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Progressivamente as matas
foram sendo substituídas por culturas; os solos foram-se esgotando
devido ao sistema agrícola primitivo. Assim despojado do seu
revestimento natural e de todas as suas riquezas, o solo se tornou
imprestável e hoje suporta uma vegetação de gramíneas pobres ou
capoeiras nas partes mais favorecidas.
Deste modo o homem nas regiões florestais lança mão da derrubada a fim de abrir espaço para as suas diversas atividades. Devastam-se primeiro arbustos e lianas, elementos de pequeno porte, dando-se a isso o nome de roçada. Segue-se o corte das grandes árvores - a derrubada propriamente dita. Ponto de partida para a ocupação humana em zonas florestais, imprescindível para as culturas como para a criação. É a forma pela qual podem ser explotadas as riquezas da floresta, tanto madeiras de lei, quanto lenha e carvão vegetal. Muitas vezes o objetivo da derrubada é o de sanear, como no caso dos vales do Tietê e Feio. A derrubada é uma paisagem típica da zona pioneira, estendendo-se numa faixa do sul do país ao nordeste de Goiás. Conforme os objetivos visados, porém a derrubada varia muito. Na faixa pioneira ela é extensa, deixando marcas profundas. A mata dos topos, dos vales, das encostas, será ou não conservada, segundo a cultura que se deseja fazer. Um exemplo muito interessante é da zona de Cornélio Procópio, onde o cultivo de café determina a derrubada das matas da encosta e dos espigões. Em outros lugares começa-se o corte pelos fundos dos vales, aproveitando a maior umidade para o cultivo de legumes e criação. Verifica-se isso nos lotes de Londrina, não dedicados ao cultivo do café. Estende-se depois a derrubada a toda a propriedade, preservando-se apenas 10 a 20% conforme a exigência local. Quando as serrarias são distantes e o transporte difícil, queimam-se os troncos abatidos, prática já usada pelos indígenas. Em outros casos, enquanto se espera o transporte, os troncos atravancam as clareiras ou são empilhados à beira da floresta ou nas margens das estradas. Alguns colonos começam até a plantar cebola e legumes em volta das árvores abatidas. Nas florestas e capoeiras poupadas pelo avanço dos pioneiros, verificam-se, também, pequenas derrubadas para retirada de lenha ou fabricação do carvão vegetal, observando-se, então, pilhas de achas ou "balões", mais frequentes nas proximidades de centros urbanos e estradas de ferro. Assim, apesar de a derrubada ser um dos aspectos típicos da faixa pioneira, ela é registrada em zonas atrás e além desta faixa. Na retaguarda, com mais frequência, pois são poucos os caboclos e colonos que se aventuram na vanguarda, abrindo pequenas clareiras antes do avanço conjunto com a estrada de ferro. A derrubada está muito ligada a um tipo da zona pioneira, o desbravador, que sempre está adiante da estrada, abrindo novos horizontes para a civilização que avança, mas nunca sendo absorvido por ela. Um exemplo interessante de derrubada, em zona da retaguarda da faixa pioneira, é a realizada nas matas do sudeste da Bahia, bem na região do litoral. Apesar de haver derrubada sistemática com o avanço do povoamento para o interior, em certos lugares a mata foi preservada nas encostas da serra do Mar e nas margens dos grandes rios, como Contas, Jequitinhonha, Doce, onde a floresta úmida, densa e insalubre, dificulta o estabelecimento humano. Atualmente se estabelece nestes vales, embora próximos do litoral, uma verdadeira zona pioneira, com a exploração dos produtos da floresta e aproveitamento das ótimas condições do solo e umidade para o cultivo do cacau. Assim no vale do rio Doce, as necessidades recentes da indústria siderúrgica mineira motivaram derrubada para a fabricação do carvão vegetal. O desenvolvimento da produção cacaueira no sudeste da Bahia, foi elemento decisivo na ocupação destas florestas. Neste caso, no entanto, a derrubada não prejudica as reservas florestais, restringindo-se o corte às lianas e pequenas árvores - o cabrocamento - pois felizmente o cacau exige sombra. Essas derrubadas, já praticadas pelos indígenas, aceleradas pelo europeu, na ânsia de conquistas das novas terras e grandes lucros, destruíram, até o momento presente, grandes extensões de nossas florestas. O pau-brasil, a cana, o café contribuíram para o grande recuo, rumo