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O Pau-brasil Portugal, dono de um império que se estendia pelos três continentes, não tinha capital e nem gente suficiente para explorar as novas terras, e todo o seu esforço estava voltado para o comércio com as Índias.

Entretanto, não deixou de explorar uma árvore de grande utilidade na Europa - o pau-brasil. Chamada pelos Tupinambá ibirapitanga, já havia sido encontrada na ìndia e era muito usada na tintura de panos. Os franceses e os ingleses também entraram na disputa das novas terras e na possiblidade de angariar grandes lucros. Por alguns machados de ferro, espelhos ou miçangas levavam grande quantidade de toras, que alcançavam um preço extraordinário na Europa.

Tanto os franceses como os portugueses, buscaram cativar a amizade dos indígenas, morando com eles, adotando seus costumes e chegando a se casar com as mulheres indígenas. Eles necessitavam da mão-de-obra indígena para a derrubada das árvores e o transporte até a costa. Como os franceses não podiam construir feitorias, pois seriam alvos dos navios guarda-costas portugueses, viviam nas próprias aldeias. Além disso não estavam interessados em escravizar os indígenas, prática adotada desde o início pelos portugueses.1
Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar os seus arabutan. Uma vez um velho perguntou-me:

- Por que vindes vós outros, maírs e perôs (franceses e portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra? 

Respondi que tínhamos muita, mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas.
Retrucou o velho imediatamente: 

-E porventura precisais de muito? 

- Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregado. 

- ! Retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera. 

- Mas esse homem tão rico não morre? 

- Sim, disse eu, morre como os outros. 

Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo: 

-e quando morrem para quem fica o que deixam? 

- Para seus filhos se os têm, respondi, na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos. 

- Na verdade, continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados (Léry 1960: 151-61).2


Fonte: 1. Brasil Indígena: 500 anos de resistência / Benedito Prezia, Eduardo Hoomaert. - São Paulo: FTD, 2000.
2. Léry, Jean de. 1960. Viagem à terra do Brasil. São Paulo, Martins (Biblioteca Histórica Brasileira. vol 7). in O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil / Darcy Ribeiro, 1922-1997 - São Paulo: Companhia das Letras, 1995.


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