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A população que morava
nessas
terras como posseiros foi expulsa, e essa gente veio a se unir aos
quase 8 mil trabalhadores da estrada de ferro que haviam sido
recrutados nas grandes cidades e que, após o término da construção, se
viram completamente abandonados. Também foram arruinados os pequenos
madeireiros, pois não podiam competir com uma grande empresa
estadunidense instalada na região do Contestado, a mais moderna
serraria da América Latina, e que exportava a madeira para os Estados
Unidos.
Há tempos aquela região era freqüentada por beatos, que se ocupavam da vida religiosa do povo. Há registros de um João Maria, a partir de 1840, que se seguiu a outro monge com o mesmo nome. O mais famoso foi um terceiro José Maria, que se dizia irmão do anterior e liderou, em 1912,a primeira revolta. O povo se uniu para lutar pela posse da terra, por uma sociedade mais justa, orientada por princípios religiosos. Em 1914 houve um novo confronto em Taquaruçu que resultou em uma verdadeira carnificina. Os sobreviventes se reuniram em novo arraial, Caraguatá. Ali o movimento começou a receber novas adesões e a revolta ganhou um caráter mais organizado. |
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Os rebeldes conseguiram manter
o controle sobre a vasta
região com inúmeras vilas onde viviam os seguidores do monge e alguns
redutos estratégicos. O movimento foi liquidado em fins de 1915, após
quase um ano de intensa luta. Pela primeira vez o governo brasileiro
utilizou aviões de bombardeio e de reconhecimento. Os remanescentes
refugiaram-se no vale do rio Santa Maria, onde foram esmagados por 6
mil soldados do Exército e da Polícia dos dois estados, além de mais
mil homens fornecidos pelos coronéis da região.
A violência e crueldade foram marca da ação das forças governamentais. Casas incendiadas, mais de 6 mil pessoas mortas, inclusive mulheres e crianças. Nesse movimento participaram também indígenas Kaingang e Xokleng, sendo que até hoje os Kaingang de Santa Catarina realizam o batismo de São João Maria. Os remanescentes do Contestado, chamados de cafusos, ainda vivem em Santa Catarina, mantendo uma organização comunitária, sendo seus líderes chamados de cacique e vice-cacique. |
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