A
menina-moça dirige-se, então, ao igarapé,
para preparar a mandioca que ali estava à sua espera. Como não pode
tocar em água, cobre o chão com folhas. Ali, sobre aquela esteira
verde, descasca as mandiocas, leva depois para a casa do forno, onde
rala uma parte e espreme outra no tipiti.
Sai para apanhar lenha para o forno de farinha, acende-o e, sempre
sozinha, sem qualquer ajuda, prepara um pouco de tapioca de tucupi e de
farinha que distribui a todos os moradores da aldeia, dando ao pai uma
cuia menor do que às outras pessoas.
Depois
dessa distribuição, volta à casa de reclusão, onde o pai lhe corta os
cabelos. No dia seguinte poderá sair. Mas continua por algumas luas
sujeita a muitas restrições e morando no quarto escuro, só podendo
casar-se no décimo mês, ou seja, após o pleno crescimento dos cabelos.
Nem
todas as moças tem uma entrada tão brilhante na vida de mulher e um
casamento tão interessante. Nem imagine que isso seja privilégio das
filhas de capitães. É que aqui, como em todas as sociedades do mundo,
há padrões ideais de comportamento, normas, rituais que todos conhecem
e constituem o que deve ser feito para assegurar-se plena euforia
social. Mas poucas vezes elas são levadas à prática em todos os seus
itens, dependendo do grupo todo viver no momento uma situação boa, de
grande fartura e harmonia para que se realize um casamento ou uma
iniciação segundo o modelo ideal. Em geral, os casamentos e outras
cerimônias são aproximações muito modestas dessas normas.
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