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Danças comuns a várias regiões  brasileiras

Congos, Congadas, Congados
Autos populares brasileiros, de motivação africana, representados em várias regiões do país.
Os elementos de formação foram:

A) Coroação dos Reis do Congo
B) Préstitos e embaixadas
C) Reminiscências de bailados guerreiros

Documentativos de lutas, e a reminiscência da Rainha Njinga Nbandi, Rainha da Angola, falecida a 17 de dezembro de 1663, a famosa Rainha Ginga, defensora da autonomia do seu reinado contra os portugueses, batendo-se constantemente com os sobados (território governado por um soba) vizinhos, inclusive o de Cariongo, circunscrição de Luanda.


Nos congos do Rio Grande do Norte, o rei local é Henrique, rei Cariongo, transformado em rei Congo, noutras paragens. Especificamente, como vemos e lemos no Brasil, nunca esses autos existiram no território africano. É trabalho da escravaria já nacional com material negro.

Congo
Congo de Mato Grosso - Grupo de Livramento, Mato Grosso
A) A coroação dos reis de Congo, denominação comum que abrangia sudaneses e bantos, já era realizada na Igreja de Nossa Sra. do Rosário no Recife em 1674, Nossa Sra. do Rosário dos Homens Pretos, aparecendo Antonio de Carvalho e Ângela Ribeira sendo Rei e Rainha de Congo.
(Arquivos, 1º e 2º, 55-56, Diretoria de Documentação e Cultura, Prefeitura de Recife, 1949-1950).
As autoridades prestigiavam a solenidade para quietação e disciplina da escravaria, que se rejubilava vendo o seu rei coroado. Em certas ocasiões, a festa alcançava esplendor pelo empréstimo de jóias, adereços e trajes riquíssimos, cedidos pelos amos. Reunidos os escravos e mesmo mestiços e forros, iam buscar o régio casal, processionalmente, levando-o à igreja, onde eram coroados pelo vigário. De ida e volta o cortejo executava bailados, jogos de agilidade e simulação guerreira, choque de armas brancas, dança de espadas, a danse des Matassins, tão vulgarizada no mundo, especialmente nos séculos XVI e XVII e já velha na Roma Imperial.
Nossa Sra. do Rosário, padroeira dos Pretos, sofreu a concorrência de São Benedito e de Santa Ifigênia, também pretos, e também Santo Antônio Preto. A imagem de Nossa Sra. do Rosário era, às vezes, pintada de negro, num solidarismo racial instintivo. Johann Emanuel assistiu à festa de Santa Ifigênia, em Traíras, Goiás, 1819, com espetacular magnificência. As irmandades de Nossa Sra. do Rosário ajudavam tenazmente, essas coroações, que as enalteciam. Regressando às sedes, casas alugadas ou cedidas, havia baile, comida farta, bebida, alegria estridente.
E outros registro de coroação no Rio de Janeiro em 1946; em Porto Alegre, RS, em 1945; em São Paulo em 1957; etc.
B) Os préstitos, reinos e embaixadas, desdobramento de trechos tornados autônomos da coroação, aglutinam danças e cantos independentes, aculturando-se ao enredo do folguedo cuja unção religiosa diluiu-se. Houve, em janeiro de 1760, um “Reino do Congo” no Rio, numa festa oficial.
Um modelo é o Maracatu, constando de puro cortejo coreográfico, com Rainha, estandartes, músicos, cortes, bonecas, juntando-se posteriormente indígenas emplumados e saltadores. Essas embaixadas deram grande impulso à ação dos autos, mensagem, intimação, resposta, duelo verbal em altiva declamação, ao sabor enfático das orgulhosas precedências da diplomacia africana. A embaixada anuncia-se com um bailado e é recebida com cerimonial ginástico. O embaixador dá missão com aprumo incomparável e dança ao terminar o recado. Segue-se uma cena de luta do Enviado com os fiéis do monarca deprecado. Um bom exemplo da transformação do préstito em embaixada, e esta em auto guerreiro, é a congada de São Paulo, Vale do Paraíba, zonas da Mogiana, Paulista, Sorocaba, Vale da Ribeira, Bragantina e sul do Estado, resumidas por Alceu Maynard Araújo (Documentário Folclórico Paulista, 47-49, São Paulo, 1952).
E outros.

C) Ciclo da Rainha Ginga e dos autos guerreiros.
Tijuco (Diamantina, Minas Gerais), Von Martius presenciou a festa do Rei Congo e Rainha Ginga. Coroação, préstito, visitando as pessoas gradas.
O Reinado do Congo de 1760 na Bahia, a deduzir-se pelo título, devia ter sido préstito com alguns bailados. O Reinado democratizou-se em Reisados.
As danças guerreiras nasceram de reconstituições sintéticas, comemorativas de campanhas felizes. A dança era uma homenagem votiva, bailando-se aos deuses e aos soberanos. Todos os antigos autos e danças dramáticas tinham sentido oblacional e, quando ocorria um préstito, iniciava-se diante das Igrejas ou Catedrais, dançando-se nos adros ou mesmo no interior dos templos...
No Brasil, o elemento indígena convergiu, num ou noutro lugar, para os Congos. Da Bahia ao Amazonas, os autos e danças dramáticas não têm figuras femininas e nas áreas tradicionais de sua apresentação, da Bahia ao Ceará, a Rainha Ginga não comparece, e sim o seu embaixador. Em Minas Gerais e Rio Grande do Sul, em préstitos, está a Rainha Ginga, silenciosa e desfilando, soberba, ao lado do Rei de Congo, seu impossível esposo, pois historicamente, foi inimigo tenaz e tantas vezes derrotado. No Rio Grande do Norte, onde os Congos são vivos há quase um século e meio, o Embaixador, desatendido pelo Rei de Congo (Henrique, Rei Cariongo), entra em peleja, mata o Príncipe Sueno e leva o próprio Rei prisioneiro. Não há ressurreição e nenhum papel feminino, embora, à volta de 1956, apareça uma muda Rainha Ginga que nada tem que dizer e limita-se a balancear o corpo nos bailados (cidade de Natal e fotos que ilustram o Danças do Brasil, de Felícitas).
Na versão baiana de Melo Morais Filho é um caboclo (indígena) o matador do Príncipe, que volta a viver, e há luta entre os dois partidos. Na versão pernambucana de Pereira da Costa o auto finaliza em festas e pazes. Em Atibaia, São Paulo, (informação de Sr. João Batista Conti) não há morte do Príncipe e intervenção do feiticeiro, e sim uma guerra entre o Rei e um General invasor, vencido e batizado, lembrando as Cheganças e Mouros. Em Goiás, o Congado é uma embaixada da Princesa Miguela ao Rei seu primo que recebe belicosamente o emissário e, depois de breves escaramuças, o proclama Duque e Mirante-Mor.
E continua com fontes e relatos diversos.

Fonte : Dicionário do Folclore Brasileiro - Câmara Cascudo, Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S.A. sem data


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