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O último Tamoio
O último tamoio - pintado por Rodolfo Amoedo em 1883
O autor deste texto, padre Ruiz de Montoya, foi o superior das reduções do Guairá de 1620 a 1638 e assistiu aos ataques dos paulistas. Revoltado com a violência, viajou até Madri, onde, na corte, apresentou a denúncia. O trecho abaixo é parte deste documento.

"No dia de São Francisco Xavier do ano de 1636, quando se estava celebrando a festa com missa e sermão, 140 brancos do Brasil, acompanhados de 150 tupis, entraram naquela missão. Vinham todos otimamente armados com escopeta e se achavam vestidos com gibões, que são forrados de algodão, pelo que o soldado está protegido dos pés à cabeça e peleja em segurança contra as flechas.

Foi assim, ao som de tambor, bandeira desfraldada e em ordem militar, que os paulistas entraram no povoado, já disparando armas e, sem aguardarem negociação, atacando a igreja com a detonação de seus mosquetes.

Pelejaram todos durante seis horas, ou seja, das oito da manhã até as duas da tarde. Feriram os paulistas a um dos padres com um balaço na cabeça. Nossos índios cristãos lutavam com esforço, esperando também no socorro de gente, que se aguardava. As mulheres e os meninos, de sua parte, pediam socorro de joelhos a Deus, mergulhados em lágrimas.

Vista pelos inimigos a valentia dos sitiados e considerando serem muitos os seus próprios mortos, pretenderam abrir uma passagem por meio de uns paus do forte. Percebeu-o uma índia que, vestindo-se de homem, partiu com uma lança contra um tupi, que já estava abrindo a passagem aos demais, e, atravessando-o, deixou-o morto ali, bem como impedindo a entrada aos outros.

Resolveram os inimigos queimar a igreja... Confesso a este respeito que os ouvi dizerem que eram cristãos, pois nessa hora estavam com enormes rosários. Não há dúvida de que tenham fé em Deus, mas são do diabo as suas obras. Por três vezes atiraram flechas inflamadas, mas, embora com dificuldade, conseguiu-se apagar o fogo. O fogo fez, na quarta tentativa, a presa irremediável na palha da igreja.
Abriram então um portãozinho, pelo qual saíram os índios, assim como faz o rebanho de ovelhas, indo do cercado ao pasto. Com isso acudiram ao mesmo portãozinho aqueles tigres ferozes e começaram com espadas, facões e alfanjes a derrubar cabeças, truncar braços, descarnar pernas e atravessar corpos, matando com a maior brutalidade já vista no mundo. Provavam eles o fio de aço de suas espadas em cortarem os meninos em duas partes, em lhes abrirem as cabeças e despedaçarem os seus membros fracos."

(Montoya, A. Ruiz de. Conquista espiritual feita pelos padres da Companhia de Jesus nas províncias do Paraguai. Porto Alegre, Martins Editora, 1985. p. 244-5)
Furacão sobre Itatim

Pouco antes de 1640, a Espanha concordou em armar os 
indígenas das reduções para barrar a expansão paulista. Mas a medida prejudicava também os encomenderos [grandes proprietários rurais] paraguaios, que exploravam o trabalho forçado dos índios. Em 1640, frei Bernardino de Cárdenas assumiu o cargo de bispo da diocese do Paraguai, despertando a oposição da Companhia de Jesus. Cárdenas era francamente favorável aos encomenderos e terminou sendo expulso de Assunção, em 1644, pelos jesuítas, aliados ao governador Gregório de Hinestrosa. Três anos depois retornou ao cargo e passou a hostilizar seus inimigos. Enquanto isso, Raposo Tavares preparava-se para invadir a província do Itatim, coroando as campanhas de destruição das missões. A 8 de setembro de 1647, os paulistas, sob as ordens do experimentado sertanista, caíram sobre Nossa Senhora de Tare. Os jesuítas em fuga pediram reforços a Assunção, obtendo o silêncio como resposta. Pior ainda, frei Bernardino assumiu o poder após a morte do governador Diego Escobar Osório e nada fez para combater os bandeirantes; pelo contrário, precipitou a expulsão dos jesuítas de Assunção e o confisco de seus bens. Os paulistas assenhorearam-se então da província de Itatim. E quando se retiraram de lá deixaram apenas ruínas que foram ocupadas pelos indígenas Guaicuru e pelas ervas daninhas.

(Saga. A grande História do Brasil. São Paulo, Abril Cultural, 1981. v.2, p. 65)
Ruínas
Ruínas da igreja de Santíssima
Trinidad, Paraguai, que foi toda reconstruída. Aqui venos as arcadas e abóbadas edificadas,  graças ao uso da argamassa de cal.


Fonte:  Brasil Indígena: 500 anos de resistência / Benedito Prezia, Eduardo Hoomaert. - São Paulo: FTD, 2000
 

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