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Çairé
Çairé é um estandarte de cipó torcido, envolvido por algodão e enfeitado com fitas e flores coloridas, levado a frente da procissão por uma mulher chamada Saraipora. O símbolo possui três cruzes dentro de um semicírculo e outra na extremidade, representando os três elementos da Santíssima Trindade e um só Deus. Trata-se de uma criação indígena com base nos estudos portugueses, usada par homenagear os colonizadores quando estes aportassem suas terras.

A festa do Çairé ocorre há mais de 300 anos na comunidade de Alter do Chão, próximo a Santarém, no Pará. Em setembro, misturam-se elementos sacros e profanos nos cinco dias de manifestação repletos de música, dança e rituais resultantes do entrelaçamento social e cultural dos colonizadores portugueses e indígenas da região do Tapajós.

Inicia-se o festejo com o hasteamento de dois mastros enfeitados, seguido de ritual religioso e danças folclóricas executadas pelos moradores da vila. No último dia, numa segunda-feira, ocorrem a “varrição da festa”, a derrubada dos mastros e a quebra da macaxeira da “cecuiara”, como é conhecido o almoço de confraternização. A programação termina à noite, com a festa dos barraqueiros.

O belo e singelo folclore, até meados do presente século, tinha significado puramente religiosa, celebrando a Santíssima Trindade. Atualmente, outros valores folclóricos foram acrescentados, incluindo danças do curimbó, lundu, desfeiteira e quadrilhas.

Çairé
Símbolo da Festa do Çairé - Santarém, Pará - Foto de Geraldo Ramos
A incorporação da lenda do boto, que também deu à festa um fascínio cercado de mistério e erotismo, tem ideologia ecológica e celebra a morte e ressurreição do principal personagem, herança da catequese jesuítica. Na trama, o boto é arpoado e morto pelo pescador porque emprenhou Cunhantã Borari, filha da poderosa
Principaleza, a senhora do Lago Verde. Mas logo é ressuscitado pelos pajés da tribo, depois do cerimonial da mufama (clareira aberta na floresta). Versões sobre essa lenda são apresentadas pelos botos tucuxi e cor-de-rosa na praça do çairé ou çairódromo. A apoteose acontece com a ressurreição dos botos, que fazem a alegria da multidão.
Do texto de Gustavo Côrtes
Registros Anteriores : Felícitas (Década de 1940)

Sairé

O sairé, também chamado toriuna, é uma procissão dançada por ocasião das festas de São João, Santo Antônio, São Tomé e outros santos. Típica do Amapá, dança-se também no Pará e no Amazonas. Cerimônia entre religiosa e profana, foi adotada pelos Jesuítas para atrair os indígenas à Igreja Católica.

Indumentária: As mulheres vestem blusa de gola de renda, saia alva, tendo a maneira aberta para deixar ver a camisa transparente. Trazem flores no cabelo.

Instrumentos musicais: Tamborins, orquestra típica da região.
Sairê, uma comprida cruz, sobre o eixo da qual três semi círculos simbolizam a Santíssima Trindade, é enfeitada de muitos espelhos, malacachetas, fitas e prendas.

Coreografia: A procissão é encabeçada pelo estandarte do respectivo Santo, logo seguido por três mulheres - antigamente eram três meninas virgens - que levam o sairé. Ao ritmo da música, executam obliquamente três passos para a frente, três para trás. Assim avançam lentamente. De vez em quando param para distinguir um dos assistentes, tocando-lhe de leve a cabeça com o sagrado símbolo.
Do arco maior do sairé cai uma longa fita, segura por uma menina que dança saltando em sua volta (sairé em língua tupi significa “corda que gira").
Os fiéis, organizados em três, quatro ou mais filas, uns com as mãos nos ombros dos outros, a procissão percorre as ruas ao som de uma cantiga plangente em língua tupi, cantando e dançando sempre, mesmo depois de chegar diante do altar.
Finda a procissão, a festa ainda continua por mais três dias acabando por degenerar em verdadeira orgia pagã.

Registros Anteriores : Câmara Cascudo (1898 - 1986)

Çairé
Dança e canto religioso na Amazônia. De çai, salve, e erê, tu o dizes, segundo Barbosa Rodrigues, ou de çaierê, a corda em giro, espécie de danças de rapazes (Teodoro Sampaio), versão mais lógica.
“Além da dança e do canto festivo têm os tapuios no dia de alguma festa religiosa, como a de São Tomé (Solimões), São João (Santarém), ou Santo Antônio (Ererê), Santa Rita (Rio Negro), um canto, antes da saudação religiosa, introduzida nessas festas pelos missionários e chamada de çairé ou turiua. Esta é uma espécie de procissão de mulheres em que carregam o instrumento que tem o mesmo nome çairé. A procissão dirige-se à igreja, à casa do juiz da festa, à do vigário, etc., e aí as palavras da saudação não são as mesmas e sim próprias a quem se dirigem...

