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Trajes
gaúchos
O
Indígena usava as bolas, o lenço na testa e o chiripá-saia, a
interferência do europeu muda sua fisionomia e seus hábitos e lhe
acresce as esporas, o laço e a faca. São as características do primeiro
habitante do Rio Grande do Sul.
Indígena - Traje 1620/1730 - Foto de Joel Jordani |
O
gaúcho leva vida simples, independente e livre. Sem morar na casa da
estância, sua habitação assemelha-se a um rancho situado no próprio
campo de trabalho. A turma duma estância varia de dezenas a centenas de
homens, conforme o número de cabeças de gado. Cada homem tem casa e alimento; do salário que recebe, separa certa quantia para o tratamento do seu cavalo, no que é extremamente cuidadoso. Quanto à alimentação, seu prato regional é o churrasco, carne assada no espeto, à qual junta salmoura, sendo a faca o único talher de que se utiliza. Não dispensa também o chimarrão e traz sempre a bomba e a cuia para a bebida clássica. O chimarrão é a infusão, em água fervente, das folhas do mate (Ilex paraguaiensis. ST. HIL.) pulverizadas. O costume de apear em qualquer estância, para "matear", diz bem da hospitalidade da região. O vestuário é característico: chapéu de couro ou de feltro de abas largas e preso pelo "barbicacho" (jugular) : sobre os ombros, ou enrolado e amarrado ao selim, o "poncho" amplo; ao pescoço, o lenço - geralmente de cores vivas, de nó corrediço; uma camisa de lã ou de pano grosso; à cintura, a "guaiaca" (largo cinto) onde traz a faca em bela bainha e a garrucha no coldre; as "bombachas" - calças largas pertadas no tornozelo; as botas com "chilenas" e, finalmente, ao pulso, a presilha do rebenque de várias tiras. No trato, o gaúcho salienta-se pelos sentimentos de honra e lealdade que conserva puros; aí se irmana ao sertanejo. Saint-Hilaire, comparando-o com os outros habitantes do interior brasileiro, achou pouco afável, talvez rude, entretanto, varonil. Habilíssimo cavaleiro e ótimo manejador do laço, o gaúcho, percorrendo as extensas campinas, dá maior movimento ao ambiente. Para dominar o novilho ou touro rebelde, atira, na carreira, o laço ou a "boleadeira", quando se não emparelha, com o animal e, de perto, segurando-o pela cauda, destramente o derruba. |
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Gaudério - Traje
1730/1820 - Foto de Joel Jordani
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A
"boleadeira" parece ter sido inventada pelos indígenas que a utilizavam
para a caça e os combate. É um engenho original; consta de um conjunto
de três tiras de couro com uma bola pesada, revestida de couro, em cada
extremidade. Jogada às pernas do animal, embaraça-lhe os movimentos,
fazendo-o tombar. O gaúcho, de ânimo belicoso, exuberante e cavalheiresco, adora as corridas, onde aparece bem montado, e o "rodeio" - reunião do gado, a fim de castrá-lo, apartá-to ou dar-lhe sal. É quando então o gaúcho exibe as suas qualidades de valente e ótimo cavaleiro. A existência ou não do gaúcho como tipo étnico distinto é tese a discutir-se, mas deve-se observar ser costume chamar-se gaúcho a quem nasce no Rio Grande do Sul, quando na verdade ele constitui tipo peculiar à Campanha. É que o termo, pela beleza do significado, tem as honras de bom qualificativo. A miscigenação do Indígena transforma-o em um gaudéiro destemido e de traços mais suaves. Este começa o uso da camisa, de bota de garrão, do chapéu de palha e do bichará. Veja imagem do Gaudério à esquerda "As brasileiras, tanto de campanha como as da cidade, são na maioria bonitas e esbeltas de figura, com encantador oval do rosto ..." |
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