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Alguns exemplos de Habitação Indígena

Tupinambá
Mura
Acima:
Gravura do século XVI, de Theodor de Bry, representando uma aldeia Tupinambá, povo que nessa época vivia no litoral. Essa famosa gravura foi reproduzida, no passado, em quase todos os livros didáticos de História, passando a ideia errônea de que todos os povos indígenas viviam em aldeias circulares, fechadas por paliçadas duplas.



Ao lado:
O zoólogo J. B. Von Spix e o botânico C. F. Von Martius estiveram na Amazônia em 1820. Aqui registram a visita a uma maloca Mura.
Urubu-kaapor
Urubu-kaapor

Urubu-kaapor: Todas as casas são de quatro águas, sem paredes externas e divisões internas. As cumeeiras dispostas arbitrariamente. Os ranchos comuns são construídos sobre seis vigas laterais, tendo, quase sempre, duas no meio que sustentam a cumeeira; às vezes são três, nos ranchos maiores. A casa principal é sempre maior que as outras, mas raramente tem divisões internas.
Os pertences são guardados em cestos e paneiros – alimentos e tralha – ou em caixas de madeira, a plumária. Tudo isso, mais flechas, tipitis e peneiras, é dependurado em achas que colocam entre as vigas e servem de prateleiras. Fora das casas, há cercados pequenos de varas, cobertos também de ubim, onde se abrigam as galinhas à noite.
Todo o madeirame, das cumeeiras aos caibros, é amarrado com cipós; raramente recortam a ponta das estacas em forquilha. As folhas de ubim, uma palmeira, são dobradas na extremidade, ao redor de uma vara, e presas com cipó. Essas fileiras de ubim são dispostas umas sobre as outras, formando a cobertura. Cada fileira tem o comprimento de toda a área que vai cobrir e é presa aos caibros com amarrilhos de cipó. Assim, os capotes laterais de ubim têm forma de trapézio e os menores, frontais, de triângulo. Sobre a cumeeira e nos encontros dos capotes, armam folhas piniformes, sustentadas por vigas amarradas de fora.

Yanomami

Aldeia Yanomami

É uma casa de forma circular ou poligonal de diâmetro entre 20 e 40 metros. A parte superior é aberta para permitir a penetração da luz solar e a saída da fumaça. Essa abertura coincide internamente com a “praça central” da aldeia, onde se realizam cerimônias e pajelanças. Na periferia da casa moram as famílias, cada uma com seu próprio fogo e redes. A aldeia-casa dura apenas um ou dois anos; após esse período é reconstruída em outro lugar.

Xavante

Estapas de construção da casa Xavante (desenho de Maria Carolina Young Rodrigues)

Xavante

A planta das casas Xavante são circulares, de estrutura de madeira e recobertas com folhas de palmeira. Num diâmetro de seis ou sete metros são fincados na terra paus, com cerca de 15 cm de diâmetro na base, à distância de meio metro um do outro, de modo que pendam para o interior. No centro é fincado um pau mais grosso, ao qual se fixam as pontas dos outros paus, por meio de ligaduras. De altura, têm aproximadamente 4,50 metros, no ápice.

Do trabalho de construção participam homens e mulheres. Estas fazem convergir a estaca para o centro, servindo-se de uma vara grande feito gancho, enquanto o homem, do alto, procura fixá-la na estaca central com uma amarra. Pronta essa primeira parte, são providenciadas taquaras que, cortadas ao meio, são dispostas horizontalmente sobre a madeira e atadas com cipós. Sobre esta armação é que serão colocadas, pelas mulheres, as folhas de palmeira, que constituem a cobertura da casa. No lado da casa voltado para o centro da aldeia é deixada uma abertura não muito alta, serve de entrada.

A aldeia Xavante é circular, tendo como ponto central o pátio – onde se destaca o warã, ponto de encontro diário do conselho dos homens maduros – espaço eminentemente público e jurídico, cenário dos grandes rituais. Esse espaço é circundado por um caminho amplo, que passa defronte às portas das casas, estabelecendo, portanto a mediação física entre o espaço central associado aos homens e a esfera doméstica, domínio das mulheres. De cada casa partem caminhos que levam seus moradores ao pátio, ao warã e ao rio. Um outro caminho envolve as casas por detrás e marca limites enre o espaço social constituído ela aldeia e os domínios não domesticados, os campos cerrados. Do lado em que o círculo não se completa, são a mata-galeria e o próprio rio, que servem de divisa.
Junto a uma das extremidades do arco formado pelas casas, há sempre uma propositalmente “desalinhada”. É a casa dos solteiros. Sua construção é idêntica à das demais casas Xavante, é habitada apenas por meninos que, espacial e socialmente separados de sua famílias, estão sendo preparados para a vida adulta, treinados pelos mais velhos em suas habilidades e sabedoria. Essa casa, além de localizar-se fora do círculo das outras casas: a porta não é voltada para o centro da aldeia, volta-se geralmente para os lados do rio. Estão fora da vida social plena, a qual só vão voltar depois de iniciados; essa “volta” será simbolizada pela queima da sua “casa dos solteiros” e sua reincorporação às casas da aldeia.
Xavante

