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Ofícios Urbanos
A vida urbana no Brasil açucareiro era extremamente escassa. Se excetuarmos as cidades de Salvador, Rio de Janeiro, Recife, São Luís e Belém, até ao final do século XVII os aglomerados urbanos não serão nada além de meras extensões das propriedades rurais.
As funções das vilas e povoados eram bem simples. Num primeiro momento, constituíam os pontos de contato entre a administração portuguesa e o poder local dos senhores. Além disso,  tinham a função social de congregar os moradores dos engenhos e fazendas próximas, nas missas e festas, religiosas ou leigas.
A vila só era procurada para compras quando, em épocas de safra açucareira, a produção de alimentos no engenho escasseava, ou quando algum acidente (seca, enchentes, pragas) determinava a mesma situação.
Rio de Janeiro, circa 1816-1830
Rio de Janeiro, circa 1816-1830 - Jean-Baptiste Debret
Por isso mesmo, muitas vezes era a própria câmara municipal quem possuía um armazém para prover esporadicamente os munícipes. O quadro urbano era, portanto, de escassez, mesmo nas cidades maiores.
Pouquíssimas pessoas residiam nas vilas em caráter permanente. Poucos eram os indivíduos ligados à administração (sempre mal remunerada) que ali permaneciam. Só mesmo os "meirinhos" (espécie de oficiais de justiça) dos centros maiores, algum escrivão ou algum almotacé (encarregado da fiscalização dos pesos, medidas etc.) recebiam paga por serviços prestados. Além de um pároco, um ou outro "mascate" ou oficial mecânico, alguns escravos, a população da vila era quase inexistente, nos dias normais. Só em dias de missa ou épocas de festa se povoavam os centros urbanos.
Quanto aos serviços necessários, de construção, abertura de vias, transporte, abastecimento e carregamento, eram realizados por escravos, impossibilitando a formação de uma classe trabalhadora.  Os escassos homens livres da vila tinham características típicas de marginais. Por isso mesmo, a prostituição era muito freqüente, mesmo levando em conta que essa velha profissão dava pouquíssima renda; os senhores e seus parentes em geral se contentavam com as escravas...
Meio século depois da descoberta do ouro, a região das Minas já era a mais populosa e a mais rica da colônia. A atividade mineradora propiciou a criação de uma ampla camada intermediária entre cidadãos ricos e os pobres trabalhadores das lavras. Eram artífices e músicos, muitos deles
mulatos e negros, que conseguiam alcançar um padrão de vida razoável e desligar-se das tarefas de subsistência para só se dedicarem a suas especialidades.

Em Minas Gerais, nas ruas de Vila Rica podiam-se encontrar lojas de sapateiros, ferreiros, tanoeiros (aquele que faz e/ou conserta pipas, cubas, barris, dornas, tinas, etc.), joalheiros, carpinteiros, etc., a ponto de surgirem, ali como nos outros núcleos mais importantes, ruas "especializadas" em um tipo de artigo ou serviço. Mesmo na periferia rural, não poucos se dedicavam a fazer sabão, preparar doces ou carnes de porco defumadas, produzir queijos etc.
No setor de serviços, surpreendia às pessoas acostumadas à sua absoluta ausência nas vilas do açúcar. Era muito fácil em Vila Rica cruzar com boticários, estalajadeiros, taberneiras, cirurgiões -barbeiros, prestamistas, mestres-escola.
Em 1816, Jean-Baptiste Debret chegou ao Rio de Janeiro, para atender aos milhares de nobres, funcionários e diplomatas vindos com a corte de D. João VI. Integrante da missão francesa contratada para fundar na sede do reino uma escola de artes, ciências e ofícios, registrou em
Vila Rica (parcial) por Armand Julien Pallière, 1820
Em 1816, Jean-Baptiste Debret chegou ao Rio de Janeiro, para atender aos milhares de nobres, funcionários e diplomatas vindos com a corte de D. João VI. Integrante da missão francesa contratada para fundar na sede do reino uma escola de artes, ciências e ofícios, registrou em minúcias o cotidiano de pobres e ricos de todas as etnias e descreveu os diversos ofícios da época.
Veja no menu ao lado: carregadores, barbeiros, vendedores, etc.

O jornal Aurora Fluminense, criado em 1827, faz uma crítica contra a influência francesa na vida do Rio de Janeiro:

(...) Que espécie de capitais nos têm trazido os seus patrícios? Que negociadores, que especuladores, que capitalistas têm vindo aqui estabelecer-se? Serão esses que enfeitam a rua do Ouvidor com seus bonitos armazéns de modas e nouveautés? Serão os cabeleireiros, alfaiates, perfumadores e dentistas, todos de Paris?


Durante os três primeiros séculos de nossa história as atividades industriais (aqui entendidas no sentido genérico do termo) reduziam-se, praticamente, à fabricação do açúcar nos engenhos e à mineração. As técnicas utilizadas em ambos os casos eram bastante rudimentares,  havendo pouca diferença entre o processo de fabricação do açúcar e da aguardente no século XVI e no início do século XIX. A produção de ouro era já bem reduzida em 1808, entrando a mineração em decadência, cada vez mais acentuada, apesar da contratação de técnicos e engenheiros europeus e de outras medidas adotadas por D. João VI.  Durante esse longo período colonial, uma série de outras atividades industriais - artesanais e manufatureiras - foram aqui desenvolvidas, porém todas elas com um caráter de atividade acessória, ocupando um papel secundário no conjunto da economia.

Fontes: Brasil História - Texto e Consulta: 1 Colônia / Antonio Mendes Jr., Luiz Roncari e Ricardo Maranhão - São Paulo: Editora Brasiliense, 1979.
O Brasil sem retoque: 1808 - 1964: a História contada por jornais e jornalistas, volume 1 / Carlos Chagas - Rio de Janeiro: Record, 2001


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