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Outras Entidades
“O povo brasileiro é uma grande e feliz mistura de indígenas, brancos e negros. As crenças e tradições religiosas desses povos se fundiram em várias regiões do país, dando origem a diversos cultos carregados com as cores culturais próprias de cada localidade”.
As entidades mais populares, principalmente, da Umbanda são: Preto Velho, Caboclos, Pomba Gira, Bára, Zé Pelintra e Erê/Ibeji.

Preto Velho

A figura daquele escravo que apesar das suas condições de vida, alcança idade avançada, personificando o patriarca da raça. Cuja sapiência parece lhe ser conferida pelos cabelos brancos.
A forma como se apresenta nos terreiros de Umbanda, através dos médiuns é como uma pessoa muito idosa, curvada pelos anos. Ás vezes apoiado em uma bengala Com uma voz meiga, algo paternal que atrai a confiança e simpatia de quem ouve. Com movimentos lentos, típicos de um ancião, geralmente senta-se em um pequeno banquinho ou num pedaço de tronco, fumando seu cachimbo de barro ou um cigarro de palha, queimando seu fumo de rolo. Gosta de beber desde a cachaça branquinha até o vinho tinto bem forte ou um café amargo. Mas uma de suas bebidas favoritas é a polpa do coco verde triturada no pilão e misturada com um pouco de pinga.
Estes guias normalmente incorporam em seus médiuns, atendendo ao chamamento dos pontos cantados em sua homenagem nos terreiros, mas podem também “baixar” pelo magnetismo de uma oração ou de uma concentração mental dos fiéis.
Por pertencer a falange de entidades desencarnadas ou "linha das almas", Os pretos velhos sofrem uma discriminação nos terreiros afro brasileiros mais tradicionais de Candomblé. Porém, apesar que não figurarem no rol exclusivista dos Orixás africanos, o preto velho mantêm um certo prestígio não oficial nos corações das pessoas que pertencem a cultos mais puristas.
Preto Velho
Preto Velho - Ilustração de Ricardo Pissiali

Caboclo
Caboclos - Ilustração de Ricardo Pissiali
Caboclos
Os Caboclos são tidos como espíritos dos antigos índios e mestiços que habitaram o Brasil. Herdeiros da grande sabedoria da cultura tradicional indígena, trabalham como guias espirituais praticando a caridade e aconselhando o povo simples desta terra. Interagindo com os espíritos da floresta, conhecem os segredos das ervas e dos remédios naturais, a respeito dos quais são grandes mestres. Sua característica mais lovável é o enorme amor pelas crianças, que encara a criança uma dádiva divina e a semente do futuro.
Trabalham como curandeiros, intimamente ligados ao culto da jurema e da pajelança, atuando como conselheiros familiares e médicos do povo do interior.
Alguns classificam os Caboclos como pertencentes a falange de Oxóssi. Orixá Nagô da caça e das matas, com características muito próximas.
Os Caboclos estão divididos em duas manifestações distintas:  Caboclos das Matas e Caboclos Boiadeiros, ou como outros dizem, Caboclos de Pena e Caboclos de Couro. Suas incorporações se distinguem por características próprias. Os Caboclos de Pena chegam dando gritos de guerra indígenas prolongados com um som próprio no final: Quiôôôô.
Os Caboclos de Couro, como os boiadeiros, tem os seus sons de saudação como se estivessem tocando o gado: Eeiiááá.
Uma das características típicas dos caboclos é a sua dificuldade de falar corretamente a nossa língua.
Quando incorporados gostam de fumar charutos ou cigarros de palha com fumo de rolo. Gostam também de bebidas fortes como o vinho de jurubeba ou uma mistura de ervas típica da região norte chamada macaia.
Suas oferendas se compõem de muitas frutas de variados tipos, flores e bebidas fermentadas que são colocadas nos terreiros em pequenas cabanas rústicas feitas de folhas como os abrigos de caçadores na floresta.
Existem tantos Caboclos como elementos e forças da natureza. Praias, rios, florestas, penhascos, plantas e animais silvestres, são a expressão material dessa força
espiritual que representa e se manifesta através dos Caboclos.
Alguns tipos mais conhecidos de Caboclos das Matas são:
Caboclo Sete Montanhas, Sete Cachoeiras, Caboclo Mata Virgem, Pedra Branca, Caboclo da Guiné, Arruda, Arranca Toco, Rompe Mato, Ventania, Rompe Mato, Caboclo Sucuri, Jibóia, Caçador, Caboclo Flecheiro, Roxo, Cobra Coral, etc.
Menção especial às entidades femininas de caráter indígena, que representam o gênero doce e inocente dessa manifestação, como as Caboclas Jurema, lara, Jupira, Jandira e tantas outras.
Pomba Gira
Pomba Gira é uma corruptela do termo Bongbogirá na língua bantu dos candomblés de Angola e significa simplesmente exú. Porém com o tempo e principalmente na Umbanda, Pomba Gira passou a designar a manifestação feminina de Exú.
Entidade extremamente popular, personificando a sinceridade e espontaneidade da mulher, junto com uma aura de intensa sensualidade e sedução feminina. Sua incorporação é marcada por gestos graciosos e meneios sensuais do corpo junto com uma gargalhada estrepitosa.
Dentro do caráter de trapaceiro de Exú. Pomba Gira também é zombeteira, gosta muito de bebida alcoólica, preferindo porém as mais suaves com um toque sutil de feminilidade. Fuma e dança como todos os exús, revestindo seus movimentos de uma sensual provocação e desafio com altas gargalhadas.
Dentro da linhas de Umbanda existe a distinção entre as entidades ditas de “direita” que só fazem o bem, e as de “esquerda” que podem ser invocadas para fazer malefícios à terceiros. A Pomba Gira é ambígua, podendo trabalhar para o bem como também para o mal. Cuidado, ela é poderosa diz um adágio.
Seu domínio são as encruzilhadas, principalmente as que tem a forma de “T” que se diz pertencer exclusivamente às Pomba Giras.
Dentro da linha dos exús, as Pomba Giras tem várias manifestações diferentes, com cantigas, símbolos e louvores próprios para cada uma, enfatizando suas características pessoais. As mais populares são:
Maria Padilha, Maria Mulambo, Pomba Gira Rainha, Pomba Gira Sete Saias, Pomba Gira da
Calunga, Pomba Gira Cigana, Pomba Gira das Almas, Pomba Gira Menina, Pomba Gira do
Cruzeiro. Pomba Gira Mirongueira.