ao interior do país. Não só isso, se esse recuo fosse compensado pelo estabelecimento efetivo de população, seria vantajosa a substituição de florestas por culturas e campos de criação, mas não a população que avança e deixa para trás regiões de solo esgotado, onde as florestas foram completamente arrasadas. A derrubada não dirigida é um perigo para os solos, o regime dos rios e as fontes. A estiagem nos estados mais devastados como Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, está acentuando-se assustadoramente, e aqueles que derrubaram, cultivaram e deixaram para trás zonas hoje decadentes, são os mesmos que hoje derrubam as matas na faixa pioneira. A derrubada reflete muito bem o espírito de nossa agricultura não permanente, migratória, quase exclusivamente de especulação. Enquanto a mata não desaparecer do Brasil, esse espírito predominará. O estado de São Paulo tem porcentagem de floresta menor do que países densamente povoados da Europa. A derrubada, quando bem dirigida, sendo a madeira aproveitada, havendo um reflorestamento correspondente e um equivalente tratamento do solo, não é prejudicial, mas como foi e ainda é realizada no Brasil, é de conseqüências nefastas, sendo ainda mais nocivo o aproveitamento de nossas matas, sem escolha das espécies, para lenha e carvão - vegetal. A floresta que pode e deve ter grande papel no desenvolvimento de nossas indústrias e agricultura, não deve ser tratada como empecilho ao avanço da zona pioneira. Em resumo, a derrubada é um elemento comum na paisagem brasileira, numa superposição de passado, presente e futuro. Regiões desnudas e esgotadas, cobertas de pastagens pobres, que mal servem ao sustento de algumas cabeças de gado, ou culturas decadentes; outras, onde restam matas para derrubar, mas cujas culturas já não dão o lucro dos primeiros tempos e, finalmente, zonas pioneiras, onde os tocos se erguem solitários no meio de plantações ainda novas. Veja também: “Desmatamento na Amazônia e na Mata Atlântica ... o desmatamento em nosso país foi uma constante. Depois da Mata Atlântica, foi a vez da Floresta Amazônica sofrer as consequências da derrubada ilegal de árvores. Em busca de madeiras de lei como o mogno, por exemplo, empresas madeireiras instalaram-se na região amazônica para fazer a exploração ilegal. Um relatório divulgado pela WWF (ONG dedicada ao meio ambiente ) no ano de 2000, apontou que o desmatamento na Amazônia já atinge 13% da cobertura original. Uma pesquisa da revista Science (publicada em julho de 2012) alerta que até 2050, poderá ocorrer a extinção de cerca de 80% das espécies animais (anfíbios, mamíferos e aves) em áreas que sofreram desmatamento. O caso da Mata Atlântica é ainda mais trágico, pois apenas 9% da mata sobrevivem a cobertura original de 1500. Várias espécies animais e vegetais já foram extintas nestes últimos séculos em função do desmatamento na Mata Atlântica. Embora os casos da Floresta Amazônica e da Mata Atlântica sejam os mais problemáticos, o desmatamento ocorre nos quatro cantos do país. Além da derrubada predatória para fins econômicos, outras formas de atuação do ser humano tem provocado o desmatamento. A derrubada de matas tem ocorrido também nas chamadas frentes agrícolas. Para aumentar a quantidade de áreas para a agricultura, muitos fazendeiros derrubam quilômetros de árvores para o plantio. Urbanização e desmatamento O crescimento das cidades também tem provocado a diminuição das áreas verdes. O crescimento populacional e o desenvolvimento das indústrias demandam áreas amplas nas cidades e arredores. Áreas enormes de matas são derrubadas para a construção de condomínios residenciais e polos industriais. Rodovias também seguem neste sentido. Cruzando os quatro cantos do país, estes projetos rodoviários provocam a derrubada de grandes faixas de florestas.” (http://www.suapesquisa.com/desmatamento/) “Projeto do Desmatamento Zero A proposta, que prevê o fim do desmatamento de florestas no Brasil, avança na Câmara e a sociedade pode participar.” (http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Projeto-do-Desmatamento-Zero-e-aberto-para-consulta/?gclid=CLGf9tWKzc8CFUEFkQodRSIP0w) Veja também : Código Florestal - Lei 4771/65 | Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 |
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