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Tecelagem Indígena
Técnicas Básicas de Tecelagem
A arte de tecer admite duas macro-divisões: trabalho em trama e trabalho em malha. A primeira pressupõe o uso de um dispositivo para a tensão dos fios da urdidura: o tear. E o uso de dois elementos, urdidura e trama ou dois conjuntos de elementos que se entrecruzam formando o tecido. A segunda se processa pelo emprego de um único elemento contínuo de  tamanho finito ou infinito, e o uso ou não de um implemento, agulha de ponta (tricô), agulha de gancho (crochê) ou agulha de orifício (enlace), ou simplesmente um gabarito. O trabalho em trama compreende as seguintes técnicas básicas , contratorcer, entretecer, entretorcer. A técnica de acoplar, embora feita com um único elemento contínuo, não pode prescindir de tear: duas estacas fincadas no chão onde se tece o produto. O mesmo diz respeito a outro tipo de acoplamento, tipo Tumupasa, feito com tear. O trabalho em malha inclui as técnicas de entrelaçar (com ou sem enodação), e a de interlaçar (crochê, tricô). O trabalho a dedo que, como o nome indica, é executado sem qualquer implemento, compreende a técnica de entrançar, isto é fazer tranças com três ou mais fios, de queresulta a passamanaria.

Acoplar: Ligação que se realiza por meio de uma conexão elástica na qual intervém: um fio contínuo de extensão ilimitada e um dispositivo de sustentação: o tear. Resulta um tecido elástico, em sentido transversal, leve e fresco. Essa técnica é empregada unicamente na produção de redes de dormir pelos Tukúna e Tiriyó. Apresenta uma variante: acoplamento com malha saltada. Entre os Makuxí, Taulipang e Wapitxâna registra-se uma técnica com princípios semelhantes, também exercida com um elemento contínuo e ajuda de outro tipo de tear: um retângulo completo. O tecido resultante é designado "acoplado tipo Tumupasa" .
Detalhe Tipóia
Detalhe de tipóia: tecido sarjado de algodão
Repare-se o padrão labirinto e a faixa
amarelo-mostarda obtida com açafrão-da-terra. Indígenas Jurúna - Foto: Fred Ribeiro, 1981

Acoplado
Acoplado tipo Tumupasa. Processo de manufaura de tipóia em
tear com separadores.
Contratorcido
Contratorcido alternado com uso de bobinas.
Entrançado
Entrançado (passamaria)
Acoplado tipo Tumupasa: Técnica de acoplamento com o uso de um pequeno tear com a urdidura na vertical, manipulado nessa posição e/ou horizontalmente, e o emprego de fio contínuo de tamanho ilimitado. Os urdumes interceptam uns aos outros de tal forma que um elemento ativo
entrecruza diagonalmente outros elementos segundo a fórmula um sobre, um sob. Em outras palavras, cada fio do urdume é cruzado pelo fio adjacente, fixado com separadores, sem empregar trama. À medida que o trabalho prossegue, o urdume se enteia automaticamente no lado oposto. Esse tipo de tecido, extremamente elástico, é utilizado na manufatura de tipóias. Foi minuciosamente descrito por Roth (1924:400-411) sendo encontrado entre grupos Karib, Aruak e Warrau das Guianas (Makuxí, Taulipáng e Wapitxâna do Brasil). Ê também citado entre os Tiriyó (Frikel 1973: 108) e entre grupos da Bolívia por Nordenskiõld (1924:197-8). Adotamos a designação que lhe foi dada por esse autor: tecido tipo Tumupasa, região onde ocorre na Bolívia.

Contratorcer:
Técnica de tecer em tear amazônico com urdume na vertical e/ou tear de varas alçadas com urdume na horizontal em que se combina torção em "Z" e torção em "S" de dois fios, alternada ou conjuntamente, dando a aparência de uma trança.

Entrançar: Técnica de trabalho a dedo usada para a produção de cordões ornamentais, redondos ou quadrados, bastante freqüente como elemento de adorno corporal indígena.

Entrelaçar: Trabalho em malha com um elemento de tamanho limitado. Essa técnica exige o uso de acessório: agulha de orifício ou suporte de estilete que serve de gabarito para uniformizar as malhas. Compreende técnicas de enlace sem enodação e de enlace com enodação, isto é, com a
formação de nós.
Entretecimento flutuante
Entretecimento flutuante (ou brocado)
Entretecimento sarjado
Entretecimento sarjado. Padrão espinha de peixe.
Entrecimento simples
Entretecimento  simples
Entretecer: Técnica de tecelagem em tear amazônico, isto é, com urdume na vertical provido de acessórios, que permitem a abertura de cala e contra-cala para a tramação. Também conhecida como tecelagem verdadeira. O entretecido sarjado é a forma mais elaborada de  entretecimento.