Pomba Gira
Pomba Gira - Ilustração de Ricardo Pissiali
Bará
Bará - Ilustração de Ricardo Pissiali
Bará
Bará, ou Elegbara, é o grande mensageiro universal. O intermediário entre os homens e os Orixás.
O que fica na encruzilhada entre o mundo humano e o divino. Aquele que faz a comunicação entre o mundo material/terreno e o astral/espiritual.
A visão ancestral africana sobre Elegbara/Exú, é a de uma força ambígua, que equilibra o universo e o mantém sempre em movimento evolutivo.
Elegbara significa ‘aquele que se apodera de nós’ - o senhor do corpo.
E no entanto, ele bebe, ele fuma, ele dança, ele xinga, diz obsenídades, faz a festa, gargalha e é muito perigoso.
É a ambigüidade universal personificada. Bará. O mais humano dos Orixás.
Pierre Verger em sua descrição de arquétipos diz que Bará/Exú “tem um caráter suscetível, violento, irascível, astucioso, grosseiro, vaidoso, indecente”.
Bará é o guardião das estradas, dono dos caminhos e portas nesse mundo. É o protetor das casas e também dos terreiros. É o dono do axé.
Suas cores tradicionais são o preto e o vermelho. Por vezes o preto e branco também o representam que, pelo contraste, simbolizam a sua natureza contraditória.
No sincretismo está associado ao diabo católico. As imagens e assentamentos encontrados na África, mostram pequenas figuras de barro toscamente modeladas com um enorme falo, desproporcional às dimensões da estátua ou simplesmente um montículo de terra batida, também com falo de madeira fincado no alto.
No candomblé cada Elegbara está associado compulsoriamente a um Orixá, sendo dito inclusive que ele é escravo deste Orixá e portanto, carrega as faculdades inerentes ao reino da natureza a que pertence este Orixá.
Em sua incorporação na umbanda, Sará se apresenta com uma capa, vermelha ou preta, dando gargalhadas grotescas, levando á mão um tridente. O símbolo, medieval, do tridente é uma inovação nascida no Brasil, decorrente do seu sincretismo com o diabo.
Os diversos nomes pelo qual é conhecido como: Exú, Bará, Elegbara, Legba, Aluvaiá, Barabô ou Marabô, Mavambo etc. além dos inumeráveis nomes que recebeu na umbanda, atribuindo-lhe  qualidades próprias.
Zé Pelintra
Personificando a própria malandragem, com um comportamento de arruaceiro, briguento, mulherengo e beberrão, mas com o coração enorme de um guia que conhece as sarjetas da vida e a difícil lida da população pobre.
Suas características são o amor incondicional pela noite, o jogo e as mulheres da vida que tratava como se fossem rainhas. Dando a sua imagem as cores do malandro esperto e escolado nas falcatruas da cidade grande.
Contam as lendas que Zé Pelintra nasceu José Gomes da Silva. Um negro forte e pobre, no interior de Pernambuco. Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde levou uma vida de boêmio em meio ao ambiente da malandragem no bairro da Lapa no início do século XX. Habilidoso com a faca. Defrontar-se com ele era prejuízo na certa, pois nem mesmo a polícia ousava enfrentá-lo sem um bom reforço. Vivia na noite em meio a jogatina que era o seu sustento, “limpando” aqueles que se achavam muito espertos nas cartas ou nos dados. Apesar dos hábitos desregrados, demonstra grande compaixão pelas dificuldades do povo humilde e sofredor, que conhece por experiência própria.
Sua indumentária é típica do malandro que gosta de roupas leves, claras e confortáveis. O terno de linho branco, a camisa de seda e o chapéu panamá são suas marcas inconfundíveis.
Embora seu culto se aproxime muito da liturgia feita para Exú. Zé Pelintra não é um exú.
