Terra Brasileira
Brasil Folclórico
folclore
modus Transporte
artesanato culinária
literatura Contos lendas mitos
música danças religiosidade tipos ofícios contatos
Loja

Danças e
Festas Folclóricas
Danças e Festas
Ciclo Carnavalesco
 Afoxé
 Bonecos Gigantes
 Caboclinhos
 Escolas de Samba
 Frevo
 Maracatu Nação
 Maracatu Rural
 Trio Elétrico
Ciclo Junino
Ciclo Religioso
Ciclo do Gado
Norte
Nordeste
Centro-Oeste
Sudeste
Sul
Danças comuns a várias regiões  brasileiras

Caboclinhos
Caboclinhos
Caboclinhos - Balé Popular do Recife - Pernambuco
Brincadeira quase esclusiva de Recife e seus arredores, Os Caboclinhos representam um auto onde recitações e partes dramáticas se intercalam. Tem diferentes partes coreográficas, chamadas “manobras”, que já chegam a ser 120, pois é considerada uma das mais aprimoradas danças do Nordeste.7

Duas são suas espécies de dança: individual, com passos e movimentação livre, variando conforme a oportunidade musical; e coletiva, com passos criados por um dos participantes e, depois consagrados como coreografia fixa. Hoje, há dez passos básicos, que se combinam em mais de 30 coreografias, que exigem muita agilidade e habilidade de execução.
Entre as “manobras”, o Trançado-de-Cipó acontece quando, em movimentação frente à frente, os dois cordões conduzem um cipó em forma de meio arco, que levantam ou abaixam.
No Pé-com-Pé, juntam-se os pés, mãos, costas e cabeças dos dançarinos das duas fileiras. E há também Manobra de Fogo, Subida de Serra, Traidor, Manobra de Três, Coca, Manobra de Centro ou Arco de Roda, etc.
O chefe supremo do auto é o Cacique. O Pajé tem a função de conselheiro, mas não tem muita autoridade. E mais: Matruá, um feiticeiro simbólico; caboclos (os dançarinos); Índia-Chefe ou Rainha, companheira do Cacique, segunda autoridade do grupo; caboclas (dançarinas); e meninos e meninas que representam os filhos dos caboclos.
Separados em dois cordões, os caboclos são comandados pelo Capitão e pelo Tenente, e as caboclas, pela Índia-Chefe.

O Cacique apita e a música começa. Os instrumentos são guiados pela gaita, uma pequena flauta vertical, de bambu ou tubo metálico, de timbre muito agudo e quatro orifícios para a digitação melódica.

Caboclinhos
Caboclinhos - Balé Popular do Recife - Pernambuco
O caracaxá (ganzá), o tarol (caixa clara), e o surdo (caixa de timbre mais grave) seguem a gaita. Por vezes, maracás (chocalhos feitos de côco, com sementes no interior, seguro por um cabo) são introduzidos.
Nos caboclinhos, não se cantam, recitam-se versos improvisados, de caráter épico, extraídos da História do Brasil.
As danças, ricas em mímica, ora simulam lutas guerreiras, ora rituais de caça ou de trabalhos agrícolas, como se rememorassem a vida dos indígenas. Há trechos que representam rituais de iniciação tribal. Na Manobra do Traidor, por exemplo, uma disputa entre Rei e Rainha rememora as primitivas lutas entre matriarcado e patriarcado.

A duração da dança não é combinada, mas cada “manobra” tem a duração de três a cinco minutos, em média. Vestem-se de penas e plumas, usam “cocar” (diadema), “ataca-de-mão” (bracelete), “ataca-de-pé” (enfeite nos tornozelos), lança de caboclo (pau com extremidade ponteaguda), machadinha e “preaca” (um adereço misto de instrumento musical e caça. Com o estalo que emite, os caboclinhos acentuam a marcação dos toques de percussão).


Registros anteriores de Caboclinhos

Câmara Cascudo (Dicionário do Folclore Brasileiro): Grupos fantasiados de indígenas, com pequenas flautas e pífanos percorrem as ruas nos dias de carnaval nas cidades do nordeste do Brasil. Executam um bailado primário, ritmado ao som da pancada das flechas nos arcos, fingindo ataque e defesa, em série de saltos e simples troca-pés. Não há enredo nem fio temático nesse bailado, cuja significação visível será a da apresentação das danças indígenas aos brancos, também nos dias de festa militar ou religiosa. Outrora os caboclinhos visitavam os pátios das igrejas antes do alardo nas ruas, lembrados da passada função homenageadora. É uma reminiscência do antigo desfile indígena, com a dança, os instrumentos de sopro e o ruído dos arcos guerreiros.

