|
|||||||||||||||||
|
De
princípio, os naturais apenas praticavam a caminhada a pé, em seus
trilhos de indígenas, quando se não utilizavam também da navegação, em,
suas igaras de acabamento mais ou menos tosco, ou aperfeiçoado,
conforme a tribo. a que pertencessem. O colono lusitano trouxe as
caravelas para navegar pelo mar e os cavalos para as viagens por terra,
além dos bovinos que se encarregariam do. transporte, jungidos aos
carros de eixo móvel. E da combinação de tais elementos, resultaria,
antes da era da via férrea, do automobilismo, da aviação, diversidade
apreciável de características em matéria de transporte. Nas coxilhas
gaúchas, de horizontes sem fim, o cavalo fez-se companheiro inseparável
do povoador, tanto nas atividades pacíficas dos campeiros, quanto
igualmente nos reencontros guerreiros, rematados por aniquiladoras
cargas de cavalaria.
A indumentária do cavaleiro, em tal ambiente alegre, tornou-se festivamente decorativa, em contraste com a do vaqueiro nordestino, que se enroupa de couro para se defender contra as agressões das caatingas, a que não resistiriam os amplos trajes gaúchos. Na planície amazônica, ou mais amplamente, nas bacias hidrográficas de utilização intensa, como vias de comunicação mais freqüente, a terminologia local, a que se acostumaram os ribeirinhos do Amazonas, como os do Cuiabá, designa a canoa ligeira, de madeira de um só tronco, pelo mesmo vocábulo - "montaria" - que entre os cavalarianos indica o animal em que cavalgam. Onde, porém, não pode ela transitar, ainda que de pequeno porte, nem se encontram equinos, a necessidade premente de transporte sugeriu outros expedientes. Assim ocorreu na ilha de Marajó, depois que as opulentas fazendas pastoris sofreram a devastação da peste de cadeiras, que lhes dizimou, em 1826-1836, a "raça cavalar", consoante afirmativa de Ferreira Pena. Daí se propagou ao alto Amazonas e Peru, donde arqueou para Chiquitos, na Bolívia. Cruzando a fronteira, penetrou, já em 1851, pela fazenda nacional de Casalvasco, em Mato Grosso, de cujos pantanais se assenhoreou, para lhes aniquilar a criação indefesa. Como fossem imunes os bovinos à epizootia fatal, recorreram os campeiros à sua resistência, já comprovada na tração de carros pesados, e em cargueiros, mais ágeis nos terrenos brejosos. E amansados a propósito, substituíram os solípedes, que a "tripanossomíase" devastara. A gravura exibe cena trivial em parte do pantanal mato-grossense e regiões vizinhas, a que se propagou o emprego do boi como animal de sela. Nenhuma alteração maior no arreio usual na região. Apenas se verifica a substituição do freio pela argola de correia, através do furo na cartilagem do septo nasal, em que se apóia a corda, à guisa de rédea, uma de cujas extremidades enlaça o boi pelos chifres, e volta às mãos do montador, que por esse meio dirige facilmente o animal, em cujo lombo se enforquilhou. Outros, em vez da sela, que exige mansidão, e passo adequado, recebem de preferência, a cangalha, que os transforma em cargueiros, como se fossem muares. De qualquer modo, sejam destinados a substituir a cavalhada, que pereceu, ou as tropas insuficientes, os bois que se deixam domar para o transporte de cargas, ou passageiros, no seu dorso escorregadio, põem de manifesto a providência de que se valeu o homem para possuir a sua montada, onde não encontrasse equinos em número suficiente para o serviço de transporte. |
|
Deixe seu comentário: | Deixe seu comentário: | |
Correio eletrônico | ||
Livro de visitas |