O instrumento denominado çairé é um semicírculo de madeira de um metro e quarenta centímetros de diâmetro, contendo dentro dois outros menores, colocados um a par do outro, sobre o diâmetro do maior. Da união dos dois parte um raio do grande, que, excedendo a circunferência, aí forma uma cruz. Os menores têm também o seu raio perpendicular ao diâmetro comum, rematados em cruz. Estes arcos são envolvidos por algodão batido, enleados por fitas, e enfeitados com espelhinhos, doces, frutas, etc. Da cruz do raio maior parte uma longa fita. Este instrumento, inventado pelos missionários para perpetuar e firmar mais a religião entre os indígenas, tem uma significação bíblica.
O çairé perpetua o dilúvio e as três pessoas da Santíssima Trindade, creio eu e assim explico: o arco significa a arca de Noé; os espelhos, a luz; os biscoitos e frutas, a abundância que havia na mesma arca; o algodão e o tamborinho, a espuma e o ruído das águas; o movimento dado ao çairé, o balouçar da mesma arca; e as três cruzes, sendo a superior maior, as três pessoas distintas da Santíssima Trindade, e um só Deus verdadeiro, representado pela cruz maior e mais elevada...
Quando se festeja algum santo, por alguma promessa, levantam em casa um altar, onde colocam a imagem milagrosa, aos pés da qual fica o çairé. 
Çairé
Desenho de J. Welles Champney no Brasil. (The Amazonas and the coast, 394,
de Herbert H. Smith. Charles Seribner's Sons, New York, 1879)


Preparam junto à casa uma grande ramada, isto é, uma grande palhoça, onde é servido o jantar aos convidados e fazem-se as danças. Dias antes da festa preparam grande quantidade de tarubá ou mukururu, que é a alma da festa. Se a ladainha, que sempre acompanha estas promessas, é feita na igreja, o çairé sai de casa, em procissão, e se dirige para o templo.
A ordem da procissão é a seguinte: abre a marcha um tapuio, levando uma bandeira branca onde a imagem do santo festejado é pintado; logo após o çairé, carregado por três tapuias velhas, que o suspendem pelo diâmetro, seguindo-se atrás delas uma moça segurando a ponta da fita que parte da cruz superior. Ao lado desta vai outra moça, levando debaixo do braço um tamborinho, cuja vaqueta é enfeitada de fitas de diversas cores. Segue atrás o mulherio vestido à bandarra, isto é, com trajes de festa e de folia: camisa de gola de renda, saia alva, tendo a maneira aberta para deixar ver um crivo da camisa por onde a carne transparece, flores nos cabelos, e muito perfume de periperioca e pataquera. Em seguida vão os tapuios, fechando o préstito.
Durante o trajeto as velhas vão inclinado o çairé ora para frente, ora para a trás, e a moça da fita, saltando de um para outro lado, cadenciando o movimento e os saltos, pela entoação do canto das três mestras, cujo compasso é marcado por pancadas no tamborim. O canto é sempre pela língua geral (nheengatu), e repetido em coro pelo mulherio. Este é triste e monótono e sempre a letra é sobre motivo religioso. Assim, em procissão, vão saudar o juiz da festa e levá-lo para a igreja, assim como o vigário; depois da ladainha são levados par a ramada, onde se serve o jantar. Durante este, enquanto os convivas regalam-se, as cinco mulheres, figuras obrigadas, rodeiam a mesa, cantando e saudando os convivas. Findo o jantar, levam o vigário para casa, precedido do çairé...”

O padre João Daniel, no seu Tesouro, descreve o çairé como festa de meninos e meninas; a ser exato o seu dizer, esta tradição perdeu-se, pois que no Amazonas hoje esta festa é privativa das mulheres e em geral velhas (Poranduba Amazonense, 279-282, 1890).
Barbosa Rodrigues divulgou duas solfas do çairé. É ainda dedicado às festas do Espírito Santo. Devia o çairé ter sido primitivamente bailado indígena em fila e daí a denominação de acorda girante ou em giro. Os missionários jesuíticos aproveitaram-no como dança para as crianças, segundo o Padre João Daniel (século XVIII) e mesmo utilizando músicas e letras portuguesas, talqualmente informa Frei João de S. Joseph Queirós, quarto bispo do Pará, dizendo usar-se no çairé versos de uma tragicomédia do Padre Antônio de Macedo e que se representara em Lisboa a Filipe II em Santo Antão. O instrumento, o çairé armado que passou a significar a dança e a festa, é o popular Arco Festivo em Portugal, tão conhecido nas festadas do Norte, ranchos de romaria e desfile de oferendas...


Fontes : Dança, Brasil : festas e danças populares / Gustavo Pereira Côrtes, - Belo Horizonte : Editora Leitura, 2000
Danças do Brasil / Felícitas, - Rio de Janeiro: Editora Tecnoprint Ltda., sem/data
Dicionário do Folclore Brasileiro - Câmara Cascudo, Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S.A. sem data


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