Rodrigues de Carvalho (Cancioneiro do Norte, 63-64) descreve: “Entre esses folguedos típicos, convém destacar os caboclinhos, restos de diversão indígena: dezesseis ou vinte figuras com o rosto pintado a açafrão, ostentando trajes de cores berrantes, com enfeites de espelinhos e penachos à cabeça, empunham arcos com flechas, que são manejados ao som de um tambor e de uma gaita. Simulam um combate, como de tribos inimigas; e em plena luta surge o rei, de capa e espada, cortejado por dois culumins, na gíria do folguedo o perós-mingus. Por entre as alas dos contendores, arrasta a espada, pronuncia uma catadupa de RR arrogantes, fala do seu alfange e do seu cutelo, diz uma loa em língua bunda, e se acalmam as hostes aguerridas. Acolita tudo isto o tipo de bobo, o matroá, sarcasmo atirado à lendária boçalidade e estultícia do caboclo. Há também o “birico”, variante daquele tipo. Ainda hoje é muito comum nas cidades e vilas da Paraíba, este brinquedo, no Ceará apenas imitado pelos caboclos – oito figuras, trajadas mais ou menos burlescamente, de capacete emplumado à cabeça, e a dançarem uma espécie de quadrilha, ou contra-dança, nas casas onde são convidados.”

Há uma variante de Caboclinhos em Minas Gerais, durante a Festa do Divino:

Aires da Mata Machado Filho (Cultura Política, 10, Rio de Janeiro, dezembro de 1941) estuda “Os Caboclinhos” em Diamantina, Minas Gerais, pertencendo aos festejos populares, quando da Festa do Divino, com cantos e bailados, um deles europeu, que é o enrolamento de fitas ao redor de um mastro durante a ronda. Em vez de rei, matroá e birico, aparecem cacique, caciquinho, cacicona (mulher que a todos manda), mamãe-vovó, papai-vovô, o capitão-com-pó, cantando loas para a licença policial e louvores ao Espírito Santo. Ocorre também uma figura curiosa, o Pantaleão, que o autor identifica com o Pantalone da comédia italiana.
O Padre Fernão Cardim, em 1584, registra os antepassados dos caboclinhos atuais: “Foi o padre recebido dos índios com uma dança mui graciosa de meninos, todos empenados, com seus diademas na cabeça, e outros atavios das mesmas penas, que os faziam mui lustrosos, e faziam suas mudanças e invenções mui graciosas”.
“Os portugueses tem muita escravaria destes índios cristãos. Tem eles uma confraria dos Reis em nossa igreja, e por ser antes do Natal, quiseram dar vista ao padre visitador de suas festas. Vieram um domingo com seus alardos à portuguesa, e a seu modo, com muitas danças, folias, bem vestidos, e o rei e a rainha ricamente ataviados, com outros principais e confrades da dita confraria; fizeram no terreiro da nossa igreja seus caracóis, abrindo e fechando com graça por serem mui ligeiros, e os vestidos não carregavam muito a alguns porque os não tinham
(342-343, Tratado da Terra e Gente do Brasil, Rio de Janeiro, 1925).
Teo Brandão, O Auto dos Caboclinhos, Maceió, 1952, é o mais amplo debate partindo dos modelos locais. Evidencia a penetração da influência africana.
Ver Caiapós, Guerra Peixe, “Os Caboclinhos do recife”, Revista Brasileira de Folclore, nº 15, Rio de Janeiro, 1966; Renato José Costa Pacheco, “Cabocleiro ou Brinquedo de Caboclo”, Torta Capixaba, 231-234, Vitória, 1962.


Assista um dos vídeos de Caboclinhos:
Caboclinho Cahetes de Goiana
Fontes : Danças Populares Brasileiras / coordenação de Ricardo Ohtake, pesquisa de Antonio José Madureira, texto de
Helena Katz, consultor Terson da Costa Praxedes, Porto Alegre - RS - Projeto Cultural Rodhia, 1989

Dicionário do Folclore Brasileiro - Câmara Cascudo, Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S.A. sem data

Carnaval

Deixe seu comentário: Deixe seu comentário:
Correio eletrônico Facebook
Livro de visitas Twitter