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A
caça, o único meio que possuem de obter carne, pode ser individual ou
coletiva. No Alto Xingu, por exemplo, a caça é individual e pouco
praticada, lá entre os Timbira, as caçadas são feitas em grupos e têm
grande importância. Além de um conhecimento profundo da vida e dos
hábitos dos animais, os indígenas possuem técnicas que variam de povo
para povo. Com a chegada da civilização, foram introduzidos a arma de
fogo e o cão, que é muito apreciado como animal de estimação.
Na pesca, é comum o uso de substâncias vegetais (tingui e timbú, entre outras) que intoxicam e atordoam os peixes, tornando-os presas mais fáceis. Há também armadilhas para a pesca, como o pari dos Tenetehara - um cesto fundo com uma abertura pela qual o peixe entra atrás da isca, mas não consegue sair. Muitas tribos conservam o peixe moqueado, como faziam os antigos Tupinambá: assam-no e defumam-no em fogo lento sobre uma grelha de madeira distante cerca de 1 m do fogo e depois guardam-no. A maioria dos indígenas do Brasil pratica a agricultura segundo uma técnica, a coivara, idêntica à de outras populações que habitam a região tropical: abrem uma clareira na floresta, deixam os troncos caídos secarem ao sol e depois ateiam-lhes fogo. O terreno está pronto - irregular, desnivelado e coberto de cinzas. O plantio é feito após as primeiras chuvas, com todos os vegetais misturados. Os indígenas vivem em aldeias que constituem unidades independentes. A forma das aldeias varia: Bororo, os Timbira e os povos do alto Xingu, por exemplo, possuem aldeias circulares; os Xerente e os Xavante possuem aldeias em forma de ferradura. Atualmente, existem povos que se reduzem a uma única aldeia. |
![]() Pescaria de
barragem - Foto: Vincent Carelli, 2009
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|
![]() Casa da tribo
indígena Barasano e Tuyuca - Aldeia Rouxinol,
Igarapé Tarumã-Açu, Manaus / AM - Foto : Fabio Colombini |
As
casas também diferem. Geralmente são habitadas por uma família extensa,
ou seja, um grupo que compreende várias famílias elementares. São
feitas com estacas fincadas no chão, recobertas com folhas de
palmeiras, e podem variar de simples abrigos a construções mais
resistentes. É muito comum os povos se dividirem em duas metades. Os casamentos se fazem sempre entre indivíduos de metades diferentes. As crianças, quando nascem, passam a pertencer a urna das duas metades, Entre os Bororo, por exemplo, o indivíduo pertence sempre á metade da mãe, mas entre os Tukano, à metade do pai. As metades por sua vez se dividem em clãs. É possível também haver uma divisão em clãs sem haver divisão em metades. Os membros de um clã sabem que estão ligados a uma origem comum, mas não precisam necessariamente conhecê-la. Quando isso acontece, ou seja, o grupo conhece sua ligação genealógica, ele é chamado de linhagem. |
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No
Brasil não há povos com um chefe geral. O chefe é sempre chefe de uma
aldeia. Muitas vezes os chefes indígenas são chamados cacique, tuxáuas
ou morubixabas. A transmissão da
chefia pode ser hereditária (de pai para filho) ou não. Os chefes devem
conduzir a aldeia nas mudanças, na guerras, devem manter a tradição,
determinar as atividades diárias, e
responsabilizar-se pelo contato com outras aldeias ou com os civilizados. A não ser por isso, o chefe pouco se distingue dos outros habitantes da aldeia. Muitas vezes ele é assessorado por um conselho de homens experimentados que o auxiliam em suas decisões. A arte não é considerada uma atividade separada, individualizada. Ela se mistura à vida cotidiana e suas manifestações se encontram ligadas aos objetos utilitários ou a elementos rituais. A pintura corporal, por exemplo, é um meio de distinguir os grupos em que uma sociedade indígena se divide. Muitas vezes também, como entre os Karajá, a pintura pode ser utilizada como enfeite. A tinta vermelha é extraída do urucum e o azul, quase negro, do jenipapo. Para a cor branca utilizam o calcário. Os adornos de penas não são usados todos os dias, mas só em ocasiões especiais, como durante os ritos próprios de cada grupo. Os trabalhos feitos com penas e plumas dc pássaros constituem a arte plumária indígena. Alguns povos, como os do alto Xingu, realizam trabalhos em madeira. A pintura e o grafismo indígena, além de usados para enfeitar o corpo, estão sempre ligados à cerâmica e à cestaria. Os cestos são muito comuns, variando a forma e o tipo de palha de que são feitos. Nem todos os indígenas fabricam cerâmica. Os Xavante e os Timbira, por exemplo, a desconhecem. No alto Xingu, os indígenas fabricam panelas e vasos zoomórficos. São bastante conhecidas as bonecas dos Karajá. A cerâmica dos indígenas da ilha de Marajó é extremamente refinada. Geralmente os indígenas associam a música instrumental ao canto e a dança. |
Fontes: Sociedade e Cultura - Enciclopédia
Compacta Brasil - Larousse Cultural - Nova Cultural, 1995
Casa Grande e Senzala / Gilberto Freyre - São Paulo:
Círculo do Livro S. A., s/ data
Fotos: Pescaria de barragem de
Vincent Carelli, 2009 in Vídeo nas Aldeias 25 anos : 1986 - 2011 /
organizadora : Ana Carvalho Ziller Araújo, tradução : David Radgers. -
Olinda, PE : Vídeos nas Aldeias, 2011 (Livro doado por
Planeta Sustentável)
Casa da tribo indígena
Barasano e Tuyuca - Aldeia Rouxinol, Igarapé Tarumã-Açu,
Manaus / AM - Foto : Fabio Colombini in Por dentro das Amazônias
/ Nilson Moulin. - São Paulo : Studio Nobel, 2008 - Coleção
bicho-folha (Livro doado por Planeta Sustentável)
Planeta Sustentável : http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/
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