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Danças e Festas Folclóricas |
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Registros
Anteriores : Felícitas (Década de 1940)
Sairé O sairé, também chamado toriuna, é uma procissão dançada por ocasião das festas de São João, Santo Antônio, São Tomé e outros santos. Típica do Amapá, dança-se também no Pará e no Amazonas. Cerimônia entre religiosa e profana, foi adotada pelos Jesuítas para atrair os indígenas à Igreja Católica. Indumentária: As mulheres vestem blusa de gola de renda, saia alva, tendo a maneira aberta para deixar ver a camisa transparente. Trazem flores no cabelo. Instrumentos
musicais: Tamborins, orquestra típica da região. Coreografia:
A procissão é encabeçada pelo estandarte do respectivo Santo, logo
seguido por três mulheres - antigamente eram três meninas virgens - que
levam o sairé. Ao ritmo da música, executam obliquamente três passos
para a frente, três para trás. Assim avançam lentamente. De vez em
quando param para distinguir um dos assistentes, tocando-lhe de leve a
cabeça com o sagrado símbolo. Registros
Anteriores : Câmara Cascudo (1898 - 1986)
Çairé Dança e canto religioso na Amazônia. De çai, salve, e erê, tu o dizes, segundo Barbosa Rodrigues, ou de çaierê, a corda em giro, espécie de danças de rapazes (Teodoro Sampaio), versão mais lógica. “Além da dança e do canto festivo têm os tapuios no dia de alguma festa religiosa, como a de São Tomé (Solimões), São João (Santarém), ou Santo Antônio (Ererê), Santa Rita (Rio Negro), um canto, antes da saudação religiosa, introduzida nessas festas pelos missionários e chamada de çairé ou turiua. Esta é uma espécie de procissão de mulheres em que carregam o instrumento que tem o mesmo nome çairé. A procissão dirige-se à igreja, à casa do juiz da festa, à do vigário, etc., e aí as palavras da saudação não são as mesmas e sim próprias a quem se dirigem... |
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O
instrumento denominado çairé é um semicírculo de madeira de um metro e
quarenta centímetros de diâmetro, contendo dentro dois outros menores,
colocados um a par do outro, sobre o diâmetro do maior. Da união dos
dois parte um raio do grande, que, excedendo a circunferência, aí forma
uma cruz. Os menores têm também o seu raio perpendicular ao diâmetro
comum, rematados em cruz. Estes arcos são envolvidos por algodão
batido, enleados por fitas, e enfeitados com espelhinhos, doces,
frutas, etc. Da cruz do raio maior parte uma longa fita. Este
instrumento, inventado pelos missionários para perpetuar e firmar mais
a religião entre os indígenas, tem uma significação bíblica.
O çairé perpetua o dilúvio e as três pessoas da Santíssima Trindade, creio eu e assim explico: o arco significa a arca de Noé; os espelhos, a luz; os biscoitos e frutas, a abundância que havia na mesma arca; o algodão e o tamborinho, a espuma e o ruído das águas; o movimento dado ao çairé, o balouçar da mesma arca; e as três cruzes, sendo a superior maior, as três pessoas distintas da Santíssima Trindade, e um só Deus verdadeiro, representado pela cruz maior e mais elevada... Quando se festeja algum santo, por alguma promessa, levantam em casa um altar, onde colocam a imagem milagrosa, aos pés da qual fica o çairé. |
Desenho de J. Welles Champney no Brasil. (The Amazonas and the coast, 394, de Herbert H. Smith. Charles Seribner's Sons, New York, 1879) |
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Preparam
junto à casa uma grande ramada,
isto é, uma grande palhoça, onde é servido o jantar aos convidados e
fazem-se as danças. Dias antes da festa preparam grande quantidade de tarubá ou mukururu,
que é a alma da festa. Se a ladainha, que sempre acompanha estas
promessas, é feita na igreja, o çairé sai de casa, em procissão, e se
dirige para o templo.
A ordem da procissão é a seguinte: abre a marcha um tapuio, levando uma bandeira branca onde a imagem do santo festejado é pintado; logo após o çairé, carregado por três tapuias velhas, que o suspendem pelo diâmetro, seguindo-se atrás delas uma moça segurando a ponta da fita que parte da cruz superior. Ao lado desta vai outra moça, levando debaixo do braço um tamborinho, cuja vaqueta é enfeitada de fitas de diversas cores. Segue atrás o mulherio vestido à bandarra, isto é, com trajes de festa e de folia: camisa de gola de renda, saia alva, tendo a maneira aberta para deixar ver um crivo da camisa por onde a carne transparece, flores nos cabelos, e muito perfume de periperioca e pataquera. Em seguida vão os tapuios, fechando o préstito. Durante o trajeto as velhas vão inclinado o çairé ora para frente, ora para a trás, e a moça da fita, saltando de um para outro lado, cadenciando o movimento e os saltos, pela entoação do canto das três mestras, cujo compasso é marcado por pancadas no tamborim. O canto é sempre pela língua geral (nheengatu), e repetido em coro pelo mulherio. Este é triste e monótono e sempre a letra é sobre motivo religioso. Assim, em procissão, vão saudar o juiz da festa e levá-lo para a igreja, assim como o vigário; depois da ladainha são levados par a ramada, onde se serve o jantar. Durante este, enquanto os convivas regalam-se, as cinco mulheres, figuras obrigadas, rodeiam a mesa, cantando e saudando os convivas. Findo o jantar, levam o vigário para casa, precedido do çairé...” O padre João Daniel, no seu Tesouro, descreve o çairé como festa de meninos e meninas; a ser exato o seu dizer, esta tradição perdeu-se, pois que no Amazonas hoje esta festa é privativa das mulheres e em geral velhas (Poranduba Amazonense, 279-282, 1890). Barbosa Rodrigues divulgou duas solfas do çairé. É ainda dedicado às festas do Espírito Santo. Devia o çairé ter sido primitivamente bailado indígena em fila e daí a denominação de acorda girante ou em giro. Os missionários jesuíticos aproveitaram-no como dança para as crianças, segundo o Padre João Daniel (século XVIII) e mesmo utilizando músicas e letras portuguesas, talqualmente informa Frei João de S. Joseph Queirós, quarto bispo do Pará, dizendo usar-se no çairé versos de uma tragicomédia do Padre Antônio de Macedo e que se representara em Lisboa a Filipe II em Santo Antão. O instrumento, o çairé armado que passou a significar a dança e a festa, é o popular Arco Festivo em Portugal, tão conhecido nas festadas do Norte, ranchos de romaria e desfile de oferendas... |
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