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As Brincadeiras

Brincar é fazer amigos. Brincando, a criança desenvolve sua capacidade criativa, integra-se no mundo e aprende a viver.
Saber relacionar-se com outras pessoas de forma sadia requer um longo aprendizado. Em cada fase do seu desenvolvimento, a criança prepara-se um pouco mais para ser um adulto bem integrado socialmente.

Entre algumas tribos as mães faziam para os filhos brinquedos de barro não cozido representando figuras de animais e de gente, estas predominantemente do sexo feminino.

A tradição indígena das bonecas de barro não se comunicou à cultura brasileira; a boneca dominante tornou-se a de pano, de origem talvez africana. Mas o gosto da criança pelos brinquedos de figuras de animais é ainda traço característico da cultura brasileira, embora vá desaparecendo com a estandardização dessa indústria pelos padrões estadunidenses e alemão: brinquedos mecânicos. Entretanto nas nossas feiras do interior ainda se encontram interessantes brinquedos de figuras de animais: notadamente de macacos, besouros, tartarugas, lagartixas, sapos. E convém não esquecermos o costume indígenas de aves domésticas servirem de bonecas às crianças: ainda hoje pegar passarinhos pelo sistema indígena do bodoque ou pelo alçapão com rodela de banana, e criá-los depois, mansos, de não fugirem da mão, é muito do menino brasileiro.

Imitar
Arremedando sons de animais
Padre Cardim nota que os caboclinhos brincavam “com muito mais festa e alegria que os meninos portugueses”. Nestes jogos arremedavam vários pássaros, cobras, e outros animais, etc., os jogos são mui graciosos, e desenfadadíssimos, nem há entre elles desavenças, nem queixumes, pelejas, nem se ouvem pulhas, ou nomes ruins, e deshonestos”.
Da tradição indígena ficou no brasileiro o gosto pelos jogos e brinquedos infantis de arremedo de animais. Há ainda a bola de borracha usada pelo menino indígena num jogo de cabeçadas.
Moloque

Logo que a criança brasileira começava a andar, os pais davam-lhe por companheiro um molequinho. Isso sobretudo nas casas-grandes. O molequinho era um camarada dos brinquedos, mas também o leva-pancadas do ioiô.
O menino do tempo da escravidão parece que descontava os sofrimentos da primeira infância – doenças, castigos por mijar na cama, purgante uma vez por mês – tornando-se dos cinco aos dez anos verdadeiro menino-diabo. Seus jogos e brincadeiras acusam tendências sádicas. E não era só o menino de engenho, que em geral brincava de bolear carro, matar passarinho e de judiar com muleque: também o das cidades.
Mesmo o jogo de pião e no brinquedo de empinar papagaio achou jeito de exprimir o sadismo do menino das casas-grandes e dos sobrados do tempo da escravidão, e ainda corrente em algumas regiões, de “lascar-se o pião” ou de “comer-se o papagaio” do outro; papagaio alheio é destruído por meio de lascas, isto é, lâmina de vidro ou caco de garrafa, oculto nas tiras de pano do rabo. (hoje usam “cerol”, mistura de cola e vidro moído, na linha de empinar papagaio, que, além de romper a linha do papagaio do outro, causam ferimentos nas pessoas).

Nos próprios jogos coloniais de sala surpreendem-se tendências sádicas: no “jogo do beliscão”, taõ queridos das crianças brasileiras nos séculos XVIII e XIX, por exemplo. Oferecendo aos meninos larga oportunidade de beliscarem de rijo as primas ou os crias da casa, não é de admirar a popularidade de jogo tão besta:
“Uma, duas, angolinhas
Finca o pé na pampolinha
O rapaz que jogo faz?
Ó capão, semicapão.
Veja bem que vinte são
E recolha o seu pezinho
Na conchinha de uma mão
Que la vai um beliscão...”
Brincando
Através dos folguedos e jogos, a criança aprende desde cedo a relacionar-se com o mundo, com seus semelhantes, a incorporar novas concepções e padrões de comportamento. Realiza, enfim, um aprendizado social. E isso é indispensável para que ela cresça física e, sobretudo, mentalmente.
Durante todo o primeiro ano de vida, os adultos dominam o interesse do bebê. Mas, a partir daí, as outras crianças, antes olhadas com indiferença, vão ter um papel cada vez mais importante na sua socialização. Nesse período, a criança já briga com outra na disputa de um objeto e aparecem indícios do uso social dos brinquedos. Dois meninos conseguem, por exemplo, brincar em conjunto com uma bola, rolando-a de um para outro.

No interior a criança também aprende nos grupos de brinquedo. Os meninos, construindo seus próprios brinquedos, caroços de mamona ou manga verde, com quatro pernas de palitos são transformados em bois; caixas de fósforos se transformam em carros ou casinhas.

