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Crendices, Superstições e Tabus
Crendices

Podem referir-se a várias manifestações do folclore espiritual, como: fantasmas, duendes, figuras míticas e assombrações, com também a ritos religiosos católicos ou fetichistas.

Ex.: acreditar que Santo Onofre evita a embriaguez ou não deixa faltar dinheiro na carteira; que Santa Bárbara afasta as tempestades; assim como crer em orações fortes, medalhas, rosários, crucifixos, patuás, etc.
Existem crendices e superstições referentes à natureza: sol, lua, estrelas. Apontar para estrela faz nascer verruga na ponta do dedo. Ou então acerca da água, da chuva, dos ventos ou das nuvens.
Ex.: moça que come na panela, chove no dia do casamento
O sol cura tersol. Tanto as crendices como as superstições se encontram relacionadas com as plantas, animais, o fogo, acontecimentos meteorológicos, enfim, tudo o que nos rodeia, mas ambas existem tanto em pessoas das esferas populares, quanto nas camadas mais elevadas da sociedade, e quando elas não são conseqüência do medo, o são de crenças tradicionais, muitas das quais se perdem na noite dos séculos, derivando por vezes de arquétipos milenares.

Superstições

Resultam essencialmente do vestígio de cultos desaparecidos ou da deturpação ou acomodação psicológica de elementos religiosos contemporâneos, condicionados à mentalidade popular.
São milhões de gestos, reservas e atos instintivos, subordinados à mecânica do hábito, como gestos reflexos.
As superstições participam da própria essência intelectual humana e não há momento da história do mundo sem sua inevitável presença. A elevação dos padrões de vida, o domínio da máquina, a cidade industrial ou tumultuosa em sua grandeza assombrosa, são tantos viveiros de superstições, velhas, renovadas e readaptadas às necessidades modernas e técnicas. Todas as profissões têm o seu “corpus” supersticioso, e aqueles que confessam sua independência absoluta da superstição são porque não chegaram no instante da confidência reveladora.

O Visconde de Santo Tirso: “Era supersticioso Napoleão, e era supersticioso Bismarck. É livre de toda superstição qualquer jumento, o que prova que a libertação do espírito não é incompatível com o comprimento das orelhas”. (De Rebus Pluribus, 158, Lisboa, 1923).
A superstição é sempre de caráter defensivo, respeitada para evitar mal maior ou distanciar sua efetivação. Os sinais exteriores são os amuletos que, incontáveis, transformaram-se em adornos e jóias e vivem na elegância universal dos nossos dias. Essa legítima defesa estende-se às zonas mais íntimas do raciocínio humano e age independente de sua ação e rumo. A própria etimologia latina mostra que superstição é uma sobrevivência em sua preservação.

As superstições, como os pecados, podem dar-se por pensamentos, palavras e atos. 
Por exemplo:
Por pensamento – Fazer três pedidos quando se vê uma estrela cadente;
Por palavras – dizer Isola! Quando alguém se referir a um malefício acontecido a outra pessoa;
Por atos – levantar da cama com o pé direito para que o dia lhe seja benéfico.

A idéia da superstição é ambivalente, pois existe a crença de que há sempre meios de anular a força positiva ou negativa de qualquer elemento. Se isso acontece, deve-se fazer aquilo para prevenir o mal, ou realizar tais práticas ou trazer objetos especiais.
Ex.: Quando a gente encontra ou fala com pessoa que dá azar, convém bater na madeira ou fazer figa com a mão. Daí o apelo a talismãs, amuletos, esconjuros, orações e todo um arsenal supersticioso, muitos dos quais servem não só para nos defender do azar ou mau-olhado, como para projetá-lo nos inimigos ou desafetos, como os espelhinhos dos chapéus dos dançadores de Reisado.

Embora as crenças populares sejam supersticiosas, tudo entrosado no terror primitivo, não se deve confundir superstição com crendice. Por exemplo, acreditar em bruxas, almas penadas, fantasmas, não é superstição. Superstição é quando uma pessoa atribui a certos fatos, ou criaturas, animais ou coisas, poderes maléficos ou benéficos, dependendo de  circunstâncias variáveis. Ex.: encontrar um gato preto não tem importância, mas se ele correr na nossa frente é que dá azar.

Escada

Não passar debaixo de uma escada é superstição espalhadíssima no Brasil, especialmente nas cidades do litoral. 
“Joaquim Nabuco não era supersticioso. Mas não passava por debaixo de uma escada”.
(Afonso Lopes de Almeida, O Gênio Revelado, 27, Rio de Janeiro, 1923).
Ademar Nóbrega (“Superstições e Simpatias”, Revista da Semana, 8-VI-1946, Rio de Janeiro) registra a crendice numa boa reportagem. A escada é a imagem da subida, da elevação, do acesso social, econômico, financeiro. Passar por debaixo de quem se eleva é simbolicamente renunciar, afastar-se de quem sobe, progride, vence. Decorrentemente perde a boa sorte quem passa debaixo de uma escada.
Luís da Câmara Cascudo (Superstições e Costumes, “Passar Embaixo da Escada”, 201-205, Rio de Janeiro, 1958): “estudei o motivo, idêntico na França, Bélgica, Holanda, Itália, Espanha, Portugal. Na Espanha acresce a ameaça para as moças que si pasan por debajo de uma escalera no se casarán y tendrán mala suerte” (José A. Sanchez Pérez, Supersticiones Españolas, 120, Madrid, 1948).

Tabu

É uma superstição coercitiva, que considera sagrado determinado objeto ou período da vida e dele decorrem leis e postulados normativos. Entre eles estão os tabus sobre a castidade, gravidez e menstruação, assim: mulher grávida não deve sentar na soleira da porta nem olhar para o arco-íris. 
Existem tabus de palavras que não devem ser pronunciadas, por isso recorre-se a sinônimos. Ex.: para não falar em diabo ou demônio, usa-se: tinhoso, capeta, coisa ruim, etc. Os tabus alimentares também são comuns: não se deve tomar leite e comer banana ou manga, pois faz mal.

Fontes : Folclore Brasileiro / Nilza B. Megale- Petrópolis: Vozes, 1999
Dicionário do Folclore Brasileiro - Câmara Cascudo, Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S.A. sem data


Crendices

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