Terra Brasileira
Brasil Folclórico
folclore
modus Transporte
artesanato culinária
literatura Contos lendas mitos
música danças religiosidade tipos ofícios contatos
Loja



 Religião
 Religiosidade no Brasil
 Ordens Religiosas
 Os Jesuítas
 Catolicismo
 Protestantismo
 Religiões Afro-brasileiras
 -Candomblé
 -Macumba
 -Quimbanda
 -Tambor de Mina
 -Umbanda
 -Os Orixás
 -Outras Entidades
 Igrejas
 Ecumenismo









Candomblé

Candomblé
Pontos riscados: espaço sagrado do Candomblé - Foto de Irmo Celso
De origem bantu, a palavra “Candomblé” designa as religiões africanas em geral. O primeiro terreiro de Candomblé foi criado pelas mulheres kêto, em Salvador, o “Iyá Omi Àse Àirá Intilé” num local próximo à igreja da Barroquinha. Hoje, o culto dos Orixás é praticado em todo o Brasil.
Em dia de cerimônia pública (“xirê” dos Orixás), o barracão do terreiro é decorado nas cores do deus festejado. O pai ou a mãe-de-santo se senta perto dos atabaques e os ogãs (os que ajudam materialmente o terreiro) ficam em cadeiras ornamentadas, marcadas com seus nomes.
São os três atabaques (“rum” é o maior; “rumpi”, o médio, e “lê”, o menor) e mais o agogô (corruptela de “akokô”, que significa tampo, hora, em Yorubá) que tocam os apelos ritmados para que as divindades “baixem”.
Os atabaques têm dupla ação, pois além de chamarem os Orixás, durante as possessões transmitem as suas mensagens. Antes de saudar o pai ou a mãe-de-santo, todos se curvam e tocam respeitosamente o chão, na frente da orquestra.
No início da cerimônia, os toques de chamada são batidos sem danças nem cantos.
Nos terreiros de Candomblé, antes de começar o “xirê”, faz-se o “padê” (encontro, encontro em Yorubá), em princípio, acessível apenas aos membros. A função do “padê” é garantir a Exu, o mensageiro dos deuses, que haverá ordem na festa. Uma saudação como prelúdio. O “xirê” começa quando os “iaôs” (filhos-de-santo) saúdam a orquestra, se prostram aos pés do pai ou da mãe-de-santo, e dançam para cada um dos Orixás. As “iaôs” se vestem com as roupas de cores características dos Orixás e recebem suas armas e objetos simbólicos.
A ordem de chamada dos deuses varia de Candomblé a Candomblé, mas começa obrigatoriamente por Exu e termina com Oxalá, o mais elevado dos Orixás, Senhor do Céu. Cada divindade recebe um mínimo de três cânticos. Como os cânticos evocam certos episódios da história de cada deus, são fragmentos de mitos. E o mito, para adquirir o poder evocador, deve ser representado. Daí a necessidade de dançar junto com os cânticos.

Inicialmente referido a certo tipo de dança, o candomblé passou a significar também a própria cerimônia religiosa dos negros no Brasil, assim como o próprio local em que se realiza. Enquanto ligado às fontes africanas, de cujo meio provieram os escravos, considera-se um espaço de resistência cultural. Seus praticantes julgam-se depositários, mantenedores e perpetuadores de uma tradição, herdada das várias nações africanas, que procuram reproduzir com fidelidade.
Candomblé
Filha de Santo em processo de iniciação - Foto de Claus Meyer

Tem-se daí, nações e rituais sudaneses - jeje (daomeanos), nagô (ioruba e compostos), bantos (angola, congo e compostos), além dos candomblés de caboclo, nos quais os orixás são representados por entidades caboclas ou espíritos de chefes e guerreiros indígenas brasileiros considerados evoluídos. Há também a adoção da Linha das Almas, dominada pelos espíritos dos negros (pretos velhos) considerados de grande sabedoria (Pai Joaquim, Vó Catarina, Pai João e outros), principalmente no trato com ervas. Essas entidades, encarnações nos cavalos (fiéis possuídos), dão orientação para a solução de problemas do dia-a-dia.

O candomblé envolve uma complexa organização de crenças e rituais. Os cultos, em torno de uma ordem de orixás e divindades intermediárias, realizam-se em terreiros, cada um deles formado por vários cômodos. Num deles realizam-se danças públicas dos fiéis, possuídos por suas divindades. Um outro é o peji, onde orixás estão assentados e em que só entram os iniciados ou pessoas em certas condições de pureza. As cerimônias, abertas ao público, realizam-se noite adentro, acompanhadas de instrumentos de percussão: atabaque, agogô, adjá, caxixi, ajê, xaque-xaque, tambores de vários tamanhos. Segundo o orixá homenageado, matam-se animais (cabrito, galinha) e algumas das suas partes são preparadas e oferecidas no assentamento do orixá. Esta oferenda é o padê de Exu, entidade considerada mensageira dos orixás e que pode impedir influências perturbadoras no desenrolar da cerimônia: cantos e músicas invocativas das divindades e depois a dança, com roupas apropriadas.

Uma das características fundamentais do candomblé é o longo processo de iniciação. Inclui a lavagem de contas (o colar lavado pelo chefe do terreiro nas cores do orixá do iniciado) e o bori, que significa dar de comer à cabeça, para fortalecer a pessoa e colocá-la em contato mais estreito com o mundo sagrado. Depois de ter a cabeça lavada com sangue de animal de duas patas, essa pessoa, com colar lavado e o bori, é chamada abiã. Há um primeiro grau de iniciação, após o qual ela se torna iaô. Depois de cumprir de um a sete anos de obrigações, passa-se à categoria de eboni. O posto mais alto na hierarquia do candomblé é ocupado pelo pai-de-santo ou babalorixá; quando mulher é a mãe-de-santo ou ialorixá. Em seguida vêm a iiá kerere (segunda sacerdotisa), os ogans (sempre homens, os protetores do terreiro), o alabê (que toca e dirige os atabaques) e, entre outros, a sidadã, encarregada do padê de Exu.

Veja o vídeo:

Candomblé
Omulu
Omulu vestido de fibras trançadas com conchas marinhas -
Foto de
Claus Meyer

Danças Populares Brasileiras / coordenação de Ricardo Ohtake, pesquisa de Antonio José Madureira, texto de
Helena Katz, consultor Terson da Costa Praxedes, Porto Alegre - RS - Projeto Cultural Rodhia, 1989

Grande Enciclopédia Larousse Cultural - São Paulo: Editora Nova Cultural Ltda, 1988.



Iniciadas no Candomblé

Deixe seu comentário: Deixe seu comentário:
Correio eletrônico Facebook
Livro de visitas Twitter