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De qualquer forma, como
a atividade agrícola se estabeleceu, aqui, nas zonas litorâneas em que
o revestimento era importante, e não nas zonas de campo, houve a
necessidade, desde os primeiros tempos, de preparar a terra para a
agricultura. A queimada permitia reduzir os esforços e apressar os
prazos. Mais do que herança cultural, evidentemente, foi a permanência
da atividade agrícola, entre nós, em nível rudimentar que assegurou a
continuidade e a generalidade do hábito, característico de pobreza, de
recursos e de técnicas, traços de uma atividade rural que guarda um
sentido predatório e a que só por eufemismo se poderia batizar de
agricultura. Com o passar dos séculos, a limpeza do terreno para a
plantação passou a subordinar-se a quatro operações: a roçada, a
derrubada, a queimada e a coivara, e a sequência se generalizou e foi
mesmo adotada nas
zonas coloniais, aquelas em que o povoador oriundo de áreas agrícolas
européias poderia seguir outra norma. A carência de recursos iniciais
impôs a subordinação à técnica antiga e a queimada constitui espetáculo
normal em todos os cantos do país, mesmo onde o revestimento não a
exige ainda como solução para a deficiência de braços e de utensílios. "Assisti a uma queimada colossal
na serra do Carmo (Piabinha, estado de Goiás) . - escreve JÚLIO PATER-NOSTRO. A noite, a grinalda de fogo dava
a impressão de um vulcão. Procurei investigar o motivo da queimada,
pois o gado não ia até lá para pastar a gramínea que cresce após a
coivara. Um sertanejo deitara fogo. no mato porque de sua casa, em
Piabinha, era bonito apreciar o espetáculo do incêndio".
O hábito é tão enraizado que ganhou o folclore e a própria poesia. Castro Alves descreveu a queimada em versos candentes: "O estampido estupendo das
queimadas
Se enrola de quebradas em quebradas Galopando no ar." Paga o solo, como os estudiosos apreciam, de há muito, ganhando devagar os agricultores para a aceitação de novas normas. Veja também: “As Queimadas na Amazônia Brasileira A dimensão atingida pela prática de queimadas na região tropical tem sido objeto de preocupação e polêmica a nível nacional e internacional. Para muitas pessoas as queimadas estão associadas a ideia de desmatamento ou a incêndios florestais. No caso do Brasil, as pesquisas indicam que as queimadas são, em sua imensa maioria, uma prática agrícola generalizada no país. São mais de 200.000 queimadas por ano, das quais aproximadamente 30% ocorre na Amazônia, principalmente na parte sul e sudeste da região. ... O impacto ambiental das queimadas preocupa pois envolve: fertilidade dos solos, destruição da biodiversidade, fragilização de agroecossistemas, destruição de linhas de transmissão e outras formas de patrimônio público e privado, produção de gases nocivos à saúde humana, diminuição da visibilidade atmosférica, aumento de acidentes em estradas, limitação do tráfego aéreo, etc.” (http://www.evaristodemiranda.com.br/artigos-tecnicos/as-queimadas-na-amazonia-brasileira-2/) |
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