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O Massacre de Ilhéus
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O Massacre de Ilhéus
O Massacre de Ilhéus - ilustração de Delphim
A violência contra as nações indígenas que viviam na América não foi exclusividade dos espanhóis, como se afirma. Os portugueses, tidos como “dóceis e humanitários”, foram de extrema dureza, como mostra este relato, escrito pelo próprio Mem de Sá, terceiro governador-geral do Brasil, que num só dia deixou por seis quilômetros de praia corpos de Tupinikim mortos num episódio pouco conhecido dos livros didáticos atuais. O número de mortos talvez seja exagerado, mas não a violência, que foi extrema.

"Nestes tempos veio recado do governador como o gentio [o indígena] tupinikim da capitania de Ilhéus se alevantava e tinha morto cristãos e destruído e queimado todos os engenhos dos lugares, e os moradores estavam cercados e não comiam já senão laranjas. Logo pus [reuni] em conselho e posto que muitos eram de opinião que não fosse, por não ter poder para lhes resistir nem o poder do imperador, fui com pouca gente que me seguiu.
Na noite em que entrei em Ilhéus fui a pé dar em uma aldeia que estava a sete léguas da vila em um alto pequeno, todo cercado de água, ao redor de lagoas. E a destruí e matei todos os que quiseram resistir e na vinda vim queimando e destruindo todas as aldeias que ficaram atrás. Porque o gentio se ajuntou e me veio seguindo ao longo da praia, lhes fiz algumas ciladas, onde os cerquei e os forcei a lançarem-se a nado ao mar de costa [muito] brava.

Mandei outros índios atrás deles, que os seguiram perto de duas léguas e lá no mar pelejaram de maneira que nenhum tupinikim ficou vivo. E os trouxeram a terra e os puseram ao longo da praia em ordem [de forma] que tomavam os corpos [alinhados] perto de uma légua.

Fiz outras muitas saídas em que destruí muitas aldeias fortes e pelejei com eles outras vezes em que foram muitos mortos e feridos e já não ousavam estar senão pelos montes e brenhas onde matavam cães e galos e, constrangidos da necessidade, vieram a pedir misericórdia e lhes dei pazes com condição que haviam de ser vassalos de Sua Alteza [o Rei] e pagar tributos e tornar a fazer os engenhos. Tudo aceitaram e fizeram e ficou a terra pacífica em espaço de trinta dias. Isto fiz à minha custa dando mesada a toda pessoa honrada."

(Carta de Mem de Sá ao rei de Portugal, de 31/3/1560. In Silva Campos. Crônica da capitania de São Jorge de Ilhéus. Rio de Janeiro, MEC/Conselho Federal de Cultura, 1981. p. 44)

Fonte:  Brasil Indígena: 500 anos de resistência / Benedito Prezia, Eduardo Hoomaert. - São Paulo: FTD, 2000.
              O Massacre de Ilhéus: Ilustração de Delphim - Terra à vista: Descobrimento ou Invasão / Benedito Prezia. - São Paulo: Moderna, 2002


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