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A Cabanagem
branco
Altos e baixos de uma revolução e A violenta repressão
Com a morte de Clemente Malcher firmaram-se as lideranças mais combativas, como os irmãos Antônio e Francisco Vinagre e Eduardo Angelim. A 20 de fevereiro de 1835 foi aclamado presidente da província Francisco Vinagre, que tentou organizar a revolução. Procurou colocar ordem na capital, ao reestruturar a guarda municipal e prometer eleições.
A Cabanagem, espalhada por quase todos os rios amazônicos, contava com a participação de muitos indígenas, principalmente com os Mawé e os Mura. Em toda parte o povo invadiu armazéns, expulsou os portugueses e tomou as suas armas. Um dos grandes líderes cabanos da região do baixo Madeira foi o cacique Mawé Leão Crispim.
Infelizmente Francisco Vinagre não conseguiu levar adiante os anseios dos cabanos.
Cabana
Breves, às margens do rio Pará,  é atualmente o mais
importante
porto na ilha de Marajó. Em 1842 era apenas um amontoado de casebres, moradias típicas da população pobre da província, cujos habitantes engrossaram as fileiras dos revoltosos da Cabanagem.
Traindo seus comandados, concordou em negociar com o governo central, que havia mandado a Belém uma esquadra com cerca de seiscentos homens, e aceitou o novo presidente da província, Manuel Jorge Rodrigues.

Iniciava-se a terceira etapa da revolução. Antônio Vinagre e Angelim refugiaram-se no interior. Reorganizaram suas forças – tropas de tapuios, índios, caboclos e negros – e voltaram a atacar Belém à frente de 3 mil homens. Após nove dias de lutas, Belém voltou a ficar sob o controle dos cabanos. Com o desaparecimento de Francisco Vinagre, morto em combate, assumiu o governo provincial Eduardo Angelim, com apenas 21 anos de idade.

Uma das reivindicações dos cabanos era a libertação dos escravos. Por ser casado com uma fazendeira, Angelim não teve a coragem de dar esse passo. Muitos resolveram então fazê-lo à sua maneira, o que provocou mortes e saques. Por três dias comemoraram esta etapa de luta com danças e discursos pelas ruas.

Livres dos opressores e dos legalistas, isto é, dos que apoiavam o imperador, os cabanos tiveram de enfrentar um novo inimigo: a fome. Durante este tempo de guerra as plantações foram abandonadas e a carne que vinha da ilha de Marajó foi bloqueada pelos navios da Marinha. A fome em Belém era tanta que, segundo um escritor da época, o povo só tinha para comer “ervas agrestes dos quintais abandonados, raízes e couro seco, reduzido a uma espécie de cola dura e indigesta”.

A violenta repressão

Sem muita estrutura e organização, os problemas do novo governo aumentaram. A falta de comida estimulava as intrigas e as divergências. Em abril de 1836, chegava a Belém um novo governador, acompanhado de um grande número de soldados, mercenários estrangeiros e criminosos soltos das prisões do Sul e do Nordeste.

Sem condições de enfrentar este novo ataque, Angelim e os cabanos fugiram para o interior, onde a resistência continuou.

A repressão desencadeada pelo governador foi terrível. De uma população de 80 mil pessoas que viviam em toda a província, foram mortas quase 30 mil, isto é, cerca de 40% da população. Qualquer denúncia bastava para alguém ser considerado cabano e, em seguida, morto. Os mais atingidos foram os indígenas e os tapuios. Na região de Tapajós, onde, em 1820, havia 30 mil indígenas, quarenta anos depois só restavam 3 mil.

Em 1839, o governo do Rio de Janeiro, diante da insistência dos cabanos em continuar a luta, resolveu anistiar os líderes revolucionários, exceto os que cometeram homicídio e os dois chefes, Antônio Vinagre e Eduardo Angelim, que foram deportados.

Ainda hoje, 150 anos depois, o povo se lembra dessa luta e chega a dizer: “a Cabanagem não acabou: veja o povo na rua”. A Cabanagem continua sendo a maior revolta popular do Brasil.

Fonte : Brasil Indígena: 500 anos de resistência / Benedito Prezia, Eduardo Hoomaert. - São Paulo: FTD, 2000


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