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Caçador de escravos - Debret |
Quase
todas as ordens religiosas aceitaram, sem resistência, o papel de
amansadora de indígenas para a incorporação na força de trabalho ou nas
expedições armadas da colônia. Os Jesuítas, porém, arrependidos de seu
papel inicial de aliciadores de indígenas para os colonos, inspirados
na experiência dos seus companheiros paraguaios, quiseram pôr em
prática, também no Brasil, um projeto utópico de reconstrução
intencional da vida social dos indígenas destribalizados. As missões ou
reduções jesuíticas, mais tarde seriam o alvo preferencial das
bandeiras. |
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Antes
ainda da
chegada de Martim Afonso a São Vicente, em 1532, a caça ao indígena já
era praticada na região. Os portugueses que aí se haviam estabelecido
dedicavam-se ao resgate de escravos e prisioneiros de guerra das tribos
com que tinham contatos amigáveis. Dois centros de tráfico se
distinguiram: o de Tumiam, no antigo povoado que precedeu a vila de São
Vicente, e o de Cananéia, tendo à frente Antônio Rodrigues e o célebre
Bacharel, sendo que cabia a João Ramalho e seus mamelucos estabelecidos
no planalto abastecer o primeiro daqueles entrepostos.
Os
vicentinos souberam aproveitar as lutas dos tupiniquim com os carijó e
tupinambá para ampliar o tráfico com os prisioneiros feitos nessas
guerras, que "desciam para S. Vicente, então conhecido como 'boca do
sertão' e 'porto dos escravos'". Incursionavam os colonos até
às
regiões de São Francisco do Sul e Laguna, despovoando-as de
indígenas. Outros, ainda, buscavam os do Paraguai
escambando-os
com os espanhóis por ferro e outras mercadorias. À medida que São Paulo
de Piratininga ia substituindo Santo André como ponto avançado de
colonização do sertão, atiçava-se a resistência indígena à ocupação de
suas terras. A reação de carijó e tamoio fazia com que se
organizassem, a partir de São Paulo, expedições contra eles.
Eram
as chamadas "lutas defensivas" ou "guerras justas", que acabavam por
"limpar" de indígenas as terras ao mesmo tempo em que justificavam sua
escravização. Inúmeras arremetidas contra eles foram feitas
nesse
período pelos vales do Paraíba, Tietê, Moji Guaçu e alto do
Paranapanema. Jerônimo Leitão, capitão-mor da Capitania de
São
Vicente (1571-1592), destacou-se na luta contra os tamoio no Rio de
Janeiro e contra os tupiniquim e carijó no vale do Tietê. Em
1581, rumando em direção sudoeste, atravessou o Paranapanema e chegou
até à região do Guayrá, onde realizaria novas incursões nos anos
seguintes, de lá trazendo as primeiras levas de indígenas.
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