O
Caipira paulista é também o mameluco, que nasceu no planalto e depois
fixou-se no grotões da Serra. É o paulista legítimo que tem dentro de
si a valentia lusitana e a calma do indígena. É o branco amorenado
pelos trópicos e pelo sangue tupi.
Tem-se atribuído diversas origens ao vocábulo caipira; duas há, porém,
que têm merecido particular atenção da parte daqueles que se dão a
esses estudos, e são caapora e curupira, ambos vocábulos da língua
tupi:
Caapora, cuja tradução literal é habitador do mato (Dic. Porto Bras.),
diz bem com a idéia que temos da gente rústica; mas cumpre atender a
que termo caipora, tão usual no Brasil já como substantivo e já como
adjetivo, conserva melhor a forma do vocábulo tupi, bem que tenha
significação diferente.
Curupira designa um ente fantástico, espécie de demônio, que vagueia
pelo mato, e só como alcunha injuriosa poderia ser aplicado aos
camponeses.
Em Ponte-do-Lima, Portugal, é vulgar o vocábulo caipira, não mais com a
significação de rústico, se não com a de sovino, mesquinho (J. Leite de
Vasconcelos). Não obstante esta diferença de acepção, não podemos
duvidar de que aquele homônimo seja de origem brasileira, ainda que
alterados em sua significação primitiva.
Nome com que se designa o habitante do campo. Equivale a labrego,
aldeão e camponês em Portugal; roceiro no Rio de Janeiro, Mato Grosso e
Pará; tapiocano, babaquara e muxuango, em Campos dos Goitacazes; matuto
em Minas Gerais, Pernambuco, Paraíba do Norte, Rio Grande do Norte e
Alagoas; casaca e baiano no Piauí; guasca no Rio Grande do Sul; curau
em Sergipe; e finalmente tabaréu na Bahia, Sergipe, Maranhão e
Pará". |
O Caipira
- Ilustração de José Lanzellotti
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