Danças
e
Festas
Folclóricas
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Festa
ou Folia do Divino em Pirenópolis - GO |
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Uma
das maiores manifestações em homenagem ao Divino Espírito Santo no
Brasil ocorre no interior de Goiás, na histórica cidade de Pirenópolis,
e guarda características peculiares na sua execução e planejamento. A
festa, que tem início cinquenta dias após o domingo de Páscoa, é
realizada desde 1819, com duração de doze dias. Seus elementos sacros
estão presentes nas missas, procissões, novenas e repiques de sinos, e
os profanos são revelados pelas apresentações de grupos folclóricos e
pequenas orquestras, queima de fogos e alvoradas com bandas de música
na praça.
A
festa inicia-se com a peregrinação de um grupo de foliões pelas
localidades vizinhas em busca de donativos para a comemoração. Levam
consigo a bandeira do Divino, cujo símbolo é a pomba branca, e entoam
cânticos de louvação, rezas e novenas, terminando a noite com bailes,
festas e pedidos de pouso. Ao chegarem aos locais designados
previamente, a bandeira é reverenciada pelo dono da casa e levada aos
cômodos das moradias para abençoá-los.
Segundo
a tradição, a folia simboliza uma viagem de quarenta dias que teriam
feito Jesus Cristo e seus apóstolos, pedindo esmolas e pouso. Outra
folia que ocorre na cidade é formada por dois homens que carregam a
coroa do imperador e a bandeira do Divino, seguidos de um grupo de
moças que levam bandejas para recolher as oferendas. Acompanham ainda
grupos de músicos, cantadores e encarregados de soltar os fogos
anunciando a chegada deles. |
Festa do Divino - Cartaz de 2014
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A
escolha da pessoa que representará a principal figura da festa do
Divino é definida um ano antes da data festiva. A eleição do imperador
e sua corte, que simbolizam a Coroa Portuguesa, é feita por um sorteio,
do qual todos os pirenopolinos podem participar. Se o escolhido for
rico, promoverá a comemoração com suas posses; se for pobre, receberá a
ajuda do povo. Após uma cerimônia simples, o padre convida o imperador
do ano para a troca da coroa, que passará para a pessoa que promoverá a
festa no ano seguinte. Durante a missa, o imperador ocupa um trono, e
nas apresentações das cavalhadas, um palanque imperial. (ver Cavalhadas
em Pirenópolis).
O
ápice da festa do Divino é a procissão que leva a corte, acompanhada
pela banda de música e pela multidão, à igreja. Após a missa, o
imperador distribui verônicas de alfenim, espécie de doce, e pãezinhos
do Divino a todas as virgens. Na parte profana da festa ocorrem as
cavalhadas, com ênfase no jogo das argolinhas, originalmente do ciclo
natalino, e de congos e moçambiques, provenientes das festas de São
benedito e do Rosário. Durante os dias em que se festeja o Divino,
ocorre um festival de sons ensurdecedores, denominados roqueira ou
ronqueira, seguindo a tradição portuguesa. São tiros de pólvora e
farinha de trigo que saem de um cano de ferro afixado em tocos de
madeira enfileirados, que após serem acessos promovem uma sequência de
estrondos para anunciar a festa, saudando o divino e o imperador. |
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