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Uma senhora brasileira em seu lar  - Jean-Baptiste Debret
A mulher desempenhou em todas as civilizações o papel de provedora de alimentos da família e de reponsável pela organização doméstica.
"A mulher gentia temos de considerá-la não só a base física da família brasileira, mas valioso elemento de cultura, pelo menos material na formação brasileira. Por seu intermédio enriqueceu-se a vida no Brasil, de uma série de alimentos ainda hoje em uso, de drogas e remédios caseiros, de tradições ligadas ao desenvolvimento da criança, o asseio pessoal, o milho, o caju, o mingau. O brasileiro de hoje, amante do banho e sempre de pente e espelhinho no bolso, o cabelo brilhante de loção ou óleo de coco, reflete a influência de tão remotas avós". (Gilberto Freyre)
Nos primeiros tempos da colonização brasileira, em virtude da falta de mulheres brancas, as indígenas assumiram seu lugar, ensinando a socar o milho, a 
preparar a mandioca, a trançar as fibras, a fazer redes e a moldar o barro para fazer os utensílios para guardar os alimentos e para cozinhar.
Nos séculos subsequentes, as portuguesas uniram-se a elas para comandar as grandes vivendas rurais e tiveram como aliadas as escravas negras. No espaço do domicílio, e no que toca aos costumes domésticos, a figura feminina ganhou destaque, embora seja inegável que sua importância e influência na colonização não ficaram restritas à esfera doméstica, pois até nas bandeiras elas estiveram presentes, compartilhando com os homens inúmeras aventuras e o trabalho do dia a dia.
Era, todavia, a cargo delas que ficava o asseio e a limpeza da casa, a preparação dos alimentos, o comando das escravas e dos indígenas domésticos, além de grande parte da indústria caseira. Afinal, toda a sua educação era voltada para o casamento, para as atividades que deveriam desempenhar enquanto mães e esposas.
Entrando e saindo das cozinhas dos engenhos, gritando incessantemente com as escravas e algumas vezes dãos as ordens até sem se levantar do seu estrado ou esteira ou largar o bastidor.
Fiéis aos costumes do Reino, bordam ricamente a roupa de cama e mesa da casa; à pobreza generalizada se contrapunha as redes de abrolhos, as toalhas rendadas de mesa e de “água de mão” ou as almofadas de cetim. Tudo isso podia ser usado no dia a dia ou guardado nos baús, para ser entregue como dote de casamento de uma filha.
Renda
Senhora fazendo renda (det) - Jean-Baptiste Debret
Com ou sem ajuda das escravas, as mulheres preparavam os mosquiteiros usados de sul a norte do país, inclusive sobre as redes, a fim de se proteger dos terríveis mosquitos que tanto atormentavam os portugueses. Uma outra forma de prevení-los era o costume de defumar a casa ao anoitecer. Fechavam-se as janelas e uma escrava entrava com o fumeiro, percorrendo os aposentos e afugentando os bichos.

Almofadas e travesseiros recheados de penas, lã ou lanugem, colchões de palha, capim seco, macela ou chumaço (espécie de pasta de algodão em rama com que se almofada quaquer coisa), eram fabricados em casa e faziam parte dos afazeres das mulheres. No final do século XVIII e início do XIX, nas casas ricas de Minas Gerais, os colchões eram de algodão e os lençóis de linho muito fino, resultado provavelmente das habilidades femininas, que também transpareciam nos arranjos de flores artificiais e sobretudo no delicado trabalho de fazer rendas.

A chamada indústria caseira ocupava todos os habitantes da casa, quer diretamente na execução das tarefas, quer na sua organização. Assim, ora era a farinha que precisava ser lavada, espremida e cozida antes de se transformar nos bolos e pães, ora era o milho que necessitava ser pilado ou moído, ora era a carne que esperava sobre o jirau para ser salgada. Doces e bebidas também requeriam cuidados e trabalho antes de serem consumidos, e a lenha deveria ser providenciada. Enfim, tratava-se de um conjunto de atividades que demandavam tempo e esforço.

As atividades cotidianas eram marcadas pela luz solar. Levantava-se com o nascer do sol, descansava-se quando e ele estava a pino e dormia-se quando eles se 

Lamparina
Lamparina do século XVI - Foto de Agnes Melis
Museu do Ipiranga - São Paulo
punha. As velas de sebo, por economia, apagavam-se cedo e impediam uma convivência maior entre os membros da família. A introdução dos candeeiros de querosone foi responsável pelas mudanças nas práticas sociais, permitindo os serões noturnos e demais reuniões sociais.

A lavagem da roupa e da louça eram efetuadas nas áreas de serviço situadas fora das casas, ou à beira dos rios. Até o banho de rio era preferido às gamelas e jarras. (ver: "Lavadeiras" em Ofícios e Técnicas)Na época contemporânea, as mulheres dispõem de menos tempo para as tarefas domésticas e, desde que lhes seja permitido pelo orçamento, sobretudo na segunda metade do século XX, compram aparelhos que, segundo se presume, irão ajudá-las na manutenção da casa e na preparação das refeições.

Fontes : História da vida privada no Brasil 1: cotidiano e vida privada na América portuguesa / organização Laura de Mello e Souza. - São Paulo: Companhia das Letras, 1997
Casa Grande e Senzala / Gilberto Freyre - São Paulo: Círculo do Livro S. A., s/ data.
Tachos e panela: historiografia da alimentação brasileira / Claudia Lima. - 2ª edição - Recife: Ed. da Autora, 1999
Ilustrações de Debret: Rio de Janeiro, cidade mestiça: nascimento de uma nação / ilustrações e comentários de Jean-Baptiste Debret. - São Paulo: Companhia das Letras, 2001
Lamparina: Revista Cultural - Ano I - Nº 9 - Janeiro / 2000 - Secretaria de Cultura do Governo do Estado de São Paulo


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