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Como
Nasceram as Estrelas |
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No
planalto oriental do Estado do Mato Grosso
vive uma tribo de índios. Os orarimogodogue, mais conhecidos por
bororo. Têm o hábito de se reunir todas as noites. Em voz
alta, contam os fatos do dia, as aventuras e as lendas. É uma das
mais vivas maneiras de perpetuarem a tradição oral da tribo.
As estórias não começam com o “era uma vez”. O narrador
inicia a lenda dizendo “eu digo a vós, meus filhos, a vós,
meus netos, e vós escutais a minha palavra...”
O milho
é um dos principais alimentos
dos bororo. Um dia as mulheres foram à roça colher milho,
mas encontraram umas poucas espigas. Ficaram muito tristes, pois não
podiam alegrar os maridos que saíram para caçar. Lembraram
então de levar uns meninos que estavam brincando para ajudá-las.
Colheram muito milho e, lá mesmo na
roça, socaram e fizeram bolos para os homens caçadores. Enquanto
pilavam o milho, um menino saiu com uma taquara cheia de grãos de
milho e os deu para sua avó que estava na maloca.
- Prepare bolo para eu comer com meus amigos.
A velhinha não sabia que eles tinham
pegado aquele milho sem ordem das suas mães. Fez o bolo e eles comeram.
Mas foi um trabalhão para a velhinha. Um papagaio estava olhando
tudo e sabia da tramóia dos meninos. Cortaram-lhe a língua.
Os meninos, bem alimentados pelo bolo de milho,
pensaram em subir para o céu. Foram à mata, pegaram um beija-flor,
amarraram em seu bico um cipó e ordenaram-lhe que voasse o mais
alto possível e prendesse a ponta no céu. O Beija-flor fez
como lhe haviam pedido. Enquanto ele
voava, emendaram várias cordas de cipó
até perder de vista. Os meninos foram subindo, subindo, um a um,
pelo cipó céu acima...
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Quando as
mulheres voltaram da roça
perguntaram pelos meninos. A velhinha, de tão cansada, dormia
pesadamente.
Perguntaram para o papagaio e ele nada respondeu porque tinham lhe
cortado
a língua.
As mulheres começaram a procurar os
meninos e nada. Uma viu um cipó, olhou melhor e concluiu - eles
subiram ao céu por aqui. Começaram a gritar para que os meninos
voltassem. Mas o beija-flor cada vez levava mais alto a ponta do cipó.
Eles não quiseram voltar, mesmo suas mães implorando, chorando.
Desobedeceram.
Como castigo de sua desobediência e
ingratidão, foram obrigados, todas as noites, a olhar para a terra
para ver se suas mães ainda estão chorando. E os olhos dos
meninos se tornaram as estrelas... |
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