Volta ao Portal incicial: Terra Brasileira
Brasil Indígena
História dos Contatos
Integração
Povos Indígenas Modus
Mitos
Ritos
Ornamentação
Questões Indígenas
Contatos

Volta ao início: Brasil Indígena

Contato Intermitente
Contato Permanente
Integrados
-Rio Negro
-Cruzada
-Perda da memória


Integrados
Grupos Indígenas Integrados
(Reportagem de 1996 de Ulisses Capazoli)
RIO NEGRO

O antropólogo e senador Darcy Ribeiro afirma na obra “Os índios e a Civilização – A Integração das Populações Indígenas no Brasil Moderno”, que desde o século 17 os nativos da região do Alto Rio Negro são submetidos a “descimentos” e ao cativeiro promovidos pelas mãos de colonos. “Descimentos” é um termo ameno, da época, para se referir aos indígenas que eram capturados no interior do País e levados para o litoral, onde exerciam trabalho escravo. Houve muita violência na região e a violência do passado deixou cicatrizes. Elas ainda são visíveis entre as 20 diferentes etnias da região, herdeiras de três diferentes famílias linguísticas: tucano, aruaque e macu. Por fim, em 1916, chegaram as missões salesianas que, à época, eram intolerantes com as manifestações da cultura indígena”.
Rio Negro
O Rio Negro e suas corredeiras: uma das áreas de ocupação européia mais  antigas na Amazônia; desde o século 17 suas tribos nativas conhecem a escravidão, a destribalização e os efeitos da evangelização intolerantedo início do século. - Foto de Itamar Miranda/AE

No Rio Negro, indígenas vivem a desagregação
Mais de 300 anos de contato submisso com os civilizados reduziram a vida dos habitantes da região à penúria.
O Rio Negro, com nascente na Colômbia, é uma das áreas de ocupação européia mais antiga na Amazônia.
Citando o antropólogo Curt Nimuendaju, com informações datadas de 1950, o antropólogo diz que ainda nos primeiros anos deste século quatro grupos eram claramente distinguíveis, tanto por suas culturas quanto pelas línguas, ao longo do Rio Negro. O primeiro era formado por população mestiça, cruzamento de europeus com as indígenas dos “descimentos”. Essa gente se entendia no nheengatu (do tupi “língua boa”) ou língua geral, introduzida na região por missionários, colonos e escravos indígenas. Eles se concentravam no Baixo Rio Negro, em torno da cidade de São Gabriel da Cachoeira. O segundo grupo era remanescente de povos da língua aruaque, que haviam alcançado um sofisticado desenvolvimento em cerâmica, lavoura, construção de canoas, tecelagem, habitações coletivas e armas de guerra como a zarabatana, dardos envenenados, escudos.
O terceiro grupo reunia povos de língua tucano vindos do oeste e com cultura menos elaborada. Eles assimilaram elementos aruaques. O quarto era formado por povos de línguas diversas, todos de cultura rudimentar. Com os contatos, eles foram se “aruaquizando” e “tucanizando”.
Os 300 anos de civilização e catequese já haviam reduzido suas vidas à penúria, mas eles ainda enfrentavam novos choques. De um lado com os caucheiros (coletores de caucho, látex de segunda categoria) , seringueiros e balateiros que vinham tanto da Colômbia, pelo Rio Uaupés, quanto pelo Negro.
De outro, sofreram com a sedução dos regatões, barcos comerciantes que ainda hoje desenvolvem seus negócios em certas regiões da Amazônia e são conhecidos pelas práticas irregulares no trato com os indígenas e seringueiros. Os regatões minaram com aguardente as últimas reservas morais desses indígenas em decadência e, no final, venderam-nos aos caucheiros como mercadoria ordinária. Por último, na trilha dos regatões, vieram os missionários salesianos. Esses religiosos, segundo Darcy Ribeiro, “apesar de não ser a menor calamidade, não era a menos  deletéria, pela intolerância às manifestações da cultura indígena”.

Fontes: Rio Negro / Ulisses Capazoli - Caderno Extra - O Estado de  S. Paulo - 8 de dezembro de 1996



Volta ao Topo

Deixe seu comentário: Deixe seu comentário:
Correio eletrônico Facebook
Livro de visitas Twitter