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Mãe-d’Água
Mãe d' Água Um barqueiro muito moço não acreditava em nada do que diziam sobre o rio.
Certa vez, ele estava numa venda bebendo com os companheiros, quando a conversa pendeu para tais mistérios. Ele ria de tudo. Ao ouvir, então, que era perigoso despertar o rio à meia-noite, quase se engasgou de tanta risada.
- Vocês são todos uns medrosos! Parecem crianças! Como é que uma pessoa sensata pode acreditar nessas coisas?
- Acho que não se deve brincar com o que não se conhece! – disse um deles.
O moço olhou para os companheiros com ar de superioridade:
- Escutem aqui. Não acredito nessas bobagens e não é só conversa, não. Se quiserem apostar comigo, tomo banho no rio à meia-noite, quando ele estiver dormindo.
Os outros ficaram horrorizados. Como era possível fazer tal aposta?
- Então? – continuou ele. Aceitam ou não aceitam? Já é hora de acabar com essas mentiras! Vamos!
Os companheiros reuniram-se numa roda e começaram a cochichar. Após alguns minutos, o mais velho dirigiu-se ao moço, que esperava, com ar zombeteiro:
- Nós somos da opinião que você não deve ir procurar tal perigo. Agora, se você insiste, nós aceitamos a aposta.
Como o moço insistiu, a aposta foi feita. O dinheiro ficou com o dono da venda e combinaram que o banho seria naquela noite.

A notícia correu depressa pelo lugar. Muitas pessoas procuraram o corajoso jovem, pedindo-lhe que desistisse de idéia tão perigosa; mas quem seria capaz de fazê-lo desistir?
Conforme o combinado, perto da meia-noite foram todos para o rio. Impressionados pela quietude do lugar, as pessoas mantinham-se quietas e mudas. O próprio desafiante sentia a influência do mistério que havia no ar, pois, estava calado e pensativo.

À meia-noite, um dos barqueiros pegou um pequeno pedaço de madeira e o atirou, com cuidado, às águas silenciosas. Todos os olhos estavam fixos no pedaço de pau que flutuava mansamente, sem sair do lugar.
- O rio está dormindo! – disse ele, num sussurro.
O moço preparou-se para mergulhar, sem dizer uma palavra, já arrependido do compromisso que assumira. Respirou profundamente, como que procurando a coragem perdida. Sabia que não podia esperar mais, sem que seus companheiros percebessem o medo que o dominava. Corajoso, controlou-se e saltou, quebrando o cristal das águas paralisadas e desaparecendo nas profundezas misteriosas.
Os barqueiros trocavam olhares de surpresa, pois acreditavam que ele desistiria no último instante.
O tempo foi passando e o moço não retornou à superfície. Os barqueiros olhavam com ansiedade o lugar onde ele desaparecera.
Quando julgavam confirmado o seu receio, as águas se abriram, deixando surgir a cabeça do corajoso mergulhador.
- É ele! – disse um dos barqueiros.
- Olhe que é algum afogado enraivecido, porque acordamos o rio! – avisou outro.
Era mesmo o rapaz que voltava, não havia dúvidas.
Entretanto, ele estava tão diferente, que seus amigos ficaram surpresos.
Falaram com ele, gritaram, chamaram.
Com o olhar vazio, ele ficou andando pelo barco, de um lado para outro, sem destino certo...
De repente, com um salto, atirou-se nas águas do rio.
Aconteceu tão depressa que ninguém pôde fazer nada e o moço desapareceu para nunca mais voltar.

Mãe-d’Água

Espécie de sereia que vive no Rio São Francisco.

Para os barqueiros, o rio dorme quando é meia-noite, permanecendo adormecido por dois ou três minutos. Neste momento, o rio pára de correr e as cachoeiras de cair. Os peixes deitam-se no fundo do rio, as cobras perdem o veneno e a Mãe-d’Água vem para fora, procurando uma canoa para ela sentar-se e pentear seus longos cabelos. As pessoas que morreram afogadas saem do fundo das águas e seguem para as estrelas.
Os barqueiros que se acham no rio à meia-noite, tomam todo o cuidado para não acordá-lo. Se um barqueiro sente sede, antes de pegar a água do rio, joga nela um pedacinho de madeira. Se ele fica parado, o barqueiro espera, porque não convém acordar o rio: quem o fizer, poderá ser castigado pela Mãe-d’Água, pelo Caboclo-d’Água, pelos peixes, pelas cobras e pelos afogados, que não podem alcançar as estrelas.

Fontes : Histórias e Lendas do Brasil (adaptado do texto original de Gonçalves Ribeiro). - São Paulo: APEL Editora, sem/data
Dicionário do Folclore Brasileiro / Câmara Cascudo .- Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S.A. sem data
Ilustrações de J. Lanzellotti


Mãe d'Água

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