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O Automóvel
Na Alemanha, a 29 de janeiro de 1883, Karl Benz tira a patente daquele que ficou conhecido como "o primeiro automóvel útil do mundo". Tratava-se de um veículo de três rodas, movido a gás.

A produção automotiva em escala comercial começou na França em 1890.

Em 1901, existiam, em São Paulo, quatro automóveis e 5.000 carroças e carros de boi. Inicia-se os automóveis de aluguel.

Em 1903 o pedestre era a referência da primeira regulamentação para a circulação dos automóveis:
Automóvel alemão
Automóvel movido a gasolina de Karl Benz na Alemanha, 1885
Nos lugares estreitos, onde haja acúmulo de pessoas, a velocidade será a de um homem passo. Em caso algum poderá a velocidade ir além de 30 km/h em campo raso, de 20 km/h nos pontoshabitados e de 17 km/h nas ruas centrais ”.
Na década de 20 São Paulo já tem o dobro da população do começo do século. As praças se tornam um grande pátio de estacionamento de carros. Em 1924, disputas de corridas de automóvel nas avenidas da cidade se tornam notícia de jornal.
Em 1925 A General Motors instala em São Paulo sua primeira linha de montagem.

A Capital Paulista, que em 1915 não possuía mais do que um automóvel para cada 351 habitantes, via este índice baixar para 170 em 1920 e a 64, cinco anos depois. Segundo o censo que mais se aproxima desta democratização do automóvel entre nós, a qual se alastra pelo mundo inteiro - é o das cidades canadenses - em 1930 deverá registrar em São Paulo um carro para cada 20 habitantes e cinco anos depois, dificilmente nos moveremos nas nossas ruas acanhadas do centro, porque o índice, então, deve ter atingido a casa dos onze.
A Volkswagem começa a operar, no Brasil.
São Paulo em 1935
Em 1935 o gado disputava a rua com o bonde, sempre cheio na hora de pico, em São Paulo
Foto de Claude Lévi-Strauss
Em 1935 o prefeito Prestes Maia cria um plano de avenidas perimetrais de fundo de vale cruzando o centro e ligando regiões como Santo Amaro e Santana.
Faria Lima assume a prefeitura e continua a obra rodoviária, construindo marginais, a 23 de Maio e alargando a Rebouças.
Com viadutos e o elevado Costa e Silva (o conhecido Minhocão), o automóvel amplia seus caminhos e ganha velocidade. Prioridade indiscutível.
O espaço do transporte coletivo se encolhe.

Em 1953 funda-se a Mercedes-Benz do Brasil, que dá início a construção de seu parque industrial, situado numa área de 480.400 m2, na altura na altura do km 15,5 da Via Anchieta em São Paulo.

Em 1960 o primeiro veículo Ford é fabricado no Brasil.
Em 1977 é instalada no Brasil a fábrica Volvo.
Em 1987 é formada a Auto Latina, com fusão da Ford e Volkswagem desfeita após 88 meses de atividade.
Avenida Rangel Pestana em 1945
Avenida Ragel Pestana em 1945 , em São Paulo, com as famosas porteiras do Brás.
As más condições de circulação vêm sendo uma das principais causas de perdas econômicas do município de São Paulo e sua região metropolitana. Congestionamentos rotineiros, abusos no uso do espaço viário e de calçadas, enfim, o caos no trânsito, são reflexos contundentes de um processo histórico que tem privilegiado o transporte individual em detrimento do transporte público.

A preferência e sucesso atual do transporte particular têm várias razões que se acumulam ao longo dos últimos 50 anos. O automóvel foi o produto que iniciou, nos anos 1950, a segunda fase da industrialização do país. A produção nacional de veículos inaugurou a fase "rodoviarista" brasileira, responsável pela expansão de estradas, paralisando os investimentos em ferrovias, e, nas cidades, introduzindo o ônibus, no lugar de bondes, e investimentos em viário, no lugar de trilhos. 
A primazia do automóvel - um produto que parece ao grande público ser resultado apenas do esforço privado - foi  "espremendo" o transporte público para um lugar de menos status no viário, na alocação de recursos, nas prioridades políticas, situação nem sempre percebida   publicamente.
De fato, o esforço para investimento em transporte público era primordial e visivelmente público, ao passo que todo o esforço governamental para a ascensão do veículo como carro chefe da industrialização brasileira não parecia custar nada aos  cofres do Estado. As isenções para as
montadoras, os recursos aplicados em rodovias e no sistema viário urbano não eram percebidos como investimento público para beneficiar o transporte particular. Assim, o veículo particular iniciou sua trajetória de sucesso, dissociando-se de todos os custos sociais que acarretou, enquanto, com relação ao transporte público, somente se falava (e ainda hoje somente se fala) de sua  ineficiência e dos altos custos públicos que acarretaria sua "adequação".

