Terra Brasileira
Brasil Folclórico
folclore
modus Transporte
artesanato culinária
literatura Contos lendas mitos
música danças religiosidade tipos ofícios contatos
Loja
Modus
 O Nascimento
 A infancia
 Jogos e Brinquedos
 O Jovem
- A Amizade e Turma
- O Namoro
- O Noivado
 O Casamento
 O Habitar
 Direção do lar
 O Adulto
 O Idoso
 A Morte
 Sabedoria Popular
 Crendice



O Noivado

Esse período permite que o casal viva a experiência da “oficialização” do laço que os une sem que seja demasiado tarde para desmanchá-lo. Muitos noivados são uma espécie de “prova de fogo”: os problemas são tratados com seriedade, por vezes é preciso enfrentar a oposição da família e do grupo de amigos.

Festa de noivado

Tradicionalmente é um jantar oferecida pela família da rapaz à família da moça. Em determinado momento o rapaz se levanta e faz o pedido da mão da moça ao pai desta. Então noivo coloca o anel na mão da noiva e está oficializado o compromisso de casamento.
Quando há convidados, estes se restringem aos parentes próximos e amigos íntimos.
Alguns casais preferem fazer este compromisso apenas entre eles e comunicar aos familiares e amigos.

Festa de Noivado
Durante o período colonial, antecedia o casamento à frequentação do noivo à casa da noiva, o que era motivo de temor para a igreja. Esta receava que os prometidos tivessem relações sexuais, o que, apesar dos traços acentuadamente patriarcais vigentes no mundo luso-brasileiro, costumava acontecer em todos os grupos sociais. Em casa, o quintal era por excelência o local dos encontros amorosos. Era aí que os casais chamavam-se “meu benzinho da minh'alma” ou “meu coração”, trocavam mimos e presentes, e as eternas promessas de casamento. As moças costumavam receber “corações de ouro”, “fitas achamalotadas”, tecidos finos e jóias de presente. Quando pobres, contentavam-se com “laranjas e palmito” em troca da virgindade que, diriam mais tarde ao juiz eclesiástico, lhes fora “roubada”. Na ausência dos pais, agregados ou escravos, ou às vezes, com a conivência destes, davam curso ao que a Igreja condenava como “jogos de abraços desonestos”, nas redes estendidas no alpendre, nos catres ou no capinzal.

O dote de casamento era obrigatório à qual não se furtavam os pais da nubente. O marido recebia escravos, instrumentos de lavoura, cabeça de gado, e ainda o enxoval da moça em que figuravam, o vestido nupcial para ir à porta da igreja, os vestidos de gala, vaquinha, gibão e “seu manto para as festas da vila”, sem falar do mobiliário e da “limpeza da casa”, que vinha a ser a cama e mais roupas.

Os abastados acrecentavam “pedaços de chão” sobre os quais os filhos pudessem construir, ou “um adjutório para fabricar casa e sítio para si”. Gregório de Matos, poeta baiano do século XVII, acrescentava ao dote umas “regras de bem viver” destinadas aos noivos, que deveriam ser respeitadas sobretudo pelas mulheres. Não cabia à esposa abrir a boca para falar antes do marido, nem jamais aparecer à janela da casa, mostrando-se “mulher de poupa”, remendando as roupas do marido, esperando-o para jantar comportadamente sentada numa almofada, sabendo “coser, assar e fazer-lhe bocadinhos caseiros”. Sem negligenciar aspectos físicos da relação, recomendava: “quando vier de fora, vá-se a ele, e faça por se unir pele com pele”.

Os santos casamenteiros

Os interesses de procriação abafaram não só os preconceitos morais como os escrúpulos católicos de ortodoxia; e ao serviço vamos encontrar o cristianismo que, em Portugal, tantas vezes tomou característicos quase pagãos de culto fálico. Os grandes santos nacionais tornaram-se aqueles a quem a imaginação do povo achou de atribuir milagrosa intervenção em aproximar os sexos, em fecundar as mulheres, em proteger a maternidade: Santo Antônio, São João, São Gonçalo do Amarante, São Pedro, o Menino Deus, Nossa Senhora do Ó, da Boa Hora, da Conceição, do Bom Sucesso, do Bom Parto. Nem os santos guerreiros como São Jorge, nem os protetores das populações contra a peste como São Sebastião ou contra a fome como Santo Onofre – santos cuja popularidade corresponde a experiência dolorosamente portuguesas – elevaram-se nunca à importância ou ao prestígio dos outros patronos do amor humano e da fecundidade agrícola. Importância e prestígio que se comunicaram ao Brasil, onde os problemas do povoamento tão angustiosos em Portugal, prolongaram-se através das dificuldades da colonização com tão fracos recursos de gente.
Uma das primeiras festas meio populares, meio igreja, de que falam as crônicas coloniais do Brasil é a de São João já com as fogueiras e as danças. Pois as funções desse popularíssimo santo são afrodisíacas; e ao seu culto se ligam até práticas e cantigas sensuais. É o santo casamenteiro por excelência:

“Dai-me um noivo, São João, dai-me um noivo,
dai-me um novo, que me quero casa”.

As sortes que se fazem na noite ou na madrugada de São João, festejado a foguetes, busca-pés e vivas, visam no Brasil, como em Portugal, a união dos sexos, o casamento, o amor que se deseja e não se encontrou ainda.
No Brasil faz-se a sorte da clara de ovo dentro do copo de água; a da espiga de milho que se deixa debaixo do travesseiro, para ver em sonho quem vem comê-la; a da faca que de noite se enterra até o cabo na bananeira para de manhã cedo decifrar-se sofregamente a mancha ou nódoa na lâmina; a da bacia de água, a das agulhas, a o bochecho.
Outros interesses de amor encontram proteção de Santo Antonio. Por exemplo: as afeições perdidas. Os noivos, maridos ou amantes desaparecidos. Os amores frios ou mortos. É um dos santos que mais encontramos associados às práticas da feitiçaria afrodisíaca no Brasil. É a imagem desse santo que frequentemente se pendura de cabeça para baixo dentro da cacimba ou do poço para que atenda às promessas o mais breve possível. Os mais impacientes colocam-na dentro de urinóis velhos.
São Gonçalo do Amarante presta-se a sem-cerimônias ainda maiores. Ao seu culto é que se acham ligadas praticas mais livres e sensuais. Às vezes até safadezas e porcarias. Atribuem-lhe a especialidade de arrumar marido ou amante para as velhas como a São Pedro e a de casar as viúvas. Mas quase todos os amorosos recorrem a São Gonçalo:







“Casai-me, casai-me,
São Gonçalinho,
Que hei de rezar-vos,
Amigo, santinho”.
Exceção só das moças:
“São Gonçalo do Amarante,
Casamenteiro das velhas,
Por que não casais as moças?
Que mal vos fizeram elas?
Gente estéril, maninha, impotente, é a São Gonçalo que se agarra nas suas últimas esperanças.

Fontes : Os tempos do namoro in Livro da Vida, Vol 1 - São Paulo: Abril S.A. Cultural e Industrial, 1974.
História da Vida Privada no Brasil  I: cotidiano e vida privada na América Portuguesa / organizada por Laura de Mello e Sousa. - São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
Casa Grande e Senzala / Gilberto Freyre - São Paulo: Círculo do Livro S. A., s/ data.
Gif animado da Animationfactory


Volta ao Topo
Deixe seu comentário: Deixe seu comentário:
Correio eletrônico Facebook
Livro de visitas Twitter