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Nordeste : Maculelê
Maculelê
Maculelê - Grupo Folclórico do SESC - Salvador, Bahia
O Maculelê foi trazido pelos escravos da costa da África para a Bahia, especialmente para Santo Amaro da Purificação, onde existe o tradicional Maculelê do Popó.
Sua dança é formada por leves volteios, com os pés se levantando de acordo com as batidas das esgrimas (bastões), abertos ou fechados.

Todos portam duas esgrimas, apenas o chefe traz uma. Quando o feche golpeia, as esgrimas aparam seu golpe em cruzeta. O atacante usa sempre apenas uma esgrima e pode lutar com dois ou três adversários ao mesmo tempo. O atacado sempre usa duas para se defender e as cruza. Os requebros, flexão de joelhos e movimentos predominantemente para fora do círculo lembram os do Candomblé de caboclo.
Participam entre dez ou vinte negros, com os lábios aumentados por pintura vermelha, que cantam e dançam batendo as esgrimas. São eles que dão o ritmo fundamental para os meneios do corpo.
Em Salvador há um Maculelê de facão, inventado por Zezinho, um dos filhos de Popó, que não é aceito como autêntico pelos jogadores de Maculelê de Santo Amaro da Purificação.
Maculelê
Maculelê - Grupo Folclórico do SESC - Salvador, Bahia

Segundo Mestre Popó, maculelê é luta e dança ao mesmo tempo, se um feitor aparecia na senzala a noite, pensava que era a maneira de adoração aos deuses das terras deles (dos negros escravos), as músicas não davam ao feitor entender o que eles cantavam.

A festa era realizada de 8 de dezembro (consagração de Nossa Senhora da Conceição) e 2 de fevereiro (dia de Yemanjá) em Santo Amaro da Purificação. Acontecia nas praças e nas ruas da cidade e era considerada uma festa profana realizada pelos negros escravos.

Segundo Mestre Popó são 3 os atabaques usados no Maculelê, com as seguintes denominações e funções:

o Rum: é o atabaque maior com som grave;
o Rumpi: é o atabaque de tamanho médio com som "médio";
o Lê: é o atabaque pequeno com som mais agudo.

Os dois primeiros atabaques, o Rum e o Rumpi, fazem a base do toque com pouco improviso, enquanto o atabaque Lê, sendo mais agudo, sua função é praticamente repiques de improviso.
Essa organização dos atabaques do Maculelê é semelhante a organização dos berimbaus na capoeira Angola, onde temos:

o Gunga ou Berra-Boi: é o berimbau mais grave;
o Médio: é o berimbau de afinação;
o Viola: é o berimbau mais agudo.

Os dois primeiros fazem a base do toque, mas agora o Médio também pode seguir um pouco no improviso, "desafiando" a Viola, que fica somente na improvisação.

Na época de Mestre Popó eram usados outros instrumentos, que não são mais usados: o Agogô e o Caxixi ou Ganzá. Para o Mestre, o Agogô não podia faltar pois este dá início a marcação para a entrada dos atabaques ao som, e por último entra (começa) o Ganzá. Segundo o Mestre Popó, o Maculelê tem poucos cânticos sendo alguns inclusive com origens no Candomblé de Caboclo:

“Tumba é cabôco
Tumba lá e cá
Tumba é guerreiro
Tumba lá e cá
Ah! Eu sou cobra do morro
Sou cabôco Mineiro
Tumba lá e cá.”

Rum
Atabaque
As músicas tem funções especiais : para sair à rua; chegada a uma casa (pediam permissão para entrar na casa); de homenagem (pessoas importantes da história); de agradecimento (quando saiam da casa, agradecendo a hospitalidade); de louvação aos ancestrais; peditório (quando passavam um chapéu para arrecadar algum dinheiro).

Saudação de chegança:

"Ô sinhô dono da casa
Nós viemos aqui lhe vê
Viemos lhe pergunta
Como passa vosmicê."

Musica de saudação temporal:

"Ô boa noite pra quem é de boa noite
Ô bom dia pra quem é de bom dia
A benção meu papai a benção
Maculêle é o rei da valentia."

Peditório (ocorre nas saídas as ruas):

"Deus que lhe dê, ê
Deus que lhe dá, á
Lhe dê dinheiro
Como areia no mar.

Homenagem à Princesa Isabel:

"Vamos todos louva
A nossa nação brasileira
Viva a dona Isabel
Ai meu Deus
Que nos? livrou do cativeiro?"

Louvação aos pretos de Cabindas ou
Louvor a Nossa senhora da Conceição:

"Nos somos pretos da Cabinda de Aruanda
A Conceição viemos louvar
Aranda ê, ê, ê
Aranda ê, ê, á."

Saudação de despedida:

"Quando eu for embora ê
Todo mundo chora ê."

Na época de Popó a indumentária era simples, de acordo com as condições cotidianas dos dançarinos. Geralmente usavam camisas e calças comum aos africanos, dealgodão cru e pés descalços.
Estes pintavam os rostos e as partes desnudas com tintas feitas com restos de fuligem de carvão ou de fundo de panelas. Exageravam na tintura vermelha que usavam na boca que era feita com sementes de urucum. Algumas pessoas do grupo empoavam suas cabeleiras com farinha de trigo, usavam touca nas cabeças ou lenço no pescoço.
Mestre Popó começou a aprender o Maculêle com um grupo de pretos velhos, ex-escravos Malês, livres. Segundo ele já não tinha mais escravidão nessa época e eles se reuniam à noite: João Oléa, Tia Jô e Zé do Brinquinho: "eles eram livres, mas quem botou o Maculêle fui eu mesmo" (Popó).
Segundo Plínio de Almeida (Pequena História do Maculêle) o Maculêle existe desde 1757 em Santo Amaro da Purificação e as cores branca e vermelha nos rostos, que assustavam as pessoas , poderia ser símbolos de algumas tribos Africanas, como por exemplo os Iorubas. Mas na verdade fica muito difícil identificar exatamente à qual grupo étnico está associado a origem do Maculêle. Podemos citar, por exemplo: os Cabindas, os Gêges, os Angolas os Moçambiques, os Congos, os Minas, os Cababas.

Maculelê

Apresentação do Maculelê em Juazeiro na Bahia


Assista os vídeos:
Macuclelê de Santo Amaro da Purificação
e o Maculelê espatáculo: Cordão de Ouro Capoeira

Fonte : Danças Populares Brasileiras / coordenação de Ricardo Ohtake, pesquisa de Antonio José Madureira, texto de
Helena Katz, consultor Terson da Costa Praxedes, Porto Alegre - RS - Projeto Cultural Rodhia, 1989
Trecho da entrevista cedida em 16/12/1968 à Maria Mutti por Mestre Popó em Santo Amaro da Purificação - Bahia

Conexões relacionadas : http://www.ime.usp.br/~salles/ceaca/maculele/maculele.html
                                            http://www.guiageo-esporte.com/lutas/maculele.htm




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