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Adornos
Pintura
Preparo da pintura
Pintura Asurini do Trocará
Pintura Asurini do Xingu
Pintura Wayana
Pintura Xavante
Pintura Xerente
Plumária

Pintura corporal

Do texto de Lux Vidal
A pintura e as manifestações gráficas dos grupos indígenas do Brasil foram objeto de atenção de cronistas e viajantes desde o primeiro século da descoberta, e de inúmeros estudiosos que nunca deixaram de registrá-las e de se surpreender com essas manifestações insistentemente presentes ora na arte rupestre, ora no corpo do indígena, ora em objetos utilitários e rituais, nas casas, na areia e, mais tarde, no papel.

No entanto, mesmo neste século, apesar da riqueza do material disponível, o estudo da arte e da ornamentação do corpo foi relegado a segundo plano durante muitos anos, no que diz respeito às sociedades indígenas do Brasil. As razões para essa recusa se aplicam pelo fato de a arte ter sido considerada como esfera residual ou independente do contexto no qual aparece. Com isso, ignorou-se o tipo de evidência que o estudo da arte aporta à análise das idéias subjacentes a campos e domínios sociais, religiosos e cognitivos de um modo geral.


Apenas recentemente a pintura, a arte gráfica e os ornamentos do corpo passaram a ser considerados como material visual que exprime a concepção tribal de pessoa humana, a categorização social e material e outras mensagens referentes à ordem cósmica. Em resumo, manifestações simbólicas e estéticas centrais para a compreensão da vida em sociedade.

Em certos grupos indígenas, a arte pode atingir níveis de um virtuosismo extremado, como ocorre, por exemplo, na antiga pintura facial dos kadiweu. Apesar disso, permanece estática por longos períodos, pois se relaciona com uma trama de significados sociais e religiosos (isto é, com modos de classificar e interpretar o mundo) de cuja preservação participa, criando marcos tangíveis para seu reconhecimento. Mesmo assim, ela não é imune às transformações sociais e ecológicas... 
Pintura corporal
... o contato interétnico, ou mesmo aquele realizado com a sociedade envolvente, pode resultar também em estímulo ao desenvolvimento da arte tradicional dos diferentes grupos, necessitados mais do que nunca da afirmação de sua identidade cultural. Nesse contexto, percebe-se claramente que a obra de arte faz parte da história e das experiências atuais de uma sociedade: sua especificidade, autonomia e seu valor estético não a separam absolutamente das outras manifestações materiais e intelectuais da vida humana. No contexto do tribal, mais que em qualquer outro, a arte funciona como um meio de comunicação. Disso emana a força, a autenticidade e o valor da estética tribal.

Fonte : Iconografia e grafismos indígenas /  Lux Vidal in Grafismo Indígena: Estudos de Antropologia Estética / Lux Vidal (organizadora), 2ª ed. – São Paulo: Studio Nobel: FAPESP: Editora da Universidade de São Paulo, 2000.

Lux Vidal - Estudou na França, Espanha e Estados Unidos, onde deteve o título de Bachelor of Arts em Filosofia, Antropologia e Teatro. Foi professora no Liceu Pasteur e desde 1969 é professora do Departamento de Antropologia na Universidade de São Paulo, onde obteve os títulos de Mestre e Doutor. Tem como áreas de interesse a teoria antropológica, os índios do Brasil e a etnoestética. É membro do Conselho da Comissão Pró-Índio de São Paulo e Assessora dos índios Kayapó-Xikrin do Cateté e do Bacajá. É autora do livro Morte e Vida de uma Sociedade Indígena Brasileira e de vários artigos sobre assuntos ligados à etnologia brasileira e política.


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