Organização do espaço Xavante (desenho de Maria Carolina Young Rodrigues)

Mais frequentemente ocoreu a absorção de casas com a dos sertanejos, mas em palha, sobre plano retangular. Várias aldeias são constituídas por uma combinação de casas tradicionais e casas retangulares. Nestas últimas, ocorre às vezes que, sem seu interior, uma pessoa se sinta no meio de um espaço circular. Uma disposição especial dos objetos, jiraus, cestas, etc.: recria, internamente, uma circularidade.

Xavante

Nessas aldeias de formas inovadas, a casa dos solteiros, significativamente, tende a aparecer sob a forma de construção tradicional, mesmo quando é a única exceção num conjunto de casas “modernas”. A dos solteiros mantém-se como repositório da tradição viva, das verades básicas, garantia da formação de pessoas verdadeiras na concepção Xavante.

Algumas soluções originais foram adotadas pelos Xavante, no sentido de aliar a durabilidade (que sua permanência definitiva junto às suas roças agora exige) à beleza da forma circular. Nesse sentido, vê-se, em algumas aldeias, o surgimento de uma nova “casa Xavante”. Sobre uma parede circular, de palha, é construído um teto cônico, também de palha. A palha como na casa tradicional, recobre uma armação de madeira. Nesse novo estilo de construção, os troncos usados são mais grossos e resistentes. Geralmente são abertas janelas “fixas”, em madeira. Uma maior durabilidade parece também ser obtida graças a construção do teto em separado.

Xavante
Foto de Virgínia Valadão
Aldeia Kaiapó
A aldeia Kaiapó é circular, um anel constituído pelas unidades residenciais.
A casa da aldeia Kaiapó é um barracão retangular com área aproximada de 4 x 8 m, mas pode variar bastante, segundo o número de famílias que aí vivem. Não há divisões internas. Três paredes são fechadas com palha de babaçu e a frente fica aberta para o pátio.
A palha do teto chega a pouca distancia do chão.
As casas pertencem às mulheres. Sob o mesmo teto vivem várias famílias nucleares, relacionadas pelo lado materno, como, por exemplo, uma mulher de idade, suas filhas e os maridos e filhos destas. Desde modo, uma mulher kaiapó nasce, vive e morre na mesma casa, unidade residencial que possui o seu lugar certo no círculo das casas. Os homens, pelo contrário, aos oitos ou dez anos passam a viver na casa dos homens e, após o casamento, mudam-se para a casa da família da esposa.

Kaiapó
Dentro das casas, cada família possui um espaço que lhe é atribuído e que se define pelo lugar onde a família dorme. A única mobília é um catre familiar, que serve de cama de noite, e é usado durante o dia como assento, ou lugar onde colocar as coisas. Diferentes cestas, cofos e cuias ficam dependuradas dos esteios e miudezas são enfiadas na palha das paredes.

Notas:
Mais informações sobre o assunto consultar o livro Habitações Indígenas, organizado por Sylvia Caiuby Novaes, antropóloga e professora do Departamento de Ciências Sociais da FFLCH da USP. Participou da fundação do Centro de Trabalho Indigenista sendo, atualmente, sua presidente.
Xavante / Aracy Lopes da Silva, professora de Antropologia do Departamento de Ciências Sociais da USP, coordenou a elaboração do livro A Questão da Educação Indígena (Ed. Brasiliense, São Paulo, 1981) publicação da Comissão Pró-Índio/SP.
Kaiapó / Lux Vidal, professora de Antropologia do Departamento de Ciências Sociais da USP, é responsável pelo pelo Museu Plínio Ayrosa da USP, Presidente da Comissão Pró-Índio/SP, autora de Morte e Vida de uma Sociedade Indígena Brasileira, organizadora do livro Grafismo Indígenas: Estudos de Antropologia estética e de vários artigos.

Urubu-kaapor
/ Darcy Ribeiro (mais informações ver Contatos / Biografias).
Outros / Benedito Prezia e Eduardo Hoomaert
(mais informações ver Contatos / Biografias).

Fontes : Brasil Indígena: 500 anos de resistência / Benedito Prezia, Eduardo Hoornaert. - São Paulo: FTD, 2000
Diários Índios: Os Urubus-Kaapor / Darcy Ribeiro. - São Paulo: Companhia das Letras,1996
Habitações Indígenas / Sylvia Caiuby Novaes (organizadora). - São Paulo : Nobel : Ed. da Universidade de São Paulo, 1983



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