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Na sua simplicidade,
a cozinha mineira
é extremamente rica, e vai do bambá de couve, que
aquece as noites geladas de Ouro Preto e lembra o caldo verde dos
portugueses, ao feijao-de-tropeiro com torresmo e ao tutu com
linguiça; do lombo de porco assado com farofa à
canjiquinha e ao frango com quiabo e angu; da carne seca desfiada com
tutu ou abóbora à galinhada predileta dos curvelanos.
Viajantes de gosto apurado, como Saint-Hilaire e Burton, queixaram-se às vezes da comida rotineira, do excesso de gordura ou da insistência – que julgavam exagerada – na carne de porco e nos derivados do milho, mas não deixaram de saborear até mesmo um simples mexido, ou “mexeriboca”, como diz Burton: galinha e carne, feijão, arroz, farinha e molho de pimenta, tudo misturado. Descrevendo uma refeição, feita na casa de um homem simples, diz Saint-Hilaire: “A fartura de sua mesa não condizia com a pobreza de seus alojamentos. A comida era abundante e seria considerada excelente em qualquer país”. E, desta vez, havia até “um pãozinho saborosíssimo, o que era realmente uma raridade”. Seria um pão de queijo, esta iguaria que os brasileiros de todas as regiões procuram hoje imitar? Outra grande conhecedora da culinária mineira, Maria Stella Libânio Christo, autora de vários livros e convidada por Fidel Castro para ir a Cuba lhe ensinar receitas de bem-comer, foi buscar nos séculos XVIII e XIX as quitandas e quitutes que eram servidas nas casas senhoriais, de janeiro a dezembro, nas festas e dias santos ou nas manhãs comuns, e revelou aos leigos um mundo de segredos que também é parte de Minas. A
diversificação da
agricultura e a integração de Minas aos mercados
produtores e consumidores nacionais alteraram, é claro, muitos
hábitos. Pratos tradicionais deixaram de frequentar certas
mesas mais sofisticadas, o lombinho com farofa foi acusado de todos
os crimes, o modismo da refeição leve substituiu a
consistência das carnes de antigamente, mas Minas reagiu. |
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