Cantos Religiosos
Os cantos
religiosos
podem ser católicos, como os de São
Gonçalo e as folias de
reis e folias do divino,
que são geralmente deformações da música sacra,
misturadas com melodias profanas e até de dança. Temos os
cantos fetichistas das macumbas e candomblés (ritos negros), dos
catimbós (ritos afro-indígenas) e da pajelança (rito
ameríndio), que muitas vezes são de grande e profunda beleza
e cheios de uma grave sugestão. Alguns deles possuem um ritmo tão
intenso, que chegam a alucinar e, devido à sua linha melódica,
foram aproveitados por compositores em nossa música erudita.
Dodoron:
Melodia cantada durante a festa de São Gonçalo, no morro
de São Paulo, na Bahia.
Renato Almeida: “Consegui uma melodia cantada, com versos tradicionais,
da festa de São Gonçalo, que se celebra no morro de São
Paulo, na Bahia, e que chamam de Dodoron, não sei
por razão.
A festa é mesclada com pastoris, devido naturalmente ao fato da
coincidência das datas. Começa o Dodoron com as
novenas
comuns, seguidas de uma espécie de dança acompanhada por
uma caixa. As moças fazem duas filas e cantam as jornadas semelhantes
às dos pastoris, ou alusivas ao orago celebrado. Depois vem os homens
e formam uma roda, sendo cada qual ladeado por duas damas. Começam
a cantar o Dodoron e a pular”.
(História da Música Brasileira, 123).
Rezas
Cantadas:
As rezas cantadas
são
também típicas do nosso folclore e entre elas merecem especial
destaque os cantos
de procissão,
principalmente aqueles que se referem a Nossa Senhora; os benditos,
muito comuns no meio rural e praticados em devoções caseiras
e mesmo procissões e que se iniciam com a louvação
“Bendito seja”; os cânticos para as almas, pedindo orações
para as almas do purgatório; e as salvas religiosas, recitadas e
acompanhadas instrumentalmente pelos “Ternos de Zabumba”, conjuntos
compostos
por um tocador de caixa, um de zabumba e por dois pífanos.
Bendita,
louvada seja
Do céu a
divina luz
Nós também
na terra damos
Louvores à
Santa Cruz.
Benditos:
Canto religioso com que são acompanhadas as procissões
e, outrora, as visitas do Santíssimo. Denomina o gênero o
uso da palavra bendito, iniciando o canto,
uníssono.
Renato Almeida: “Há uma certa influência francesa, ou
melhor, o aproveitamento de benditos franceses,
como o popularíssimo Queremos
Deus, que é o Nous voulons Dieu, de F. V.
Moreau”.
(História da Música Brasileira, 132).
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