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Um prisioneiro medroso
era excluído, pois o caráter fraco poderia ser incorporado
por aqueles que o ingerissem. Havia, pois uma relação entre
refeição sacrificial, bravura e coragem. O cativo, por sua
vez, desafiava seus matadores, gritando que um dia seus parentes o
vingariam.
O maior desejo de um guerreiro era ser morto pelos seus inimigos.
Ao nascer, o menino era pintado de vermelho e de preto. Recebia como presentes unhas de onças e de gavião, para que tornasse um guerreiro valente, e um pequeno arco e flechas, símbolos de seu futuro belicoso. Através da guerra que os adultos passam um modelo de comportamento para os mais jovens, apreendem conhecimentos de rituais mágico-religioso considerados essenciais na conduta masculina e, mediante o sucesso nas lutas, asseguram alguns direitos na comunidade, como o casamento com várias mulheres e o exercício da liderança. Em consequência desses valores, a guerra é um fator de construção e realização da personalidade masculina tupinambá, na medida em que é entendida como fundamental, enobrecedora e justa, pois é um elemento de articulação social, põe em evidência o valor e poder da cada um e permite punir os inimigos. A guerra repercute, portanto, ativamente no ritmo do desenvolvimento sociopsíquico da comunidade: transfere para fora do grupo as tensões, localizando no "outro" todas as causas dos problemas enfrentados. Como
a guerra só pode ser praticada com a aprovação de
todos, ela também é fator de unidade social; durante a luta,
geralmente corpo-a-corpo, o empenho de cada um afeta todos os
guerreiros,
já que se tem a clareza de que, se o inimigo não for completamente
destruído, a sua vingança poderá ser fatal.
A
aliança que os Tupinambá estabeleceram com os europeus -
portugueses, franceses e holandeses - visava também o combate contra
seus inimigos, os outros povos indígenas.
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