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Os povos indígenas, após conhecerem melhor as intenções dos portugueses, resistiram com bravura à ocupação colonial.

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Os Tupinambá
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Os Tupinambá
Gravura em cobre de Theodor de Bry.
Dança ritual dos Tupinambá.
No centro, três pajés com mantos de penas, cintos e diademas. 
Atualmente existem apenas seis exemplares desse manto, todos  em museus europeus.
Conhecidos também como Tamoio ou Tamuya, viviam numa faixa de litoral que ia da atual cidade de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, a Cabo Frio, no estado do Rio de Janeiro. "Tamoio" significa avô, o mais velho, e "Tupinambá" talvez signifique o primeiro, o mais antigo.

Os Tupinambá viviam sobretudo no estado do Rio de Janeiro, onde se calcula um total de 6 mil pessoas.
O conjunto da nação Tupinambá nessa região não deveria ultrapassar 10 mil pessoas.
Três traços principais marcavam este povo: a inteligência, a guerra e a abertura para o novo.
Eram pessoas muito curiosas e observadoras. Um frade francês, Claude d’Abbeville, que teve contato com um grupo Tupinambá, no Maranhão, escreveu: "Imaginava que iria encontrar verdadeiros animais ferozes, homens selvagens e rudes. Enganei-me totalmente. São grandes discursadores, possuem muito bom senso e só se deixam levar pela razão, jamais sem conhecimento de causa".
Esta agudez de percepção fez com que os chefes enviassem uma delegação à França para pedir ajuda ao rei, na sua luta contra os portugueses no Rio de Janeiro. Não querendo envolver-se na aventura de Villegaignon, marcada por conflitos religiosos, o rei da França recusou-se a ajudá-los. A delegação indígena voltou-se então para a classe dos comerciantes, com os quais conseguiu angariar navios e armas. Há poucas informações sobre essa viagem. Mas uma outra, realizada em 1613, nos foi relatada pelos capuchinhos franceses. A delegação Tupinambá foi recebida pelo rei Luís XIII no palácio do Louvre, ocasião em que fizeram um discurso ao rei em tupi.
A guerra era outro elemento fundamental da cultura tupinambá, na qual a bravura e a vingança exerciam importantes papéis. Considerada uma atividade sagrada, reservada para alguns, de acordo com sua idade, sexo e aptidões físicas. A bravura e o poder de um chefe eram medidos pelo número de inimigos mortos por ele. O inimigo morto era comido pela comunidade em um sacrifício ritual. Havia várias prescrições para esta cerimônia.
Um prisioneiro medroso era excluído, pois o caráter fraco poderia ser incorporado por aqueles que o ingerissem. Havia, pois uma relação entre refeição sacrificial, bravura e coragem. O cativo, por sua vez, desafiava seus matadores, gritando que um dia seus parentes o vingariam. O maior desejo de um guerreiro era ser morto pelos seus inimigos.

Ao nascer, o menino era pintado de vermelho e de preto. Recebia como presentes unhas de onças e de gavião, para que tornasse um guerreiro valente, e um pequeno arco e flechas, símbolos de seu futuro belicoso.

Através da guerra que os adultos passam um modelo de comportamento para os mais jovens, apreendem conhecimentos de rituais mágico-religioso considerados essenciais na conduta masculina e, mediante o sucesso nas lutas, asseguram alguns direitos na comunidade, como o casamento com várias mulheres e o exercício da liderança.

Em consequência desses valores, a guerra é um fator de construção e realização da personalidade masculina tupinambá, na medida em que é entendida como fundamental, enobrecedora e justa, pois é um elemento de articulação social, põe em evidência o valor e poder da cada um e permite punir os inimigos.

A guerra repercute, portanto, ativamente no ritmo do desenvolvimento sociopsíquico da comunidade: transfere para fora do grupo as tensões, localizando no "outro" todas as causas dos problemas enfrentados.

Como a guerra só pode ser praticada com a aprovação de todos, ela também é fator de unidade social; durante a luta, geralmente corpo-a-corpo, o empenho de cada um afeta todos os guerreiros, já que se tem a clareza de que, se o inimigo não for completamente destruído, a sua vingança poderá ser fatal.
Portanto, é preciso unir forças para vencê-lo mortalmente.
(Adaptado de Fernandes, Floretan. A função social da guerra na sociedade tupinambá. São Paulo, Edusp, 1970)

A aliança que os Tupinambá estabeleceram com os europeus - portugueses, franceses e holandeses - visava também o combate contra seus inimigos, os outros povos indígenas.
A sua extrema curiosidade e a atração pelo novo foram elementos fundamentais de sua cultura. Mal sabiam que essa abertura, que parecia uma atitude positiva, colaboraria para a perda de sua identidade e para a sua integração à nova sociedade.


Fonte:  Brasil Indígena: 500 anos de resistência / Benedito Prezia, Eduardo Hoomaert. - São Paulo: FTD, 2000.
Gravura em cobre de Theodor de Bry: ilustra o livro de Jean de Léry. Historie d'une voyage fait en la terre du Brésil.


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