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A Criação do Mundo
A Criação do Mundo
Dentre as lendas carajá está a da criação do mundo. São unânimes em afirmar que originaram do Furo das Pedras. Um local debaixo d’água, perto do rio Macaúba. Seus parentes, os javaé e os xambivá, teriam a mesma origem. Afirmam que os animais se transformam em homens e vice-versa. Acreditam que os astros são povoados por seres humanos, que descem à terra.

Os índios carajás são originários de um mundo subterrâneo, onde a luz do sol penetra enquanto aqui é noite. Aí nesse furo viviam os antepassados dos carajás, dos javaés, dos xambivás.
Eram muito felizes e morriam de velhice só mesmo depois de terem cansado de viver.
Um dia saíram de lá e passaram a percorrer a terra. Entretanto, um deles, por ser muito robusto, não conseguiu passar seu corpo pelo furo da pedra. Lá ficou entalado.
Os que estavam na terra, ao regressar, trouxeram-lhe frutos, comidas e galhos secos de árvore. Ele observou e disse: “Não quero ir para este lugar, lá as coisas morrem cedo. Vejam os galhos secos das árvores. Voltem para nosso lugar onde viveremos para sempre.”
Mas ele voltou sozinho para o fundo do buraco e os carajás ficaram na terra.
E tudo aqui era escuro... Alimentavam-se com raízes e frutos do mato que precisavam ir catar.
Aí um menino chegou, viu uma menina, achou-a bonita e com ela se casou...
Depois, mandou que ela fosse ao mato buscar frutos. E estava tudo escuro. 
Aproximou-se a mãe, que desejou ajudar, mas como estava escuro para colher frutos, machucou a mão nos espinhos. 
Nada podiam fazer porque estava escuro, somente quando aparecesse um raio de sol para clarear.
Então, a mãe mandou o menino buscar raízes.
No escuro, o menino pegou mandioca brava e comeu. E começou a passar mal, deitado de costas.
Um urubu, vindo com o seu passo desengonçado, disse para os outros: “Ele não está morto, ainda se move.”
Chegaram mais urubus, o menino continuava de costas, com os olhos piscando... Os urubus foram se aproximando para beliscar o menino.
Mas o caracará, mais cuidadoso, ficou voando em redor, observando. Chegou mais perto do menino e gritou para os urubus: “Cuidado, ele está vivo!”
Os urubus em coro responderam: “Ele está morto!”
E a discussão começou: “Ele está morto! Ele está vivo!”
Então o caracará foi buscar o urubu-rei, que confirmou que o menino estava vivo.
Então o caracará foi buscar o avô do urubu-rei, de bico vermelho e o cabelo ralo, que chegou e disse: “Ele está morto!”
E pousou sobre a barriga do menino. Então ouviu-se um estalo... O menino pegou o urubu-rei com as mãos. Ele se debateu, esperneou, quis fugir, mas estava seguro.
Então o menino disse ao urubu-rei: “Quero enfeites!” E o urubu-rei respondeu: “Vou trazer!”
Trouxe as estrelas do céu. O menino não gostou porque continuava escuro: “Quero outro
enfeite!”
O urubu trouxe a lua.
E o menino respondeu: “Também não serve, ainda está escuro!”
Então o urubu-rei trouxe o sol. E o menino ficou contente porque tudo ficou claro.
Era o dia.
A mãe se aproximou do urubu-rei, que passou a ensinar-lhe a utilidade de todas as coisas.
Então o menino soltou o urubu-rei. Nisso a mãe lembrou-se de perguntar qual era o segredo da eterna juventude. O urubu respondeu, mas infelizmente ele estava tão alto que todos ouviram a resposta, as árvores, os peixes, os animais, menos a mãe e o menino.
É por isso que envelhecemos e morremos.

Fonte : Brasil, histórias, costumes e lendas - São Paulo: Editora Três Ltda., s/data
Ilustração: José Lanzellotti


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