A política de mobilidade vigente na absoluta maioria das cidades brasileiras foi orientada pelo e para o transporte motorizado e individual. Hoje, tudo indica que esse modelo se esgotou. Não há recursos e, se houvesse, não haveria espaço físico para alimentar a contínua massificação do uso do automóvel implementada a partir da virada do século XIX. O crescimento horizontal das cidades foi, por um lado, viabilizado pela disponibilidade desse novo meio de circulação, mas, por outro lado, tornou a sociedade dele dependente. Os veículos motorizados permitiram a ampliação das aglomerações urbanas e a multiplicação das distâncias; isto implica maiores   deslocamentos, que exigem mais veículos e maiores investimentos nas infra-estruturas para a sua movimentação; quanto mais vias se constroem, mais carros são colocados em circulação, em geral em volume superior à capacidade da infra-estrutura construída, aumentando, ao invés de diminuir, os problemas de  congestionamentos, poluição, perda de tempo, etc. "No final das contas, o automóvel desperdiça mais tempo do que economiza e cria mais distâncias do que supera." (GORZ, 1973)

O Brasil possui uma frota estimada de 17 milhões de automóveis. A produção mensal da indústria automobilística cresce ano a ano. Em 1957, quando se instalou no país, 1.166 automóveis eram fabricados por mês; três anos depois, em 1960, já eram 42.619. Em 1980 a produção atingiu 933 mil e, em 2006, aproximadamente 2.1 milhões.  (www.anfavea.com.br). O automóvel é responsável por parte significativa da poluição sonora e atmosférica, ocupa muito espaço público no sistema viário, potencializa acidentes de trânsito - 
Avenida Francisco Matarazzo
Avenida Francisco Matarazzo em horário de pico, em São Paulo
que são uma das principais causas de mortes no país - e, em muitas cidades, seu uso responde por grandes  congestionamentos nas grandes cidades e metrópoles.

Elevado a símbolo de modernidade, liberdade e qualidade na circulação, o transporte individual produziu uma verdadeira cultura do automóvel que legitimou a destinação de enormes recursos públicos para investimentos em ampliação do sistema viário, na busca de paliativos para um problema sem solução: garantir fluidez para um modelo de mobilidade insustentável a médio prazo.

Independente dos dados e do fato de que este modelo é absolutamente insustentável sob todos os pontos de vista, nossas cidades permanecem sendo construídas para acomodar seus veículos em detrimento dos espaços reservado às pessoas, canteiros centrais, áreas arborizadas que perdem áreas para ampliação do sistema viário e sempre tendo como justificativa a melhoria do tráfego, gerando o inevitável - a diminuição da qualidade de vida.

Hoje, os gestores devem buscar o rompimento dessa lógica e investir no desenvolvimento de cidades que valorizem as pessoas que nela habitam, incentivando o uso de modos de transporte coletivos e de modos de transporte não-motorizados e viabilizando a integração entre os mais diversos modos e possibilitando aos cidadãos, escolhas em relação aos seus deslocamentos, de forma que o automóvel particular não seja entendido como a única alternativa possível de transporte.

Fontes: Ônibus: uma história do transporte coletivo e do desenvolvimento urbano no Brasil / Waldemar Côrrea Stiel. - São Paulo: Comdesenho Estúdio e Editora, 2001
São Paulo Interligado - O Plano de Transporte Público Urbano Implantado na Gestão 2001 - 2004.
PlanMob - Construindo a Cidade Sustentável - Caderno de referências para Elaboração de Plano de Mobilidade Urbana - Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana -Ministério das Cidades, 2007


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