancas um catolicismo tão puro quanto o que receberiam das próprias mães.

Dois fatos históricos foram fundamentais para a formação das religiões afro-brasileiras - em 1888, há a abolição da escravidão e no ano seguinte, 1889, é decretada a República - uma vez que causaram transformações no âmago da sociedade brasileira.
Os ex-escravos foram abandonados à própria sorte e faltou a participação da Igreja Católica e dos abolicionistas na promoção da cidadania negra, não sendo possível a inserção mais igualitária deste grupo na esfera social. A grande maioria dos negros tornou-se exército de reserva do mercado de trabalho dos centros urbanos, no momento em que os esforços na esfera política estavam concentrados no incentivo à imigração. Não houve uma reconstrução social para os libertos, sendo que eles passaram a vivenciar um abandono institucionalizado.
Tal processo fez com que a magia, existente na época do regime escravocrata, não fosse erradicada, mas lida de uma nova maneira - como religião, o que resultou na produção de novas formas de expressão e de instituições religiosas.

“Com a Revolução de 30 e especialmente com o advento do Estado Novo, que se pretendia moderno e que, em nome da modernidade, perseguia os “arcaísmos”, a repressão contra estas práticas mágicas e cultos sincréticos não só recrudesceu mas tornou-se particularmente dirigida contra os cultos de origem negra: nas portarias dos órgãos públicos responsáveis pela moralidade e segurança públicas, as ‘macumbas’ e os ‘candomblés’ são nominalmente citados como alvos das proibições, ao lado das genéricas práticas de ‘feitiçarias, necromancia, quiromancia e congêneres’. Dá-se início a um intenso combate contra eles, com a apreensão de objetos rituais e prisão de pais e filhos-de-santo e a instalação de inquéritos e processos em que foram enquadrados como réus.”

Essas religiosidades sempre estiveram imersas num intenso preconceito, bem como o preconceito em relação ao negro no Brasil do inicio do século XX. Apesar da pretensa laicização do Estado, característica primeira de uma república aos moldes positivistas, o Código Penal de 1890 condenava práticas não cristãs e não científicas de cura, então consideradas crimes contra a saúde pública. No bojo dessa legislação, as religiões africanas também foram influenciadas pelo imaginário popular, proibidas e, portanto, novamente excluídas pelos aparelhos coercitivos do Estado.

A legalização de práticas religiosas não cristãs só ocorrerá durante o Período Vargas (1950-1954), com o crescente incentivo a cultura afro-brasileira, influenciado por uma busca nacionalista, com objetivo de inserção do povo em âmbito político. Nesse contexto político, junto com a fundação da Universidade de São Paulo (1932) e da Escola de Sociologia e Política (1934) surgia uma série de estudos e produções intelectuais sobre as religiões africanas no Brasil.

As Religiões Afro-brasileiras mais conhecidas são:
Candomblé, Macumba, Quimbanda, Tambor de Minas e Umbanda.

Termos usados nas Religiões Afro-brasileiras:

Terreiro: Na umbanda, no candomblé e em outras religiões afro-brasileiras, local sagrado, ao ar livre ou em recinto fechado, onde se realizam cerimônias e cultos. (Cada terreiro tem seu orixá (ou santo) e seu chefe: o babalorixá ou a ialorixá.)

Filho-de-santo: Originalmente aplicado apenas às pessoas, no início mulheres, iniciadas no candomblé, o termo foi depois estendido a todo aquele que, de algum modo, cultua os orixás, identifica seus orixás protetores, etc. (após a iniciação, quando seus cabelos são raspados, as filhas-de-santo têm diversas obrigações na casa de culto, como preparar comidas-de-santo, participar de rituais e festas, etc.)

Mãe-de-Santo ou Ialorixá: Sacerdotisa-chefe nos cultos afro-brasileiros, responsável pela iniciação dos filhos-de-santo.

Babalaô: Sacerdote dedicado ao culto de Ifá, o orixá da adivinhação. Geralmente usa os búzios, mas também pode adivinhar com cocos de dendê ou com o obi, que é uma noz de cola cortada em duas ou quatro partes.

Orixá: Palavra de origem ioruba que designa as divindades dos cultos afro-brasileiros. Cada orixá está ligado a um fenômeno natural e/ou a uma atividade específica, ou ainda a um aspecto da personalidade humana.

Casa Grande e Senzala / Gilberto Freyre - São Paulo: Círculo do Livro S. A., s/ data
Grande Enciclopédia Larousse Cultural - São Paulo: Editora Nova Cultural Ltda, 1988.
 
Sociedade e Cultura – Grande Enciclopédia Larousse Cultural. São Paulo: Nova Cultural, 1995
Magia e religião na Umbanda / Lísias Negrão. - São Paulo : Revista USP nº 31, pp 76-89, 1996

Macumba no imaginário brasileiro : a construção de uma palavra /
Marcos Paulo Amorim. - São Paulo : Fundação Escola de Sociologia e Política, 2013
Do texto: Macumba e umbanda: aproximações - Religiões afro-brasileiras e kardecismo / Brígida Carla Malandrino (Doutoranda PUC/SP – UNIBAN)


Deixe seu comentário:
Deixe seu comentário:
Correio eletrônico Facebook
Livro de visitas Twitter