Dentro da esfera da malandragem, existe, muito parecidas com as rodas de exú, as manifestações femininas como Maria Navalha que bebe, dança e fuma de modo idêntico aos malandros famosos embora carregada de feminilidade, vaidade e sedução. É o lado feminino da malandragem ligado às mulheres da vida.
Dentre as manifestações de Zé Pelintra, encontramos no nordeste, especialmente em Pernambuco, onde seu culto é mais difundido, certas características próprias ligadas a cultura ameríndia. Zé Pelintra no nordeste aparece ligado aos rituais do Catimbó e ao culto da jurema. Tem a função de um curandeiro e está presente na quase totalidade das cerimônias afro-brasileiras onde é respeitado como um curador e médico dos pobres.
Na Umbanda, todas as práticas e incorporações de Zé Pelintra estão voltadas para a caridade, assistência espiritual e material. Chamado também de advogado dos injustiçados, é devoto de Santo Antônio. 
Zé Pelintra
Zé Pelintra - Ilustração de Ricardo Pissiali
Erês e Ibeji
Erês e Ibeji - Ilustração de Ricardo Pissiali
Erês e Ibeji
nomes: Ibejis, Erês, Crianças, Ibejada, Dois-Dois, são entidades de caráter infantil, divididas em masculino e feminino. Embora cultuadas de modo aparentemente semelhante, tem conceitos bastante diferentes na umbanda e no candomblé. Ibeji ( Ib= nascer + Eji= dois)
Ibeji são divindades gêmeas, ligadas ao nascimento de gêmeos.  Estão relacionados à tudo que brota, que se inicia, ligados à fartura e a alegria da vida.
Tem um  
assentamento muito especial, em que são representados por duas estátuas de barro ou de madeira esculpidas na forma de crianças, simbolizando a dualidade dos sexos. Acredita-se que quando bem tratados, auxiliam na prosperidade e na fartura dos seus devotos.
A eles são sacrificados frangos muito novos e passarinhos e sua saudação é Ibeji omó Olórum, Ibeji Eró!
Trazem recados do Orixá para o filho de santo, já que o Orixá não fala.
Geralmente são muito irrequietos, barulhentos e demonstram um apetite aparentemente insaciável.
Suas oferendas, são sempre em conjunto com o Orixá, exceto nas festas que lhes são exclusivamente dedicadas. A festa de Erê, que ocorre geralmente em 27 de setembro, dia consagrado a Cosme e Damião, devido ao sincretismo, quando lhes são oferecidos um grande carurú, sua comida predileta, feita com quiabos bem macios, cozidos com camarão seco e azeite de dendê. Servido numa gamela que é colocada no centro do terreiro sobre uma esteira e todos os presentes são servidos. Sendo exigência ritual que todos comam com as mãos, como as crianças. Completando o cardápio, vatapá, bolinhos, doces e muito refrigerante e frutas. Igual a uma grande festa profana de criança, com muito barulho, brincadeira e todos se lambuzando com a comida. 
Na umbanda, os Erês são reconhecidos como almas que desencarnaram ainda crianças. Comum ente chamados apenas de crianças, são manifestações de espíritos infantis, cujo comportamento em nada difere dos Erês do candomblé.
As guias que usam, são uma mistura das contas de todos os orixás, entrelaçadas de forma aleatória, formando um belo e vistoso conjunto como um colar com sete fios de contas. Nas Umbandas usam uma guia com contas rosa e azul entremeadas entre si.
Os erês não tem um dia da semana consagrado a eles, embora alguns afirmem que é Domingo, por ser um dia de descanso e lazer.
No Brasil, o culto a Ibeji, foi obscurecido pelo sincretismo com os santos católicos. Raros são os Babalawô que ainda conhecem os seus segredos e pouquíssimas nações que os cultuam na sua forma original.

Do texto de Ricardo Pissiali Alves in Revista dos Orixás. -  Rio de Janeiro  : Editora Provenzano, 2002



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