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Eram os Mundurukú,
do
rio Tapajós. Vendo-se entre dois fogos, alguns grupos Mura
procuraram espontaneamente uma vila civilizada, propondo paz. A este
grupo se seguiram outros. Nessa época a população Mura foi orçada
em sessenta mil almas. Em 1820, Martius desceu a estimativa para
trinta a quarenta mil; em 1864, Albuquerque de Lacerda os estimou em
três mil. Segundo cálculo de Nimuendaju, em 1922, os Mura perfaziam
cerca de mil e seicentos indígenas, vivendo principalmente em Autaz.
Um pequeno grupo de uma centena de almas vive ao longo do Maicy,
afluente do Madeira. São os Pirahá, indígenas Mura típicos na
rudeza de sua cultura de povos ribeirinhos, cujas casas são simples
pára-ventos e cuja tralha doméstica é das mais rudimentares. Entre
o Tapajós e o Madeira viviam os Mawé. Ali foram encontrados pelos
jesuítas do século XVIII e ali mesmo reunidos em missões,
escravizados e conduzidos para fora ou chacinados, conforme aceitavam
ou se opunham à subjugação por parte dos padres e colonos. Que
jamais se submeteram, indica o fato de que, após três séculos e
meio de contato permaneceram Mawé, lutando hoje como sempre pela
posse da terra e sendo aliciados por todos os movimetos de revolta da
população civilizada, já que não eram capazes de movimentos
próprios.
Os Mundurukú, tribo Tupi do Tapajós, viriam a ocupar, de certo modo, o lugar dos Mura nas crônicas guerreiras da Amazônia. As primeiras notícias desta tribo, datada de 1770, já se referem ao seu expansionismo pelo médio e baixo Tapajós de onde estavam desalojados os antigos habitantes. Os Mundurukú não se limitaram à região do Tapajós e Madeira; suas expedições de guerra alcançaram o Xingu e o Tocantins, indo além, até os limites orientais da floresta Amazônica. Gonçalves Tocantins avaliou a população Mundurukú em 18.910, por volta de 1877, em 1960 estavam reduzidos a 1.250. |
Homem Mawé
Spix e Martius - Viagem pelo Brasil (1817 - 1820) |
Em meados do século
XIX surge na região, uma outra tribo guerreira. Os Parintintín
(Kawahíb), que daí em diante, ano após ano, atacariam indígenas e
civilizados, acabando a ocupar o antigo território dos Torá, Mura e
Pirahá e se constituírem em nova barreira à expansão dos
civilizados no Madeira. O apogeu do domínio Parintintín se daria já
no século XX, precisamente no período da alta da borracha.
A marcha dos caucheiros (extratores de borracha da árvore chamada caucho) e seringueiros no alto Amazonas foi tão violenta quanto nas outras regiões. Aldeias interias de indígenas Mawé foram destruídas por seringalistas que cobiçavam os ricos seringais de suas terras. As aldeias do médio Tapajós onde, depois de subjugados, se estabeleceriam os Mundurukú também foram assaltadas por seringueiros. Os Torá, Matanawí e Pirahá devem ter sido algumas das maiores vítimas dos caucheiros e seringueiros em virtude do estado de decadência em que já se encontravam quando o rio Madeira foi por eles invadido. Assim foram dominados, um após outro, Os Torá, Mura, Mawé, Mundurukú, todos enfraquecidos pelas lutas contra outras tribos e pelos ataques de invasores todados de armas mais eficientes. Durante a Cabanagem, movimento revolucionário (1833 /1839) que reuniu caboclos, negros, brancos pobres e indígenas, na mais violenta rebelião da Amazônia, Os Mawé, os Mura, os Mundurukú aderiram à insurreição, engrossando as forças cabanas, e seu território constituiu o maior reduto de revoltosos. Nas campanhas de 1834/1839, em que as forças legais derrotaram os cabanos, estes indígenas sofreram massacres em massa, conservando-se, porém, fiéis aos rebeldes. |
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A
história da chamada "aculturação" dos Apiaká é uma repetição do que
ocorreu com outros povos indígenas. No início da colonização, os Apiaká
eram um povo guerreiro e muito temido que vivia na bacia do Tapajós. Em
menos de duzentos anos a sociedade nacional quase exterminou este povo.
Hoje vivem nas cidades da região do Tapajós e na área indígena do rio
dos Peixes, perdendo a língua e parte de seus costumes. Aqui vemos dois
momentos da história desse povo. Acima, à esquerda, um desenho de Hercules Florence
de 1828, que resgata a beleza física, a rica pintura corporal desse
povo; à direita, gravura de 1895, mostrando os Apiaká nesse doloroso
processo de aculturação.
Indígenas do Juruá-Purus Grande parte
das tribos
do Juruá-Purus desapareceu antes que fosse possível qualquer
documentação sobre seus costumes; de muitas delas só se conhece a
crônica das violências de que foram vítimas, crônicas, aliás,
quase idênticas, pois os mesmos fatos se repetiram com uma tribo
após outra: os homens eram escravizados, as mulheres mais vistosas
tomadas como amásias pelos seringueiros e também engajadas nas
tarefas de subsistência; as crianças robustas, que prometiam moças
fornidas para o amor e para o trabalho e os meninos mais vigoros, que
podiam dar bons trabalhadores, eram levados pelo patrão. |
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