Menino ou menina?
Há indícios, segundo várias senhoras entrevistadas, que podem predizer ser homem ou mulher o filho esperado. Se a mulher fica com “panos” (manchas roxas) “tontice” (tonturas), se transforma, sente dores no estomago o filho será homem. Se a “coroa” ao redor do bico do seio ficar muito preta será homem. Se a mulher engordar muito, ficar “quartuta”, “cadeiruda”, será mulher.

Determinar ou prever o sexo da criança, durante o período da gravidez, é uma tradição eminentemente popular por toda a Europa. Portugal foi o nosso fornecedor geral. A maioria total das crendices nessa espécie corre igualmente entre a gente portuguesa, como é comum e diária entre espanhóis, franceses, italianos, suíços, belgas, holandeses, etc. Certamente não haverá elemento científico no assunto, e sim, nalguns casos, observações pessoais, que se tornaram populares, conversas de velhas parteiras, amigas de confidência.

Cláudio Basto reuniu em Portugal uma coleção excelente (“Determinismo e Previsão do Sexo”, Águia, nº 7, vol. XXII, Porto, 1923). Por esta fonte, Câmara Cascudo, verificou a procedência portuguesa de nossas superstições na tese:

Ferver um quiabo, se abrir depois da fervura: menina; se fica fechado: menino.
Dar um talho num coração de galinha e cozinhá-lo; se o coração conserva o talho aberto é menina; ao contrário: menino.
Põe-se uma folha de salsa na chapa do fogão; se a folha encrespa com o calor, encolhendo, será uma menina; conservando-se mais ou menos lisa, menino.
Pergunta-se à senhora, bruscamente: que tem na mão? Se ela, instintivamente, olhar para a mão direita: menino; esquerda: menina.
Subindo uma escada, pondo o pé direito, menino; pé esquerdo: menina.
O primeiro movimento do feto para o lado direito, menino. Nesse particular os motivos são variados, sempre atendendo ao convencional direito-homem, esquerdo-mulher.
Se o ventre da grávida for pontudo, saliente para diante, é menino; se crescer para os lados, transversalmente, ou for arredondado, é menina.