Era uma vez
Nossa Senhora que ia ao
encontro de Jesus; passando por uma campina toda estrelada de
minúsculas florinhas alva, quedou-se a contemplá-las
com imensa ternura e dos seus olhos cor do céu caíram
lágrimas de saudade do seu divino Filho.
As lágrimas da Virgem orvalharam
as pétalas das pequeninas flores que, desde aquele instante,
tomaram a cor dos olhos de Maria e azuis ficaram para todo o sempre.
São as miosótis.
Essa lenda é
popular em Minas
Gerais e, segundo parece, mo mundo inteiro.
Miosótis é uma palavra
grega, constituída de “mus” ou “muos”
que significa rato e “ous” ou “otos”
que quer
dizer orelhas, de onde a nossa delicada flor ser conhecida no mundo
grego pela designação de orelhas de rato. Tal
espécie viceja de preferência nos lugares úmidos,
nas margens dos regatos.
Em alguns lugares, simboliza uma terna
lembrança, uma saudade. É o que encontramos na delicada
versão mineira. Mas não é só em Minas.
Uma antiga lenda alemã conta que
dois noivos passeavam à beira do Danúbio. Em certo
ponto, viram uma florzinha azul celeste boiando na corrente. A moça
viu-a e lamentou o seu destino. O rapaz, então, tentou
apanhá-la mas caiu na água. Num derradeiro esforço,
pegou a flor e atirou-a à noiva, gritando as comoventes
palavras que deram origem ao doce nome da flor: vergissmeinnicht.
Era como se suplicasse: Não te
esqueças de mim!
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A mesma
lenda deve existir na
Inglaterra, onde as miosótis tem o nome de forget me not,
sempre com a mesma delicada significação.
No Brasil, além do nome erudito
de miosótis, essas minúsculas e delicadas flores
apresentam, entre o povo, o nome de “não-te-esqueças-de-mim”.
Em Minas Gerais, como já vimos,
ela se enquadra nas lembranças de Nossa Senhora e do Menino
Jesus. |