Nas ruas, à noitinha, crianças em bandos brincam de rodas. Ai se ouvem os brincos cantados, tradicionais em todo o Brasil, apenas com algumas variações locais. São as meninas de oito a doze anos as componentes dessas rodas infantis. Os meninos quando muito novos, ainda integram esses grupos porque logo mais crescidos, preferem os seus.
Os meninos brincam de cavalinho de pau, cavalgando um cabo de vassoura. Os mais velhos preparam suas pequenas jangadas ou barcos veleiros e os lançam nas poças d’água ou mesmo no rio. À noite brincam de “manzoá”, entre outros. À tarde, à sombra de alguma árvore, brincam jogando bolinha de vidro, é o jogo da chimbra.
Brincando






Há um brinquedo muito freqüente entre as crianças principalmente das zonas de brejo que é o seguinte: apanham um inseto chamado “cachimbáu”, a amarram uma linha e quando o cachimbáu voa, correm acompanhando-o.
As crianças, desde os verdes anos da vida aprendem a jogar cartas, baralho, na rua. Numa rodinha, quatro meninas jogavam baralho. Estavam jogando “três sete”.

Manzoá
Preferido pelos meninos de 10 a 14 anos, neste jogo pode-se perceber a nítida influência cinematográfica: ‘Manzoá” (mãos ao ar) – o grupo é composto de três bandidos e quatro “artistas”. Os meninos todos vão se esconder, tendo às mãos um revolver de brinquedo, comprado ou feito de um pedaço de madeira. Os “artistas” (ou “mocinhos”) tem de vencer os “bandidos” e assim que os vejam gritam: “Manzoá”.

Primeiros Amigos
Entre dois e cinco anos de idade, as crianças formam suas primeiras e frágeis amizades, geralmente com outras do mesmo sexo. O comportamento infantil nas relações dessa fase pré-escolar é muito mais amistoso do que hostil; se às vezes as crianças demonstram certa agressividade ou exigência de atenções isso apenas significa que ainda desconhecem formas mais favoráveis de estabelecer contatos sociais. Em função das relações dos pais, aproximam-se das crianças vizinhas ou de filhos de amigos da família. Todavia, as crianças não se fixam, e muitas vezes os amigos duram enquanto dura uma brincadeira, e geralmente não tem efeitos duradouros nem importantes sobre a personalidade da criança.

Na idade escolar é que surge a tendência para ligações mais constantes e apenas com alguns escolhidos. Estes, quase sempre da mesma idade, encontrados entre os vizinhos ou colegas de escola, em geral da mesma classe social.Dos seis aos oito anos, os meninos e meninas brincam juntos normalmente, ignorando as diferenças de sexo. Mas, daí em diante, decrescem rapidamente os relacionamentos entre crianças de sexos opostos; aos dez ou onze anos, nas festas e atividades esportivas, meninos e meninas praticamente se ignoram mutuamente.
Os primeiros amigos
"Batendo bafo" com figurinhas
Época dos apelidos. das cantigas e brincadeiras de roda; dos trava-línguas, adivinhas e parlendas; dos contos de fada, principalmente dos contos dos irmãos Grimm: Rapunzel, João e Maria, O alfaiatezinho valente, Cinderela, Chapeuzinho Vermelho, Os músicos de Bremen, O Pequeno Polegar, A bela adormecida, Branca de Neve, O ganso de ouro, entre outros (de preferência traduzidos do original e não das adaptações que deformam o conteúdo pedagógico), e que deveriam ser contados de viva voz num ambiente completamente descontraídos, nunca deveriam ser lidos e, muito menos, transmitidos por intermédio de discos; passada esta fase vem as estórias de animais, fábulas e lendas, e em seguida os mitos.
(veja também Jogos e Brinquedos, e Literatura / apelidos)

Fontes : O mundo da criança (vários artigos) in Livro da Vida, Vol 1 - São Paulo: Abril S.A. Cultural e Industrial, 1974.
Casa Grande e Senzala / Gilberto Freyre - São Paulo: Círculo do Livro S. A., s/ data.
Casa-Grande & Senzala em quadrinhos / Gilberto Freyre; desenhos de Ivan Wasth Rodrigues; quadrinização de Estevão Pino, - 3ª reimp. - Rio de Janeiro: Ed. Brasil-América, 1985

Escorço do folclore de uma comunidade  – Alceu Maynard Araújo in Revista do Arquivo Municipal CLXVI – Departamento de Cultura da Prefeitura do município de São Paulo, 1962
Roda de crianças: Ilust. de Heliana Brandão in O Livro dos jogos e das brincadeiras: para todas as idades / Heliana Brandão, Maria das Graças V. G. Froeseler. - Belo Horizonte: Editora Leitura, 1997.
Um homem precisa de amigos in Livro da Vida, Vol. 3. - São Paulo: Abril S.A. Cultural e Industrial, 1974.
A Pedagogia Waldorf / Rudolf Lanz. - São Paulo: Antroposófica, 1986


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