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Cantigas de Trabalho

Os cantos de trabalho são muitos numerosos no interior e usados em várias formas de serviços, como para vender diversos artigos, nas plantações, nas colheitas e em determinados ofícios. Podem ser individuais ou de grupo. Entre os individuais temos o pregão, melodia simples usada pelos vendedores ambulantes para anunciar sua mercadoria. Entre os de grupo temos os aboios, para reunir o gado nas fazendas; o canto dos barqueiros do rio São Francisco, assim como o dos ferreiros, vendedores em geral e dos mutirões de colheita.  
 
Bate, bate o ferreiro
Noite e dia sem parar
Bate, bate o dia inteiro
Até nas noites de luar.
ou
Triste é meu destino
Trabalhar e só trabalhar
Sem o descanso necessário
Para o sustento ganhar.
...
Pisa Pilão
Cantiga das destaladeiras de fumo de Arapiraca - Al

Pisa pilão, laiê, laiê
Laiê, fazendeiro
Eu quero beber
Com pena peguei na pena
Com pena fu i escrever
A pena caiu da mão
No tijolo fez um "e"
Quatro com cinco são nove
Com meu coração é dez
Eu não quero amor de meia
Que meia, só para os pés
Minha mãe me chamou feia
De bonita que ela é
Eu sou o pé da roseira
Ela é a rosa do pé
Cajueiro pequeninho
Carregado de fulô
Eu também sou pequeninha
Carregada de amor
Da minha casa pra tua
Tem um riacho no meio
Tu de lá dá um suspiro
Destaladeiras de fumo de Arapiraca - Al
Destaladeiras de fumo de Arapiraca - Al
CD: Cantos de Trabalho - Cia Cabelo de Maria -  Selo Sesc
Eu de cá, suspiro e meio
Fui à fonte das pedrinhas
Fui fazer as minhas queixas
Uma das pedras me disse:
"Amor firme não se deixa"

Aboio:

Canto sem palavras, marcado exclusivamente em vogais, entoado pelos vaqueiros quando conduzem o gado. Dentro desses limites tradicionais, o aboio é de livre improvisação, e são apontados os que se salientam como bons no aboio. O canto finaliza sempre por uma frase de incitamento à boiada: ei boi, boi surubim, ei lá.
O canto dos vaqueiros, apaziguando o rebanho, levado para as pastagens ou para o curral, é de efeito maravilhoso, mas sabidamente popular em todas as regiões de pastorícia do mundo.
José de Alencar evocava-o: “O aboiar dos nossos vaqueiros, ária tocante e maviosa com que eles, ao pôr-do-sol, tangem o gado para o curral, são os nossos ranz sertanejos... Quem tirasse por solfa esses improvisos musicais, soltos à brisa vespertina, houvera composto o mais sublime dos hinos à saudade”.
No sertão do Brasil o aboio é sempre solo, canto individual, entoado livremente. Jamais cantam versos, tangendo o gado. O aboio não é divertimento. É coisa séria, velhíssima, respeitada. Abóia-se no mato, para orientar a quem procura. Abóia-se sentado no mourão da porteira, vendo o gado entrar. Abóia-se guiando o boiadão nas estradas, tarde ou manhã.
Serve para o gado solto do campo e também para o gado curraleiro.

Aboio cantado, aboio em versos:
J. de Figueiredo Filho (O Folclore no cariri, Fortaleza, 1962) dedica o cap. V ao aboio em versos, poemas de assunto pastoril, mesmo improvisados.
Serão de relativa modernidade porque o aboio nordestino, secular, típico, legítimo, não tinha letra, constando unicamente de uma monodia, apoiada numa vogal, espécie de jubilatione do canto gregoriano, destinada a tanger o gado. 
Essa modalidade, de origem moura, berbere, da África setentrional veio para o Brasil, possivelmente, da ilha da Madeira, dos escravos mouros aí existentes.
Em Portugal existe esse aboio cantado, versos descritivos, líricos ou satíricos.
Registrou Gonçalo Sampaio (Cancioneiro Minhoto, XXII, Porto, 1940): “Nas vessadas de maior importância, quer dizer nas lavradas dos campos mais extensos, é de antiqüíssimo costume minhoto incitar o gado cantando. Chama-se a isto aboiar... Por via de regra não tem letra que vá além das exclamações ei, boi! ei lá, boizinho! Todavia numa ou noutra localidade adaptam-lhe excepcionalmente dísticos, em que se pedem cigarros, vinho ou petiscos para o homem do arado”.

Serenga:
Canto que os remeiros “Irmãos da Canoa”, por ocasião da festa do Divino Espírito Santo (Tietê, São Paulo), fazem quando remam para o “Encontro” festivo das duas bandeiras  e irmãos do rio abaixo e do rio acima.
O canto é sem palavras e dá-nos a impressão melódica do cantochão. Possivelmente o canto ajude a ritmar as remadas. Estas, em cada barco, são também ritmadas pelo bater de pé do proeiro, mas a Serenga não deixa de ter uma função facilitadora e sincrônica do esforço despendido no remar. 
(Alceu Maynard Araújo, informação especial, 9-XI-1951, São Paulo).

Canto das Plantações de Arroz
O Arroz é boa lavra
Eu vô mandá culê,
Na entrada do verão
Eu vô mandá vendê,
Assim diz o lavradô,
Eu não vô prantá arroz
Pra culê sem meu amor.

Meu pezinho de milho verde
Me esconda na vossa sombra
Quando estô mais meu benzinho
Eu não tenho onde m’esconda.

Você diz que me quer bem
Eu também quero você,
Quero te bem toda vida
E você só quando me vê.

Minha urupemba de ouro
Meu alecrim penerado
Nunca chorei por amor
Mais por ti tenho chorado.


Fontes : Folclore Brasileiro / Nilza B. Megale- Petrópolis: Editora Vozes, 1999.
Dicionário do Folclore Brasileiro - Câmara Cascudo, Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S.A. sem data
Escorço do Folclore de uma Comunidade / Alceu Maynard de Araújo in Revista do Arquivo Municipal CLXVII, 120-121, São Paulo, 1962.
Disco: Cantos de Trabalho - Cia. Cabelo de Maria


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