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Abriram
então um portãozinho, pelo qual saíram os índios, assim como faz o
rebanho de ovelhas, indo do cercado ao pasto. Com isso acudiram ao
mesmo portãozinho aqueles tigres ferozes e começaram com espadas,
facões e alfanjes a derrubar cabeças, truncar braços, descarnar pernas
e atravessar corpos, matando com a maior brutalidade já vista no mundo.
Provavam eles o fio de aço de suas espadas em cortarem os meninos em
duas partes, em lhes abrirem as cabeças e despedaçarem os seus membros
fracos."
(Montoya, A. Ruiz de. Conquista espiritual feita pelos padres da Companhia de Jesus nas províncias do Paraguai. Porto Alegre, Martins Editora, 1985. p. 244-5) |
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Furacão
sobre Itatim
Pouco antes de 1640, a Espanha concordou em armar os indígenas das reduções para barrar a expansão paulista. Mas a medida prejudicava também os encomenderos [grandes proprietários rurais] paraguaios, que exploravam o trabalho forçado dos índios. Em 1640, frei Bernardino de Cárdenas assumiu o cargo de bispo da diocese do Paraguai, despertando a oposição da Companhia de Jesus. Cárdenas era francamente favorável aos encomenderos e terminou sendo expulso de Assunção, em 1644, pelos jesuítas, aliados ao governador Gregório de Hinestrosa. Três anos depois retornou ao cargo e passou a hostilizar seus inimigos. Enquanto isso, Raposo Tavares preparava-se para invadir a província do Itatim, coroando as campanhas de destruição das missões. A 8 de setembro de 1647, os paulistas, sob as ordens do experimentado sertanista, caíram sobre Nossa Senhora de Tare. Os jesuítas em fuga pediram reforços a Assunção, obtendo o silêncio como resposta. Pior ainda, frei Bernardino assumiu o poder após a morte do governador Diego Escobar Osório e nada fez para combater os bandeirantes; pelo contrário, precipitou a expulsão dos jesuítas de Assunção e o confisco de seus bens. Os paulistas assenhorearam-se então da província de Itatim. E quando se retiraram de lá deixaram apenas ruínas que foram ocupadas pelos indígenas Guaicuru e pelas ervas daninhas. (Saga. A grande História do Brasil. São Paulo, Abril Cultural, 1981. v.2, p. 65) |
Ruínas
da igreja de Santíssima
Trinidad, Paraguai, que foi toda reconstruída. Aqui venos as arcadas e abóbadas edificadas, graças ao uso da argamassa de cal. |
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