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Produtos da Terra : Coqueirais
O litoral nordestino oferece dois belos espetáculos: o jangadeiro pescador e o debrum vivo dos coqueirais esguios, imprimindo à paisagem feição tropical. Nesse trecho da nossa costa, representam estes a primeira amostra da atual flora brasileira, que surge da própria areia das praias.

O coqueiro, cujo nome científico é Cocos nucifera, L., cresce desde o Pará até São Paulo, de preferência ao longo do litoral; com mais intensidade, aparece do Maranhão até a região dos Abrolhos, na Bahia. Sua localização subordina-se à latitude e ao mesmo tempo à proximidade do oceano. Entretanto adapta-se a maior distância da costa e a altitudes de até 700 metros, desde que as condições de solo e clima sejam propícias ao seu desenvolvimento.

Há na América mais de 40 espécies diversas do gênero Cocos e que se aproximam do Cocos nucifera conhecido por coco-da-Bahia, provavelmente para lembrar o local onde teve início a sua cultura no período colonial, como opina GREGÓRIO BONDAR. Tanto a diferenciação da espécie que domina o litoral do Nordeste quanto a abundância de outras, escreve F. C. HOEHNE, levam hoje os botânicos a creditarem a terra americana como pátria do coqueiro; para o mesmo autor, a dispersão desta palmeira é função do seu habitat marítimo, facilitando a seus frutos serem levados pelas correntes oceânicas, e até mesmo à Ásia, onde é também encontrada. Mas é verdade que às primeiros colonizadores do Brasil trouxeram para cá alguns exemplares que estagiaram antes no arquipélago de Cabo Verde, como GABRIEL SOARES DE SOUSA em seu Tratado Descritivo do Brasil em 1587 deixa entrever. 
Coqueirais
Coqueirais - Ilustração de  Percy Lau
Aliás, o coqueiro mereceu dos nossos primeiros cronistas algumas referências como as contidas na obra já indicada e na magnífica História do Brasil de frei VICENTE DO SALVADOR.
O clima próprio ao desenvolvimento do coqueiro deve apresentar temperatura, cuja média anual pode oscilar de 19° a 24° C, e chuvas distribuídas com regularidade com altura pluviométrica anual de 1200 a 2000 milímetros.
Mesmo nas zonas mais secas, uma vez que por medidas adequadas o solo garanta a umidade necessária, o coqueiro pode ser cultivado com apreciável rendimento. A vizinhança do mar reúne, segundo G. BONDAR, uma série de condições propícias: temperaturas elevadas, com pouca oscilação; chuvas regulares resultantes da umidade trazida pelos ventos que sopram do oceano; exposição aos ventos que, ativando a evaporação da água pelas folhas, favorece a absorção, pelas raízes, das soluções minerais. Do trópico para o norte, as condições climáticas são favoráveis, sendo que no Nordeste elas se ampliam, havendo no entanto restrição quanto à área de solo naturalmente próprio.

Os solos de areia somente são favoráveis, economicamente, ao coqueiro, numa orla praiana estreita, até onde chega a influência das "águas mineralizadas" do mar, contendo sódio e potássio. O mar, lançando nas praias apreciável quantidade de algas, faz a adubação natural e necessária à vida e ao rendimento da planta. É fácil entender-se então que o enriquecimento artificial do solo se impõe, cada vez mais, à medida que o auxílio espontâneo do mar vai cessando, por afastamento da cultura, da linha de costa.

Avalia-se em cerca de 5 milhões o número de coqueiros existentes no Brasil, cabendo a maior parte à Bahia; seguem-se, como produtores e em ordem decrescente: Alagoas, Pernambuco, Sergipe, Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão, Pará, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Piauí ao todo doze estados litorâneos. A produção brasileira é ainda muito inferior à dos principais exportadores; o nosso rendimento por pé e por ano é bastante escasso e irregular, para fixar-se uma média. No entanto o índice de 13 a 20 cocos - quando o horizonte de produtividade da planta é de 300 a 400 frutos! - aproxima-se da realidade e comparando-a com a produção da África, Ásia e Oceania, de 100 a 150 unidades por pé e por ano, tem-se uma idéia da nossa situação no mercado mundial desse produto. Não obstante o nosso fraco coeficiente, um cultivo mais racional e eficiente combate às pragas, levarão os coqueirais a, uma produtividade excelente.

Nas Índias Orientais salientam-se cinco variedades principais, e dentre estas a dwarf coconut ou coqueiro anão, aclimou-se perfeitamente no Brasil com bom nível de produção. Das variedades existentes em nosso país, distinguem-se também cinco, bem diferenciadas: coco-verdadeiro ou coco-da-índia; coco-sanguíneo; coco-vermelho; coco-caboclo e coco-branco.

Do coqueiro nada se perde; tudo se aproveita em natureza ou pela transformação industrial. Das suas diversas utilidades podemos enumerar: o côco, por si mesmo ótimo alimento, além de servir a outros misteres; a fibra extraída das brácteas e das espatas; o toddy e o arac, bebidas extraídas das inflorescências, do palmito consumido como alimento de fino paladar; a água de côco, nutritiva, diurética, higiênica e refrescante, ensina o técnico G. BONDAR; o leite de coco, obtido da amêndoa; a farinha de côco, feita da massa da amêndoa livre do leite e seca; a copra, de grande procura e consumo no preparo de óleos alimentares; o coiro ou cairo, nome comercial da fibra preparada com o mesocarpo ou casca externa do fruto, utilizado na indústria de fibras e papelões; a casca do endocarpo, aproveitada para o fabrico de carvão ativo; a torta ou farelo de coco, substância azotada e rica em proteínas, e que é o resíduo da amêndoa depois de extraído o óleo. Além de muitas outras utilidades.

A gravura reproduz um trecho de litoral nordestino, onde junto ao mar se levantam extensas formações destas palmeiras, vergadas pelos ventos, as raízes expostas pelo movimento das areias; o tronco cilíndrico, por sua particular estrutura, bem como o forte enraizamento permitem ao coqueiro resistir aos vendavais, dobrando-se, flexuoso, sem partir-se. Acompanhando o coqueiral, ao fundo, é freqüente verem-se os cajueiros formando cortina de menor porte. E tão prestimosa é esta palmeira que, escreve de modo pitoresco frei VICENTE DO SALVADOR, citando frei GASPAR: " ... das palmeiras se arma uma nau de vela, e se carrega de todo o mantimento necessário, sem levar sôbre si mais que a si mesma". 


Fontes: Coqueirais das Praias do Nordeste / Lindalvo Bezerra dos Santos in Tipos e Aspectos do Brasil. - Departamento de Documentação e Divulgação Geográfica e Cartográfica / Instituto Brasileiro de Geografia / Fundação IBGE. - Rio de Janeiro, 1970


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