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Tipos Regionais : Norte
O Caboclo Amazônico
Área de domínio da floresta equatorial também abriga muitos cerrados e campos, em extensões mais reduzidas.

A Região Norte possui uma sociedade em que a expressão indígena predomina, tanto sob o ponto de vista étnico, quanto sob o cultural.

Da mestiçagem do branco com o indígena resultou o curiboca (às vezes denominado, erroneamente, tapuio) e da do curiboca com o branco, o mameluco. Na linguagem do  povo, porém, curiboca e mameluco são englobados na  denominação geral de "caboclo", palavra que, segundo  Teodoro Sampaio, vem do tupi caa-boc que significa  tirado ou procedente do mato. O vocábulo possui,  entretanto, outros significados, inclusive o sentimental, em cujo caso passa a ter a significação de pessoa querida.
Região Norte - montagem Angelo Zucconi
Região Norte - Montagem de Angelo Zucconi
As atividades econômicas mais importantes estiveram sempre ligadas ao extrativismo vegetal, cujo apogeu situou-se entre 1870 e 1910 com a borracha causando o primeiro surto migratório, com a chegada de milhares de nordestinos.
A proibição legal da garimpagem em terras indígenas não é respeitada, nem mesmo pelo Estado que, ao implantar o Projeto Carajás, não se preocupou com os 12.500 indígenas que ficaram dentro da área.
Se, na realidade, por um lado, não existe um tipo único de caboclo amazônico é porque, num ou noutro ponto, sempre  houve uma predominância de um elemento étnico no  caldeamento, por outro, a seleção de tipos humanos  característicos somente seria possível se estabelecer em  função dos gêneros de vida e horizontes de trabalho encontrados em áreas geograficamente distintas. Neste último caso, de acordo com um seguro observador - Moacir Paixão e Silva - fora das zonas do Baixo Amazonas e do Rio Branco, de onde emergem os tipos bem diferenciados do vaqueiro de Marajó e do vaqueiro dos campos do Rio Branco e excetuadas, outrossim, as áreas das altas cabeceiras onde se processam a exploração da seringueira e a coleta da castanha, segundo normas de trabalho peculiares, o que existe é uma vasta zona de comportamento humano unificado. O fato se verifica tanto no  Madeira quanto no Solimões, tanto no Tocantins quanto no Tapajós ou no rio Negro. E, na opinião do mesmo autor, (Sobre uma Geografia Social da Amazônia, divulgação do EIP, Manaus, Amazonas, 1943, p. 61), com a pesca e o pequeno plantio, a coleta florestal, a vida nos postos de lenha, nos jutais, "aí é onde se encontra a Amazônia genuinamente nativa, curiosa naquela socialização, cujas maneiras são ainda as do bugre manso. É zona de influência da economia do caboclo".
Esse caboclo tem um tipo étnico semelhante ao do índio. Pigmentação epidérmica, a barba diluída, certa obliquidade dos olhos, sobriedade dos gestos. Onde quer que atue e seja qual for a atividade a que se dedique, o caboclo amazônico traduz sempre a influência atávica na região. Antes de tudo é um nômade. Preferencialmente é um coletor, um pescador ou um caçador. Uma vez ou outra dedica-se à minguada cultura de subsistência, aproveitando ora uma nesga de terra limpa pelo fogo, ora certa porção do solo fértil das vazantes. Planta, então, aqui e ali um pouco de milho e de feijão, alguma batata, uns quantos legumes.
Caboclo Amazônico
Caboclo Amazônico - Ilustração de Percy Lau

Perto da cabana rústica, com dois puxados, de cobertura de palha, soalho e paredes de palmeira "paxiúba", um mandiocal e um bananal completam o quadro da moradia. As vezes, um pequeno cercado próximo abriga algumas tartarugas fluviais.

A moradia se ergue sobre estacas, a fim de evitar a invasão das águas nas enchentes ou, finalmente, assenta num pequeno terraço marginal, a regular distância de um barranco tornado íngreme pela erosão do rio. Mata espessa barra os fundos da habitação, enquanto a frente se volta para o curso d'água, a cujo leito se vai ter mediante a descida de alguns degraus cavados no barranco de argila. Em baixo, uma frágil canoa flutua. É a "montaria", dentro da qual o arco e as flechas parecem aguardar o momento de sua utilização na pescaria em algum remanso de igarapé.

Sem dúvida, em combinação com os resquícios dos usos e costumes primitivos, pauta o caboclo amazônico todas as formas e modos de sua atividade pelas contingências do meio físico, de que o rio e a floresta constituem a maior expressão. 

"Com o seu profundo senso de acomodação geográfica, ilustrou M. P. e Silva, o caboclo seleciona a foz dos igarapés, o ângulo das confluências, as margens mais bucólicas para ali levantar sua habitação, fazer vida calma e sem ambições, saqueando o rio para comer, dormindo preguiçosamente quatorze horas por dia, dançando, rezando nas ladainhas e enchendo a sua paisagem familiar de curumins distróficos e analfabetos. Aproveita o rio como linha de transporte e comunicações, serve-se da sua dinâmica de enchentes e vazantes para estabelecer o equilíbrio do plantio e da colheita, para o trabalho da criação e da pesca, da indústria extrativa e das viagens de mercadejamento. Nas regiões inundáveis, a Amazônia originalízou-se por tipos sociais e econômicos que são um reflexo da sua razão fluvial. A maromba, as  jangadas, a morada palafita, o flutuante, o banheiro, o gurupapé, representam elos dessa cadeia em que o homem se ajusta gostosamente. Ali as formas de aculturação procedem, quase em totalidade, daquela disciplina que o rio caracteriza".

Em particular o caboclo, quando tapuio, isto é, quando indígena civilizado ou de sangue misturado, no qual o do indígena prepondera, possui estatura baixa, corpo robusto e uma pele cor de canela ou da de uma usada moeda de cobre. O nariz é chato e largo nas extremidades. Os cabelos são negros, duros e lisos, a fronte é curta.
Já os caboclos mamelucos possuem caracteres físicos muito mais variados. O verdadeiro mameluco possui estatura mais elevada, pele cor de canela, passando por todos os matizes, fronte um tanto baixa, olhos menos oblíquos e mais vivos. Os cabelos embora negros e grossos passam a ondulados, algumas vezes.
Os mamelucos formam a parte mais característica da população amazônica e se encontram perfeitamente adaptados ao meio.
Mameluco, curiboca ou tapuio, - não importa o tipo étnico - o fato é que o caboclo amazônico, altamente representativo da Região Norte, é, sem dúvida, o canoeiro e o mariscador ordinariamente encontrados nas zonas alagadiças de várzea.


Fonte: Caboclo Amazônico / José Veríssimo da Costa Pereira in Tipos e Aspectos do Brasil. - Departamento de Documentação e Divulgação Geográfica e Cartográfica / Instituto Brasileiro deGeografia / Fundação IBGE. - Rio de Janeiro, 1970



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