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Mesmo
nas zonas mais secas, uma vez que por medidas adequadas o solo garanta
a umidade necessária, o coqueiro pode ser cultivado com apreciável
rendimento. A vizinhança do mar reúne, segundo G.
BONDAR,
uma série de condições propícias: temperaturas elevadas, com pouca
oscilação; chuvas regulares resultantes da umidade trazida pelos ventos
que sopram do oceano; exposição aos ventos que, ativando a evaporação
da água pelas folhas, favorece a absorção, pelas raízes, das soluções
minerais. Do trópico para o norte, as condições climáticas são
favoráveis, sendo que no Nordeste elas se ampliam, havendo no entanto
restrição quanto à área de solo naturalmente próprio.
Os solos de areia somente são favoráveis, economicamente, ao coqueiro, numa orla praiana estreita, até onde chega a influência das "águas mineralizadas" do mar, contendo sódio e potássio. O mar, lançando nas praias apreciável quantidade de algas, faz a adubação natural e necessária à vida e ao rendimento da planta. É fácil entender-se então que o enriquecimento artificial do solo se impõe, cada vez mais, à medida que o auxílio espontâneo do mar vai cessando, por afastamento da cultura, da linha de costa. Avalia-se em cerca de 5 milhões o número de coqueiros existentes no Brasil, cabendo a maior parte à Bahia; seguem-se, como produtores e em ordem decrescente: Alagoas, Pernambuco, Sergipe, Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão, Pará, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Piauí ao todo doze estados litorâneos. A produção brasileira é ainda muito inferior à dos principais exportadores; o nosso rendimento por pé e por ano é bastante escasso e irregular, para fixar-se uma média. No entanto o índice de 13 a 20 cocos - quando o horizonte de produtividade da planta é de 300 a 400 frutos! - aproxima-se da realidade e comparando-a com a produção da África, Ásia e Oceania, de 100 a 150 unidades por pé e por ano, tem-se uma idéia da nossa situação no mercado mundial desse produto. Não obstante o nosso fraco coeficiente, um cultivo mais racional e eficiente combate às pragas, levarão os coqueirais a, uma produtividade excelente. Nas Índias Orientais salientam-se cinco variedades principais, e dentre estas a dwarf coconut ou coqueiro anão, aclimou-se perfeitamente no Brasil com bom nível de produção. Das variedades existentes em nosso país, distinguem-se também cinco, bem diferenciadas: coco-verdadeiro ou coco-da-índia; coco-sanguíneo; coco-vermelho; coco-caboclo e coco-branco. Do coqueiro nada se perde; tudo se aproveita em natureza ou pela transformação industrial. Das suas diversas utilidades podemos enumerar: o côco, por si mesmo ótimo alimento, além de servir a outros misteres; a fibra extraída das brácteas e das espatas; o toddy e o arac, bebidas extraídas das inflorescências, do palmito consumido como alimento de fino paladar; a água de côco, nutritiva, diurética, higiênica e refrescante, ensina o técnico G. BONDAR; o leite de coco, obtido da amêndoa; a farinha de côco, feita da massa da amêndoa livre do leite e seca; a copra, de grande procura e consumo no preparo de óleos alimentares; o coiro ou cairo, nome comercial da fibra preparada com o mesocarpo ou casca externa do fruto, utilizado na indústria de fibras e papelões; a casca do endocarpo, aproveitada para o fabrico de carvão ativo; a torta ou farelo de coco, substância azotada e rica em proteínas, e que é o resíduo da amêndoa depois de extraído o óleo. Além de muitas outras utilidades. A gravura reproduz um trecho de litoral nordestino, onde junto ao mar se levantam extensas formações destas palmeiras, vergadas pelos ventos, as raízes expostas pelo movimento das areias; o tronco cilíndrico, por sua particular estrutura, bem como o forte enraizamento permitem ao coqueiro resistir aos vendavais, dobrando-se, flexuoso, sem partir-se. Acompanhando o coqueiral, ao fundo, é freqüente verem-se os cajueiros formando cortina de menor porte. E tão prestimosa é esta palmeira que, escreve de modo pitoresco frei VICENTE DO SALVADOR, citando frei GASPAR: " ... das palmeiras se arma uma nau de vela, e se carrega de todo o mantimento necessário, sem levar sôbre si mais que a si mesma". |
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