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O indígena Jaguarari gostava
de remar
e possuía uma canoa muito bonita. Mas bonita mesmo! Feita com todo
o capricho. Quando ele passava, remando, as aves da beira do rio não
fugiam, ao contrário, esticavam o pescoço o mais que podiam
para vê-lo passar.
Para pescar e caçar não havia outro! Não tinha nem graça: enquanto os outros indígenas se cansavam, correndo pela selva atrás de algum bicho, Jaguarari caçava quantos queria. Depois, pedia aos jovens indígenas que o ajudassem a carregar os animais que havia caçado. E eles, embora tivessem inveja de Jaguarari, não conseguiam resistir ao seu pedido, tão grande era sua simpatia. Como o moço era bondoso, ainda repartia os animais abatidos com os amigos, proibindo-os de contar aos outros indígenas quem os havia caçado... Um dia, ele partiu bem cedo para a caça. Ia sozinho. A manhã estava linda. De toda parte, saíam gritos, pios, cantos, saudando o sol que transformava tudo em vida e alegria. O moço indígena sentia-se mais feliz do que nunca e não parava de admirar as maravilhas que encontrava: as aves voando perto das águas tranqüilas do lago... O colorido das flores... As teias de aranha cobertas de orvalho, parecendo tecidas com fios de prata... Quanta beleza! Entusiasmado, ele resolveu passar o dia na floresta. Só voltaria à aldeia quando começasse a anoitecer. Queria aproveitar bem aquele dia maravilhoso. Foi entrando pela selva, até alcançar lugares que ainda não conhecia. Em tudo encontrava a mesma vida e a mesma beleza, que pareciam nascer da luz do sol. Encontrou um lago muito bonito, o mais bonito que ele já havia visto. Tinha uma superfície tão calma e cristalina, que parecia ser de vidro. Não resistiu e resolveu dar um mergulho. Como sempre, as aves que se achavam nas margens não fugiram. Chegaram mais perto do lago, para ver melhor o moço indígena. |
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Depois de se banhar
demoradamente, deitou-se
à beira do lago e ficou admirando a beleza do céu. Ficou
assim horas, completamente esquecido do que pretendia fazer. Quando se
lembrou, deu um salto, apanhou o arco, as flechas e partiu para a caça.
Não queria caçar muito, pois estava longe de sua aldeia.
Mal começou a andar, ouviu um canto
que o deixou maravilhado. Nunca ouvira nada tão bonito, antes. Deixava
longe o canto do uirapuru! Jaguarari, encantado, queria conhecer a ave
que cantava assim, mas já era tarde. Precisava ir embora, mas era
tão bonito! Poderia voltar outro dia... E não conseguia afastar-se.
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A Iara, que já o
tinha visto antes,
quando ele estava nadando, queria leva-lo para o fundo das águas.
Como não gostava da luz do dia, esperara entardecer para atrair
o moço com o seu canto.
Jaguarari, por ser forte, muito forte, conseguiu
resistir, agarrado ao tronco da árvore. Depois, segurando os cipós
que havia por perto, conseguiu afastar-se do lago. Percebeu, então,
inúmeros animais e aves, paralisados pelo canto da Iara. Estavam
tão hipnotizados, que nem perceberam a sua passagem.
No dia seguinte, ele continuou preocupado e
triste, bem diferente do que havia sido até então.
Todos estranharam e queriam saber o que lhe havia acontecido. Muitos
acreditavam
que ele estava sendo vítima de Jurupari, o espirito do mal, pois
o moço não ligava para mais nada. Apenas continuava
a caçar e a pescar. Só que não trazia mais bichos
e peixes, como antes. Agora, trazia apenas algum bichinho e
dois
ou três peixes, quando muito. Ele ficava a maior parte do tempo na
beira do lago, para tornar a ver a Iara. Estava completamente
enfeitiçado.
Os dias foram passando e cada vez Jaguarari
parecia mais triste e desanimado. Tanto sua mãe insistiu, que, uma
noite, ao voltar do lago, ele lhe contou:
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