Entretorcer: Técnica de tecer em tear com varas alçadas e o urdume na horizontal mediante a torção de dois fios da trama que englobam, perpendicularmente, um ou mais elementos da urdidura.

Interlaçar: Trabalho em malha executado com um único elemento de tamanho ilimitado, uma vez que o fio enredador não precisa passar pelas laçadas. Crochê e tricô representam os dois principais tipos de interenlace.

Enlace com Enodação (Knoting, knoted loops, i.) Trabalho em malha. Enlace da argola pendente da carreira anterior e formação de um nó. Dependendo do tipo de nó, o verso e o reverso são dissímiles. A enodação se processa com a ajuda de um implemento: agulha de orifício e/ou
gabarito, abarcando uma laçada da carreira anterior que fica pendente. Por isso se diz que o nó é formado de dois elementos, embora executado com um único fio enredador de comprimento limitado. Quando a laçada de sustentação desempenha um papel passivo na feitura do nó, ele pode ser movido ligeiramente e se diz que o nó é suspenso. Quando a laçada da carreira anterior participa de forma mais ativa na constituição do nó diz-se que o nó é fixo. Distinguem-se os seguintes tipos de nós: 1) nó cabeça de calhandra; 2) nó d'eseota; 3) nó quadrado; 4) nó rede de pesca; 5) nó simples. Essa técnica, presente no tecido enredado, do tipo filé (network) é empregada principalmente na confecção de redes de pescar (puçás, jererés, redes de pesca), nas sacolas e sacos-cargueiros.

Enlace Interconectado Figura-de-8
(Figure-8 looping overlaping and interlacing, i.) Técnica de entrelaçar sem enodação. Malhas duplas, adjacentes, interconectadas e sobrepostas formam figuras-de-8. Frequentemente também chamada “forma ampulheta”.
E outros tipos de enlaces.
Entrecimento acetinado
Entrecimento acetinado
Entrecimento sarjado
Entretecimento sarjado, padrão ornamental
losango com diamante, entre outros.
Enlace interconectado
Enlace interconectado figura-de-8
e outros tipos.
Crochê: Técnica de interlaçar (trabalho em malha) com fio de comprimento ilimitado, uma vez que o elemento enredador não precisa ser introduzido totalmente na laçada precedente. "Caracteriza-se pelo interlaçamento (interlooping) vertical e lateral das laçadas e cada nova laçada (ou uma série delas constituindo um novo ponto) prende a anterior na mesma carreira" (L Emery 1966:39). Nos trabalhos de croché, uma trancinha é executada à mão. Subsequentemente, é trabalhada com agulha de gancho, horizontalmente, abrangendo as malhas laterais da mesma
carreira e, verticalmente, as da carreira precedente. Essa técnica é muito difundida entre indígenas do Brasil.


Tricô
: Técnica de interlaçamento vertical. Ou seja, as laçadas são alinhadas verticalmente, cada qual enganchando a laçada correspondente da carreira anterior. A técnica de tricô é descrita e ilustrada por Roth (1924:107), entre os indígenas das Guianas, com o uso de 4 agulhas de ponta e, por D. Newton (1971 :41-44), entre os Timbira e outros grupos indígenas. E difícil distinguir essa técnica no produto final. Estruturalmente, pode ser confundida com o enlace circunscrito, variante de enlace sem enodação, chamada inter-enlace vertical ou vertical interlooping por I. Emery (1966:40). Em ambos os casos, as laçadas nas carreiras subsequentes circundam, por sua porção terminal (coroa da laçada) as da carreira que as antecedem.
Técnica do Crochê
Técnica do Crochê com agulha de gancho.
Técnica do Tricô
Técnica do Tricô com quatro e seis agulhas.
Nó rede de pesca
Nó rede de pesca. 1. Início da enodação
2. Formação do nó.
Estes foram apenas alguns exemplos das técnicas de tecelagem.

Fonte: Dicionário do Artesanato Indígena / Berta G. Ribeiro; ilustrações de Hamilton Botelho Malhano. - Belo Horizonte : Itatiaia ; São Paulo : Editora da Universidade de São Paulo, 1988


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