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Na casa secreta dos homens processava -se uma verdadeira educação moral e técnica do menino: o seu preparo para as responsabilidades e privilégios de homem. Aí se iniciava ele nos mistérios mais sutis da técnica de construção, da caça, da pesca, da guerra, do canto, da música; em tudo que de magia e de religião tocasse ao leigo aprender. Aí
ao contato dos mais velhos,
ele se impregnava das tradições da tribo. Era um
processo rápido mas intenso de educação, a
doutrinação e o ensino agindo sobre verdes noviços
em estado de extrema sensitividade, conseguida a poder de jejuns,
vigílias e privações. De modo que não
havendo castigo corporal nem disciplina de pai e mãe entre os
indígenas do Brasil – de que tanto se espantaram os
primeiros cronistas – havia, entretanto, essa severa disciplina, a
cargo principalmente dos velhos. Conta o padre João Daniel de
outro missionário, seu conhecido, que mandando um dia, logo ao
amanhecer, indagar de uns gritos de menino que tinha ouvido de noite,
soube que era “F, que toda a noite esteve dando pancadas e tratos a
seu sobrinho para o fazer valente, animoso e reforçado”. |
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Não
viu neles
nenhuma elasticidade de inteligência, nenhuma curiosidade de
espírito nem mesmo boas maneiras. Poucos asseados. Quanto ao
ensino, parece que exclusivamente eclesiástico. Os professores
pouco versados em ciência. Entretanto, por essa mesma época,
o ilustre bispo Azeredo Coutinho imprimia no Seminário de
Olinda feição bem diversa da que Luccok observara no
Seminário São José, no Rio.
Até meados do século XIX, quando vieram as primeiras estradas de ferro, o costume nos engenhos foi de fazerem os meninos os estudos em casa, com o capelão ou com mestre particular. As casas-grandes tiveram quase sempre sala de aula, e muitas até cafua para o menino vadio que não soubesse a lição. Muitas vezes aos meninos se reuniam crias e muleques, todos aprendendo juntos a ler e a escrever; a contar e rezar. Noutros engenhos cresceram em igual ignorância meninos e muleques. Registros de Alceu Maynard Araújo na comunidade de Piaçabuçu, na região Nordeste do Brasil, por volta de 1950: Na família se desenrolam em miniatura quase todas as atividades desenvolvidas pelos membros da sociedade, sendo portanto uma escola de preparação para a vida social. A preparação para a vida começa a ser dada pelos pais e coadjuvada pelos demais membros da família: irmãos mais velhos, tios, avós.As primeiras palavras, são ensinadas pela mãe, que também os inicia no saborear dos primeiros manjares, após o período do aleitamento. É a mãe que os ensina a rezar: “Balbina ensina seus filhos a rezar, isto fazendo quando se levantam e deitam. Nestas orações – Padre Nosso, Ave Maria, Anjo do Senhor – diz a eles que peçam saúde aos pais, avós, irmãos e pelo vovô Quincas, falecido há pouco. Inicia, portanto, a criança nos caminhos da religião tradicional. Em
casa vai a criança aprendendo os hábitos alimentares, as
normas de comportamento.
Provérbios
O uso de provérbios é bastante disseminado e as repetição deles pelos país é uma forma de ensino. Miguel, ensinado seu filho, a fazer qualquer coisa que recomendara, em tom enfático disse para o menino: “Quem não sabe rezar, xinga a Deus”. Chegou o mais velho chorando, brigara na rua. O pai só disse ao filho desobediente, que se ausentara da frente da sua casa: “Cobra que muito caminha leva pau”. Caíram as manivas de mandioca no chão. O velho Pedro Castro pediu para seu neto colocá-las no samburá. O menino fez uma verdadeira sujeira na sala. Contrariado, Pedro Castro disse: “Serviço de menino é pouco e quem pede é loco”. A criança também aprende nos grupos de brinquedo. |
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